sábado, 20 de agosto de 2011

A queda do Doutor Hélio

“Não basta a mulher de Cesar ser honesta, ela em que parecer honesta”. A velha máxima resume de certa forma a crise política em Campinas que resultou na madriugada e hoje na cassação do prefeito Helio de Oliveira Santos, o Doutor Hélio. Após uma administração que vinha agradando todas as camadas sociais da cidade (especialmente em comparação com as desastrosas gestões de Chico Amaral e Izalene Tiene), as denúncias de Luiz Aquino, ex-presidente da Sanasa – empresa municipal responsável pelo tratamento de água e esgoto de Campinas - , precipitaram uma série de eventos que culminaram com sua queda. Hélio ainda pode recorrer à Justiça, ms mesmo que consiga voltar ao cargo, sua situação política é insustentável, já que 32 dos 33 vereadores votaram contra ele.
O caso guarda muitos elementos em comum com o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, há quase 20 anos. Na ocasião, o delator do esquema de corrupção da chamada República de Alagoas foi o próprio irmão do chefe do Executivo Federal, Pedro Collor. A motivação deste para abrir o bico para a revista Veja foi a intenção do grupo do irmão mais poderoso de abrir um jornal em Maceió, que iria concorrer com o do próprio Pedro. Quer dizer, além de deixar o próprio irmão fora do esquema de "pedágios", Fernando ainda queria tira-lo da jogada no ramo das comunicações e, dizem, traçar a cunhada, a bela Tereza, eleita pela mídia como Musa do Impeachment. Também foi essa mais ou menos a motivação de Luiz Aquino, que havia sido demitido da Sanasa e alijado da boquinha que usufruiu por anos. Quer dizer, ele não quis ir para a cama com a primeira-dama Rosely Nassim Jorge Santos, mas disse que ela tratava pessoalmente com ele sobre as licitações e cartas marcadas e comissões resultantes. Não deixa de ser uma sacanagem também. Graças à delação premiada do ex-presidente da autarquia, o Ministério Público soube onde estavam enterrados os cadáveres do esquema e montaram um caso que resultou na prisão coletiva de diversos envolvidos, incluindo o vice-prefeito e provável substituto de Hélio, Demétrio Vilagra.
Ainda assim, a base aliada do prefeito de Campinas parecia sólida o bastante para resistir à pressão popular, em grande parte alimentada pela imprensa – notadamente a Rede Anhangüera de Comunicação e a afiliada da Rede Globo, EPTV. Até que, na segunda-feira, o advogado Ricardo Marreti entregou à imprensa e ao Ministério Publico a gravação de uma conversa telefonica com o vereador Aurélio Cláudio em que este revelava a existencia de um esquema de compra de votos para salvar o mandato de Hélio. A divugação da notícia na quarta-feira, véspera da sessão de votação do impeachment do prefeito, caiu como uma bomba nos meios políticos. Como indagou “candidamante” o apresentador do Jornal da EPTV, “será que agora não vai parecer que quem votar contra a cassação foi comprado?”.
O pivo do novo escandalo, Aurélio Cláudio, portou-se macunaimicamente, primeiro negando à imprensa que a tal conversa tenha existido, depois escrevendo uma carta pedido desculpas ao prefeito por ter falado demais e, finalamente, votando a favor do impeachment. Um caráter a toda prova.
Voltando ao caso Collor, com todos os caminhos das pedras apontadas por Pedro, a coisa só degringolou de vez quando a revista Isto É descobriu o motorista Eriberto França, que confessou ter distribuído diversos cheques do esquema de corrupção da camarilha do presidente. Diferente de Hélio de Oliveira Santos, Fernando Collor de Mello não chegou ao impeachment, pois renunciou antes.
O que vem a seguir? Demétrio Vilagra está tão ou até mais comprometido no escândalo que seu cabeça de chapa. Nada ligou diretamente o prefeito ao esquema de corrupção, mas ninguém leva a sério a possibilidade dele ignorar que sua mulher liderava a quadrilha dentro de sua propria casa. Ou seja, Hélio caiu porque, se ele participou usando Rosely como testa-de-ferro, foi corrupto; se não participou mas permitiu, foi conivente. Nos dois casos fica caracterizada a impropidade administrativa. No caso do vice hora em exercício, há indícios forte de sua participação direta, o que significa que esta novela, ao contrário de Insensato Coração, ainda não acabou.

