quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A volta de Felipão

Havia decidido escrever uma crônica por semana para reativar este blog, abandonado por conta da demanda de serviço do Light na Night, meu atual ganha pão (que vai muito bem, obrigado, graças aos leitores e anunciantes que o prestigiam). Por conta disso, acabei virando no últimos meses mais colunista social e fotógrafo que antes, praticamente abandonando o texto, que é meu ofício.
O retorne de Luis Felipe Scolari me deu o assunto perfeito para este retorno. Falou-se muita bobagem a respeito, como, por exemplo, que em dois anos dirigindo o Palmeiras, ele "só" ganhou a Copa do Brasil. Em treze anos, os dois únicos títulos importastes do Alviverde Paulistano foram a Libertadores de 1999 e esta última Copa do Brasil, ambas dirigidas por Felipão. Quanto ao rebaixamento no Campeonato Brasileiro, ele foi o primeiro a dizer do perigo de cair, ainda no calor da vitória no torneio que da acesso direto à Libertadores do ano quem vem. Como duas diretorias ineptas, falta de dinheiro para contratações e um elenco medíocre que passou a achar que era o Barcelona por conta do título do primeiro semestre, o técnico pouco pode fazer.
Agora, por mais que considere Felipão muito superior a Mano Meneses tanto em bagagem, quanto em caráter, ele terá que superar uma escrita maldita. Nunca na história desse País um técnico conseguiu ganhar duas Copas do Mundo, muito pelo contrário: a demais tentativas após a consagração sempre acaba em desastre. Começamos com Vicente Feola, técnico campeão do mundo em 1958, que não dirigiu a seleção em 62 por motivos de saúde, mas foi o comandante do vexame de 1966, a primeira desde 1938 em que o Brasil saiu na primeira fase (na verdade, nunca mais fizemos uma campanha pior desde então). O injustiçado Zagalo, que muita gente acha que herdou o time pronto de João Saldanha (não é verdade: a equipe que do Tri era muito diferente da que disputou as Eliminatórias), foi para a disputa na Alemanha em 1974 certo que seria Tetra. Foi superado pela Laranja Mecânica holandesa de Rinus Mitchell e Johann Cruyff, e ainda perdeu o terceiro lugar para a Polônia de Lato. Em 1998 ele ganhou outra chance, que terminou no ainda inexplicado piripaque de Ronaldo às vésperas da final, que Zidane e companhia venceram por humilhantes 3 a 0.
Parreira ganhou a nova Taça Fifa (a Jules Rimet, como sabemos, ficou definitivamente por aqui, na forma de lingotes, anéis, correntes ou seja lá o que mais os ladrões e receptadores fizeram com ela) pela primeira vez para o Brasil em 1994, com um time criticado como retranqueiro, que dependeu muito da ótima forma de Romário na época. Tentou se redimir diante da torcida em 2006 montando um Dream Team, que foi à Copa da Alemanha como se as partidas fossem um mero compromisso burocrático a ser cumprido antes de levantar a taça. Novamente, Zinedine Zidane nos deu um choque de realidade nas quartas-de-final, com direito a chapéu em cima de Ronaldo.
Até mesmo Tele Santana, que formou a seleção que encantou o mundo em 1982, fez uma segunda Copa melancólica em 86, cujo o momento mais marcante foram os dois gols espíritas de Josimar e ainda tivemos que assistir Diego Armando Maradona carregar o time ás costas rumo ao segundo título mundial da Argentina.
A tradição, portanto, esta contra Felipão, e também a atual safra de jogadores, inferior á de 2002, 2006 e até mesmo 2010. Do time atual, o técnico gaúcho só trabalhou com Kaká, o novato do Penta que hoje é o veterano da equipe. Salvo uma contusão (toc, toc, toc) acho que ele está garantido na Copa. As estrelas devem ser as mesmas de Mano Menezes, mas a diferença estará no talento motivador, na expertise em mata-matas (se nos derem uma fase de grupos como a de 2002, melhor ainda) e na montagem do sistema defensivo.
Concordo que, no momento atual, Muricy e Tite estão em momentos melhores (alguém vê seriamente Abel Braga como campeão do mundo?), mas ambos se veem diante de desafios importantes em seus atuais clubes: o técnico do Santos á procura e um time que sobreviva sem Neymar e o do Corinthians em busca do inédito Mundial Interclubes. Felipão, desempregado desde que abandonou o Titanic palmeirense, era a escolha óbvia. Agora, terá que ser mantido mesmo que perca a Copa das Confederações (nunca uma equipe que venceu esse torneio de fancaria ganhou o que interessa, no ano seguinte), mesmo em casa e sob a pressão da mídia e da oposição, que mcomeça a se formar em torno do insatisfeito padrinho de Mano Menezes, André Sanchez.