O início do debate, em foto da colega Samanta de Martino postado no Facebook |
O Debate entre os candidatos a prefeito de Indaiatuba, que
aconteceu ontem, dia 20, na Faculdade Max Planck, foi um momento histórico na história
da cidade. Organizado pela instituição de ensino em parceria com a 113ª Subseção
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o evento foi transmitido com
exclusividade pela TV Sol Comunidade, que se por um lado constituiu um desafio
técnico e, por que não dizer, de credibilidade para a emissora, por outro deixou de fora
a imensa maioria do eleitorado, já que apenas assinantes da NET tem acesso á
sua programação. Uma abertura para transmissão on line daria uma importância e
alcance muito maior. Mas não dá para excluir o componente comercial da equação,
já que não deixa de ser um programa de televisão, que tem que se pagar.
Todos os candidatos compareceram: o favorito Bruno Ganem (PV), o situacionista Nilson Gaspar (PMDB), Rinaldo Wolf (PT), Gervásio Silva
(PTB) e Emanoel Messias (PMN). Isso
provavelmente não aconteceria se a iniciativa fosse somente da TV, já que nesse
caso, o mediador seria o “repórter” policial Rubinho Queiroz. Obviamente, como
me informaram os irmãos Flavia Vaz e Caio Guimarães, que chefiam a redação da TV Sol, isso foi descartado após o
escândalo do vazamento do áudio em que o “repórter” foi flagrado maquinando em favos do
candidato Nilson Gaspar (PMDB). A organização da Max Planck com o aval da OAB deu
um caráter se isenção ao debate, que aconteceu de forma democrática e dentro
das regras pré-estabelecidas e aceitas por todos os participantes. O senão foi
o atraso de 45 minutos, que carregou toda a programação até altas horas.
Esse tipo de encontro serve para que os postulantes apresentem
suas ideias e mostrem a que vieram na campanha. Assim, Ganem demonstrou preparo
para expor suas propostas, ideias novas e uma agressividade moderada contra o
ponto fraco da atual administração, que são os processos criminais de corrupção
que levaram o prefeito licenciado Reinaldo Nogueira para a cadeia e envolvem o
próprio candidato Gaspar, que teve o sigilo bancário quebrado pela Justiça. Foi aplaudido quando citou o sumiço dos R$ 53 milhões aplicados pela atual administração em um banco posteriormente liquidado pelo BC, contrariando a legislação, e o que poderia ter sido feito com esses recursos. Sublinhou por diversas vezes seu conceito de Cidade Inteligente, que por meio
da tecnologia pretende maximizar os recursos e agilizar o atendimento à
população. Com esperteza, usou algumas perguntas, até de adversários, para falar de seu próprio plano de governo, como um veterano em debates. Oito anos de trabalho legislativo valem alguma coisa.
Gaspar por sua vez, embora
bem treinado, como Ganem, a usar todo o tempo disponível, demonstrou muito nervosismo a princípio,
já que é neófito em campanhas eleitorais e insistiu no discurso da continuidade,
de que em time que está ganhando não se mexe, o que até faria sentido não fosse
a prisão de seu padrinho e mentor, em um processo de desapropriações fraudulentas, o que significa corrupção administrativa. E o nome da coligação é "Reinaldo Nogueira". Gaspar também não teve resposta à acusação de Gervásio sobre a
participação de integrantes da mídia, em tese isenta, em sua campanha, revelada
no mesmo escândalo de vazamento de áudio supracitado. Em vez disso, repetiu a história de que Bruno tem por trás de sua candidatura os irmãos José Carlos e Flávio Tonin, ambos ex-prefeitos, para quem não conhece a história da cidade. A comissão julgadora formada por diretores da OAB local indeferiu o
pedido de resposta pedido pela assessoria de Ganen, talvez porque seus integrantes também já
estivessem cansados, como todos, e concluíram que a afirmação de Gaspar não significa nada e já é desespero de causa de quem estava oito pontos atrás na última pesquisa divulgada.
Gervásio ainda remói a defenestração da Secretaria da
Habitação, e sua agressividade tornou o debate muito mais interessante.
Insistiu em sua experiência como empresário e gestor da pasta da Habitação na
administração passada, quando se licenciou para se candidatar a vereador, a
pedido do prefeito Reinaldo Nogueira, e quando obteve a maior votação para a
chapa situacionista, não teve o cargo de volta. Isso o levou a uma posição de
quase oposicionista na Câmara e ao lançamento de sua candidatura a prefeito. Sua
posição em quarto lugar na pesquisa do Jornal Todo Dia, divulgada no último dia
8, deve tê-lo decepcionado. Foi quem mais insistiu na corrupção da atual
administração, ainda que seus dois irmãos tenham sido presos no mesmo processo policial que envolveu Reinaldo e seu pai, Leonício.
Rinaldo Wolf (PT), por sua vez, surpreendeu na mesma pesquisa
ao despontar em quarto lugar. Sua participação no debate, no entanto, foi uma
decepção. Limitou-se a defender os governos Lula e, principalmente, Dilma
Roussef, mandou um “Fora Temer!” e apresentou como sua prioridade de governo o
velho Orçamento Participativo. No contexto atual do seu partido, é como uma
freira pregando no bordel.
É difícil saber a motivação de Emanoel Messias (PMN) em
concorrer à Prefeitura. Foi vereador uma vez, não se reelegeu, não tem
proposta, acha boa a atual administração e, em resumo, não disse a que veio.
Muitos esperavam ver mais sangue, com um confronto direto
entre os dois principais concorrentes, Bruno e Gaspar. Dentro das regras eleitorais,
a forma como se deu o debate se Indaiatuba é um modelo do qual não se pode
fugir muito. É democrático dar espaço igual a todos, mesmo aos que não tem
chance, mas resulta nessa chatice. Entre os principais eleitorados, ninguém vai
mudar o voto por causa do que assistiu ontem, o que é bom para quem está na
frente. No máximo, o Gervásio vai ultrapassar o Rinaldo na próxima pesquisa, o
que também não vai mudar nada. Mas a democracia, de um modo geral, ganhou com o debate. Pontos para a a Max Planck, OAB, TV Sol Comunidade e para os candidatos, que não fugiram da raia..