sábado, 13 de agosto de 2011

O Último Tango em Paris

O terceiro volume (porque os dois primeiros saíram juntos semana passada) da Coleção Folha Cinema Europeu teoricamente sai amanhã, mas já pode ser encontrado nas bancas de Indaiatuba hoje. Trata-se de O Último Tango em Paris, filme que fiou famoso por causa do uso heterodoxo da manteiga. De fato, o que era ousado em termos de sexo ficou ultrapassado diante da sacanagem que rola hoje (Se bem que, em cinema, vivemos ciclos alternantes de liberalidade e moralismo. Hoje, estamos no segundo caso.).
Se o sexo sem amor virou lugar comum, o que fica desta obra é atuação de Marlon Brando, talvez a maior de sua carreira. Para variar, ele não decorava as falas, ms improvisava muito, inclusive na célebre cena da manteiga (parece que ele mesmo costumava usa-la como lubrificante) e do monólogo diante do caixão da mulher - só comparável ao que ele havia feito em Um bonde chamado desejo. Também admirável a fotografia do mestre Vittorio Storaro, inspirada nos quadros de Francis Bacon. A então jovem Maria Schneider, morta em fevereiro deste ano, não fez muitos filmes depois, mas trabalhou em Passageiro: Profissão Repórter, com ouro grande diretor italiano - Michelangelo Antonioni - e outro espetacular ator americano - Jack Nicholson, antes de entrar no piloto automático.
Rubens Edwald Filho fez uma admirável análise do filme para comentar seu lançamento em DVD, sem bem que deve ser uma colagem de diversos artigos que ele escreveu a seu respeito ao longo do anos (repare que há muitos trechos repetitivos) mas ainda assim, vale a pena.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Família Monarca


Por Harue Kimura

O pesquisador americano Stephen R. Covey fala da construção de uma “Bela cultura familiar ‘Segundo ele, existe (a cultura familiar) quando os membros da família, de uma forma profunda, sincera e verdadeira, apreciam ficar juntos, compartilhando crenças e valores, agindo e interagindo, baseados nos princípios que regem a vida. Refere-se a uma cultura que se desloca do “EU para “OS NOS”. Ou seja, da intependência para a inter-dependência,
No domingo, dia 31 de julho, fomos, Marcos e eu à XXXV Festa Tradicional de Helvetia .Além da comida deliciosa, fiquei fascinada com a apresentação Folcloricas Grupo de Danças Lindental de Treze Tílias do estado de Santa Catarina (foto) como convidado especial.
Lindas jovens com trajes típicas e rapazes garbosos que num ritmo compassado com as mãos e sapateados espetaculares!. Haja fôlego, pensei. É necessário que a união, fortalecido com amizade, companheirismo e determinação para que as cambalhotas por cima de bancos e nas costas de seus companheiros agachados, dê certo. Quase todos os anos vou à festa da Helvetia .
Meus amigos Ana e Durval Bartolomai trabalham duro. Todo ano faço questão de ir até a cozinha para cumprimentá-los. Devido aos outros compromissos de Marcos, meu filho, tivemos de voltar.mais cedo.
 E por falar em Ana Bartolomai, depois de alguns anos de ausência, consegui carona com a Cleidil, irmã da saudosa Aydil Bonachela pude dar os meus parabéns pessoalmente e saborear quitutes que só se come lá. A casa ficou cheia de parentes, irmãs, sobrinhos e amigos.
Fiquei deliciada em ver tantas plantas em plena florescência !
As quaresmeiras amarelas estão floridas por toda a cidade de Indaiatuba e eu adoro a cor amarela. De todas as quaresmeiras são as amarelas que florescem por último.
As minhas azaléias rosas estão cheio de flores e digo palavras de agradecimentos “muito obrigado por florir”.
O meu maior desejo é ter uma Família Monarca. Ter mais dialogo, mais companheirismo, sem medo de errar em falar determinados assuntos. Ser vitoriosa em harmonia familiar, onde haja mais amor demonstrado. Sei que nós nos amamos. As vezes é tão bom ouvir “eu te amor”, (de vez em quando Rui Daisaku me surpreende dizendo as palavras mágicas – Bá, eu te amo ) “Sou grata (o) por você existir”. Será que estou querendo demais ? 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Doce Vida e Fitzcarraldo

