quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Morre o escritor J.D. Salinger aos 91 anos

da Folha Online

O escritor J.D. Salinger morreu aos 91 anos, "de causas naturais", em sua casa em New Hampshire, nos EUA.
Recluso havia muitos anos, o escritor não dava entrevistas nem se deixava fotografar.
O seu livro mais conhecido, "O Apanhador no Campo de Centeio", foi lançado em 1951.
O personagem principal do livro, o adolescente Holden Caufield, se tornou símbolo da geração de jovens do pós-guerra.
A obra foi um sucesso mundial, e vendeu mais de 60 milhões de cópias em todo o globo.
O anúncio da morte foi feito pelo filho do autor, a partir de um comunicado emitido pelo representante literário de Salinger, nesta quinta-feira.

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Sem dúvida alguma, uma das influencias mais poderosas sobre gerações de jovens e - segundo as teorias da conspiração - diversos assassinos solitários.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Disneylândia do Terceiro Mundo


Esta é mais uma nota saudosista. A Cidade da Criança, primeiro parque temático brasileiro, inaugurado em São Bernardo do Campo em 1969, foi reaberto após cinco anos fechado para reforma. A atração aproveitou as antigas instalações dos Estúdios Vera Cruz, a tentativa de montar uma Hollywood no Brasil, e nos anos 70 era um passeio e tanto em tempos pré-Hopi Hari e videogames. Seu toboágua era uma sensação até a abertura do Playcenter com sua montanha-russa, em 1973. A “cidade” propriamente dita é o cenário da novela Redenção, da falecida TV Excelsior, e que foi a mais longa exibida no Brasil. Com o tempo, o parque foi ganhando novidades como um simulador de uma nave espacial, um DC-3, um submarino que navegava sobre trilhos e a Mini-Amazônia, um passeio de barco por uma floresta com árvores típicas da região e animais de mentira que se mexiam (mal). Levei minha sobrinha ainda no século passado para conhecer um dos locais queridos da minha infância, e foi de dar dó a decadência e descuido com a manutenção.
A reforma incluiu pintura, restauração de brinquedos e recuperação da parte elétrica. Consumiu R$ 1,3 milhão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo, sob o comando do prefeito Luiz Marinho (PT). Na gestão anterior, do prefeito William Dib (à época no PSB, hoje no PSDB), a Secretaria de Educação gastou R$ 21 milhões. O Tribunal de Contas do Estado rejeitou a maior parte da prestação de contas. A administração atual diz que é preciso ao menos R$ 10 milhões para modernizar o parque. Para isso, a intenção é fazer parcerias com a iniciativa privada.
O parque tem entrada gratuita, mas, a partir da semana que vem, deve ser cobrado ingresso de R$ 2 para algumas atrações. A Cidade da Criança fica na rua Tasman, 301, Jardim do Mar, São Bernardo. Terça a domingo, das 9h às 17h.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mostra de Vinhos de Verão


Sábado, das 11h às 20h, a BrancoTinto promove mais uma mostra de vinhos, desta vez abordando opções para o verão. A sommeliére Josi Pieri ganhou como sócia esta semana Josete Leprevost (foto), que fez do Dona Olga num dos pontos mais agradáveis do Centro. Serão degustados nove rótulos do Brasil, Nova Zelândia, Chle, Argentina, Portugal e África do Sul a um custo de R$ 30, valor que poder ser reembolsado na compra de uma garrafa. Os vinhos que farão parte da mostra são das variedades Sauvignon Blanc, Chardonnay, Rose de Malbec, Muscat de Frontignon, Mourvedre, Antão Vaz, Arinto e Pinot Noir. A loja fica na estrada de Itaici, 655, em frente à Cantina da Gula.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Triangulo amoroso


A 67ª cerimônia do Globo de Ouro foi apresentada pelo comediante inglês Rick Gervais, que, ao contrário do que anunciou, só pegou pesado com Mel Gibson ao se referir ao problema de alcoolismo do astro. Muito melhor foi Robert De Niro ao introduzir o amigo Martin Scorcese, que iria receber o Prêmio Cecil B. de Mile por sua obra. “Nos primeiros 20 anos de nossas carreiras nós trabalhamos diversas vezes juntos. Nos últimos 20, passamos a nos apresentar mutuamente em diversas premiações, mas nos tornamos como aqueles casais que vivem suas vidas, continuam amigos mas não vão mais para a cama juntos”. Provavelmente porque Scorcese achou um "amante" mais jovem, Leonardo Di Caprio, com quem já rodou quatro filmes (Gangues de Nova York, O Aviador, Os Infiltrados e o recente A Ilha do Medo), contra os oito com de Niro (Caminhos Perigosos, Taxi Driver; New York, New York; Touro Indomável; Os Bons Companheiros; O Rei da Comédia; Cassino e Cabo do Medo). Não só numericamente, mas em termos de filmes memoráveis a parceria Scorcese-De Niro é muito mais significativa para o cinema. Dos oito títulos, três - Taxi Driver, Touro Indomável e Os Bons Companheiros - já são clássicos e um ainda será reconhecido como tal - Cassino - enquanto os quatro com Di caprio são contestáveis, apesar de uma recente revisão de Gangues melhorou em muito minha avaliação sobre ele.

