terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

E agora, o que fazer, secretária? (publicado em Gente etc de 10 de janeiro)

Marquei uma entrevista com a secretária de Cultura, Erika Novachi para quinta, às 11 horas, e ao chegar vejo sair de sua sala o colega Fábio Alexandre. Não devia  me surpreender, já que somos os únicos militantes do jornalismo cultural na cidade. Uma entrevista com a secretária da área é uma pauta óbvia.
Só que não fui fazer exatamente uma entrevista, e sim conversar, cutucar e até cobrar. Afinal, com 12 anos à frente da Cultura do Município, ela não precisa de tempo para se adaptar à máquina e espera-se que mostre avanços na área. Erika está muito animada com a volta de Reinaldo Nogueira à Prefeitura, e recebeu do próprio a promessa que o principal equipamento cultural da cidade – o Ciaei – passará a ser mais dedicado à destinação pela qual foi construído, ser um teatro, e não tanto através da qual foi viabilizado, a Educação, que, por sinal, já é muito bem equipada.
Além do Ciaei, a cidade conta hoje com o Teatro do Instituto Deco 20, e a secretária já agendou uma reunião com os responsáveis para estudar uma possível parceria. “Só não posso pagar aluguel pelo espaço”, adianta. Esperemos que uma ação conjunta possibilite a vinda de espetáculos que não sejam apenas de humor.
Se a Virada Cultural ano passado foi um sucesso, o Circuito não foi e, em princípio, foi suspenso em Indaiatuba. “Fiquei sabendo disso pela sua coluna”, revela. “Na verdade, nós pegamos o ‘bonde andando’ e as datas acabaram se encavalando em fins de semana seguidos, o que prejudicou a divulgação. Mas eu falei com o Reinaldo e ele pediu para que o Rogério intervisse junto ao governo do Estado para manter a programação em Indaiatuba este ano”. Um projeto que traz Antonio Nóbrega e tantos outros artistas com entrada franca não dá para desperdiçar.
Um ponto polêmico envolvendo os espetáculos no Ciaei é a obrigatoriedade da troca de ingressos por kits de alimentos e higiênicos. Muitos acabam não indo aos eventos por causa disso e outros acabam ficando na porta do teatro por terem esquecido ou não conhecerem o processo. “Mesmo que fosse para direcionar para entidades assistenciais, não posso cobrar um centavo de espetáculos organizados pela Secretaria. Para cobrar ingresso, mesmo simbólico, teria que haver uma fundação intermediária para administrar o dinheiro”, explica. Na verdade, tudo o que é de graça acaba não sendo devidamente valorizado, e essa pode ser uma solução inclusive para gerar alguma renda para comprar instrumentos e equipamentos para os grupos e oficinas mantidas pela Secult.
Aliás, a descentralização das oficinas culturais é uma das metas da secretária. “Já fazemos um trabalho nas escolas de bairro. Acho que temos que sair do centro mesmo e ir para a periferia, pois as pessoas tem problemas para se deslocar até aqui”, afirma. Erika, inclusive, revelou que tem um projeto de criar uma biblioteca ambulante, montada em um ônibus que percorreria a cidade. “Não se trata apenas de levar livros até os bairros, mas atividades que estimulem a leitura, como oficinas e contadores de estórias”.
Como ainda aguarda o uma reunião para definir as prioridades com o prefeito, a secretária fez mistério de alguns projetos engatilhados, mas adiantou outros. Por exemplo, o plano de unir o Setembro em Dança – que passaria a ter outro nome, como o Passo de Arte. “As academias fariam apresentações comentadas por especialistas durante o Passo, que podem ser competitivas ou não. O objetivo é fazer com que os grupos locais evoluam”, explica. Outro ganho interessante com a fusão é levar o público indaiatubano a assistir a uma mostra de alto nível como é o Passo de Arte.

Video

Erika ainda pretende organizar uma mostra com o acervo audiovisual de Rubens Bonito, recentemente adquirido pela Secretaria da Cultura (Secult). O material reunido pelo documentarista é lendário, reunindo registros fotográficos dos anos 30, passando por filmes e vídeos que abrangem o final dos anos 40 até a proximidade de sua morte, dois anos atrás. Mais curioso ainda o fato de que nem amigos próximos dele tiveram acesso a essas imagens. O material já foi todo digitalizado e Erika pretende editá-lo e organizá-lo em segmentos temáticos para serem exibidos ao público.

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