segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um Método Perigoso no Cineclube Indaiatuba


Mortensen como Freud e Fassbender como Jung

O filme do Cineclube Indaiatuba de amanhã será “Um Método Perigoso”, em que David Cronenberg aborda a relação entre Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Gustav Jung (Michael Fassbender), intermediada pela paciente e depois colega psicanalista Sabina Spielrein (Keira Kneightley). A sessão está marcada para o Multiplex Topázio do Shopping Jaraguá às as 19h30, com ingresso único a R$5, e bate-papo logo após a projeção.
Em Zurique, no ano de 1904, o psiquiatra Carl Jung, está em início de carreira e vive com a esposa grávida, Emma, no hospital Burgholzli. Inspirado no trabalho de Sigmund Freud, Jung tenta o tratamento experimental de Freud, conhecido como psicanálise ou "a cura pela fala", em Sabina Spielrein, de 18 anos.
Sabina é uma russa bem educada que fala fluentemente alemão e foi diagnosticada com histeria, e é conhecida por ser destrutiva e violenta. Nas conversas com Jung, ela revela uma infância arruinada pela humilhação e as surras do pai autoritário. A psicanálise revela um elemento sexual perturbador à disfunção dela, o qual sustenta as teorias de Freud, ligando a sexualidade e as desordens emocionais.
Por meio da correspondência dele sobre o caso de Sabina, Jung cria uma amizade com Freud e o primeiro encontro deles é em uma maratona do assunto. As relações aprofundam se entre Jung e Freud, que vê o mais jovem como seu herdeiro intelectual, e entre Jung e Sabina, que é brilhante, apesar de sua enfermidade. O tratamento dela é bem-sucedido e Sabina aspira uma carreira como psiquiatra com o incentivo de Jung.
Freud pede que Jung trate de um amigo psiquiatra, Otto Gross (Vincent Cassel), a quem descreve como um imoral consagrado e viciado em drogas. Jung fica intrigado pelos argumentos provocadores e inteligentes de Gross contra a monogamia. Depois de ser influenciado por Gross, Jung deixa de lado a própria ética e cede aos sentimentos que nutre por Sabina. Eles dão início a encontros sexuais secretos, violando a relação médico/paciente.
Keira Knigthley interpreta Sabina, paciente e amante de Jung

David Cronenberg, conhecido no início da carreira por seus filmes e terror (“Scanners”, “A Hora da Zona Morta”, “A Mosca”), sempre manifestou interesse pelas perversões segundo o ponto de vista psicanalítico (“Enraivecida pela fúria do sexo”, “Videodrome”, “Gêmeos – Mórbida semelhança” e, principalmente, “Crash – Estranhos prazeres”). Desta vez, ele vai à raiz, adaptando a peça de Christopher Hampton, The Talking Cure.
É irônico – ou ato falho? – que o principal motivo para o rompimento entre Freud e Jung tenha sido o que o segundo considerava demasiada importância que o primeiro dava ao sexo na formação do inconsciente. Enquanto o fundador da Psicanálise fosse um pai família pequeno burguês típico, o suíço era sensual por natureza, tendo se relacionado intimamente com várias pacientes (o que causava horror a Freud, mesmo que ele mesmo tenha violado a ética psicanalítica ao analisar sua própria filha Anna).  A defecção de Jung foi a mais dolorosa para Freud, a ponto de ter originado o célebre texto sobre Moisés de Michelangelo, que retrata o furor do líder dos hebreu logo após descer do monte Sinai com as tábuas da lei e encontrar seu povo entregue à idolatria.
No roteiro, Sabina tem um papel importante tanto na aproximação quanto no rompimento entre os dois psicanalistas, além de contribuir para a teoria dos arquétipos feminino e masculino de Jung e para o conceito de instinto de morte de Freud.

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