A Folha vende sua coleção como sendo de filmes que transformaram o cinema em arte. Isso é verdade para a maior parte dela e, mesmo incluindo alguns filmes “menores”, arrisco a dizer que é a melhor seleção de DVDs lançada em bancas até hoje. A Doce Vida (1960), por exemplo, tornou Federico Fellini conhecido em todo o mundo, cirou o mito da Via Veneto, fez mulheres de todo o planeta sonharem em imitar Anita Ekberg na Fontana di Trevi (vide Elsa e Fred) e popularizou um termo usado até hoje: paparazzo. Também foi o  primeiro filme em que Marcello Mastroianni faz o alter ego do diretor. Isso sem contar as qualidades artisticas da obra que, se envelheceu enquanto ousadia iconoclasta e de costumes, permanece como grande obra-prima. É um dos filmes que gostaria de passar no Cineclube Indaiatuba mas que é muito longo para tanto. Portanto, comprem, que ainda levarão de brinde Fitzcarraldo (1982), que encerra e forma grandioda a mitica parceria entre o diretor Werner Herzog e o ator Klaus Kinski. Rodado em grande parte na Amazônia brasileira, tem as participações especiais de Milton Nascimento, José Lewgoy, Grande Otelo e gerou polêmica ao derrubar arvores centenárias para fazer a cena em que o navio sobe a montanha no muque (foto). Um documentário sobre as filmagens mostra o cineasta correndo atrás de seu protagonista de revólver em punho. Depois desse filme, Herzog nunca mais alcançou a  excelência alcançada nesse trabalho e em outros como Aguirre, A cólera dos deuses (1972), O Enigma de Kaspar Hause (1974), Coração de Cristal (1976) e Nosferatu (1979).

Coleção Folha Cinema Europeu

A Folha de S. Paulo começa a distribuir neste domingo a coleção de DVDs Cinema Europeu. Na primeira edição, um clássico absoluto, A Doce Vida (1960), de Federico Fellini e um grande filme, Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog. A coleção prossegue com O Último Tango em Paris (dia 14), de Bernardo Bertolucci; Cinema Paradiso (dia 21), de Giuseppe Tornatore; Morangos Silvestres (dia 28), de Ingmar Bergman; Volver (dia 4/09), de Pedro Almodovar; Asas do Desejo (dia 11 de setembro), de Wim Wenders;  Os girassóis da Rússia (18/09), de Vittorio de Sica; Hiroshima, meu amor (dia 25/09), de Alain Resnais; A Liberdade é Azul (dia 2/10), de Krzystof Kieslowski; O batedor de carteiras (09/10), de Robert Bresson; O deserto vermelho (16/10), de Michelangelo Antonioni; O encouraçado Potemkim (dia 23/10), de Sergei Einsenstein; Rocco e seus irmãos (30/10), de Luchino Viconti; Os incompreendidos (6/11), de François Truffaut; Lili Marlene (13/11), de Rainer Werner Fassbinder; Roma, cidade aberta (dia 20/11); Madame Bovary (27/11), de Claude Chabrol; Metropolis (4/12), de Fritz Lang; A Regra do Jogo (11/12), de Jean Renoir; Mamma Roma (18/12), de Pier Paolo Pasolini; Acossado (25/12), de Jean-Luc Goddard; A dama oculta (1º/01), de Alfred Hitchcock; Adeus, Meninos (08/01), de Louis Malle; e Mamãe faz 100 anos, de Carlos Saura (que encerra a coleção dia 15 de janeiro). Cada edição custa R$15,90 e vem com um livrinho. Para assinantes, a coleção vem de brinde. Como é uma rara oportunidade de escrever sobre grandes filmes, comentarei semanalmante cada lançamento da coleção