Leituras


O livro já tem dois anos, mas além de ser encontrável nas LaSelva locais – onde o adquiri, aliás – é imprescindível para quem aspira ou quer se informar sobre o jornalismo cultural de algum modo. Pós-Tudo – 50 anos de Cultura na Ilustrada, de Marcos Augusto Gonçalves foi lançado pela Publifolha em 2008 por ocasião do cinquentenário do caderno de cultura da Folha de S. Paulo. Na sua origem, entretanto, a Ilustrada era apenas uma editoria de Variedades que incluía matérias de agências internacionais, coluna social, televisão e reportagens voltadas ao público feminino. Foi assim por toda a década de 60, quando lá reinava o colunista Tavares de Miranda. Só em meados dos anos 70, quando se esboçava uma abertura política e a turma do Rio, liderada por Tarso de Castro, chegou à Folha é que começou sua identificação com Cultura e muita irreverência. Mas a grande revolução aconteceu nos ano 80 e é impossível desvincular aquela década do caderno cultural do jornal dos Frias. Percebi que foi com a Ilustrada dos tempos de Pepe Escobar, Sérgio Augusto, Matinas Suzuki Jr., Inácio de Araújo, Joyce Pascowitch, Patrício Bisso, Angeli, Laerte, Glauco e – naturalmente – Paulo Francis é que comecei a me tornar jornalista, muito antes de militar na área. Ao mesmo tempo, o autor, que também teve importante passagem por aquela redação, relata os percalços e até o improviso em que se cozinhou a importante revolução da mídia cultural. Entre os anos 80 e 90 só era importante o que saía na Ilustrada, e isso tornou seus repórteres e articulistas ídolos, marketeiros e charlatães, tudo-ao-mesmo-tempo-agora. O livro tem o formato dos divertidos almanaques da Ediouro, inaugurados justamente pelo dos anos 80, e é uma viagem por aqueles tempos loucos que ajudaram a formatar a cultura nacional de hoje, mesmo que, neste novo século, a importância relativa da Ilustrada não seja mais a mesma. Mas foi bom enquanto durou.

Procuram-se bailarinos


O Balé da Cidade de Salto – Ponto de Cultura está com inscrições abertas para vagas remanescentes em cursos de dança. A idade mínima para participação é de sete anos e haverá, ainda, a formação de um grupo para pessoas com idade acima de 16 anos, sendo necessária prévia experiência.
Os interessados devem se dirigir à Casa da Cultura, que fica na Praça Antonio Vieira Tavares, 20 – centro. Pais de menores de idade deverão acompanhar os filhos no ato da inscrição, munidos de RG. O curso é gratuito e ocorre em diversos horários.
A iniciativa faz parte do projeto Caminhos da Dança, e é promovida pelo Balé da Cidade e a Secretaria da Cultura e Turismo, através do projeto Ponto de Cultura do Ministério da Cultura. Mais informações pelo telefone 4029-4718 ou 4021-0530.

Formatura on line


O ituano Lucas Leonardi Varin, 23 anos, vestiu o chapéu de “mestre cuca e o dolman, o jaleco branco dos chefs de cozinha, em seu quarto do hotel em Paris em que faz estágio. Mas não era para trabalhar mas para participar sua colação de grau no curso de Gastronomia do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio(Ceunsp), em Itu, via Skype. Ele surgiu num telão diante dos colegas reunidos no auditório da instituição de ensino. “A formatura é um momento muito especial para qualquer aluno e essa possibilidade me deixou muito feliz e com uma alegria única”, disse o aluno. Lucas deixou o emprego de eletricista em uma grande empresa para fazer estágio no Hotel Cazaudehore - La Forestière, em Saint-Germain–en–Laye, a 20 quilômetros do centro de Paris. E não se arrependeu. “Já conheci muitas pessoas importantes no meio da gastronomia e fiz vários cursos. Tem sido um crescimento muito grande”, atesta o formando, que já foi contratado para trabalhar em uma unidade do hotel Relais & Chateaux.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Crimes de imprensa

Qual é o principal argumento contra a pena de morte? É que no caso de um erro judicial, não se pode voltar atrás depois da sentença executada. Esse pensamento deveria nortear jornalistas, especialmente e casos envolvendo crimes. Por que uma vez publicado no jornal, veiculado na TV ou rádio, o veredito praticamente está selado. Publicar uma acusação gravíssima, sem ouvir o outro lado, é, no mínimo, irresponsável. O pior é quando o – ahã – repórter é reincidente no erro, sendo já reponsavel por uma crucificação pública que resultou no fim de um próspero negócio e numa família em frangalhos. Note que a acusação presente pode até ser verdadeira, sabe-se lá, mas quando apenas um lado de uma acusação criminal vai para a rua, o julgamento da comunidade já está feito.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Seleção natural

falcon

O norte-americano Jonah Falcon levava uma vida sossegada até aparecer num documentário de televisão nos Estados Unidos, em 1999. De lá pra cá, o rapaz passou a ser conhecido como o homem com o maior pênis do mundo.

O membro de Falcon mede 34 centímetros quando está ereto. O problema é que o bem-dotado está em crise. O rapaz de 39 anos não consegue emprego.

Se ele quisesse, seria fácil arranjar uma vaga em um filme pornô, mas Jonah quer ser levado a sério.

O americano quer trabalhar no cinema, mas não com algo relacionado a sexo. Ele deseja atuar em um filme. Ou, pelo menos, emplacar um de seus vários roteiros.

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ellen roche carnaval 2007

Outro dia Ellen Roche declarou que não quero mais fazer o estereótipo de loira gostosa. Waall…

Genética é destino, como diriam Paulo Francis e Charles Darwin.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Collor relembra o Domingo Negro



Na semana passada, o canal Globo News exibiu um programa especial em que Fernando Collor de Mello falou pela primeira vez á imprensa sobre seu governo e os acontecimentos que levaram ao seu impeachment. O ótimo blog de Geneton Moraes Neto, transcreve parte desse depoimento histórico e o coloca à disposição de quem não tem TV a cabo.
Na parte reproduzida abaixo, o primeiro presidente eleito pelo voto direto após a ditadura militar reconhece que, quando conclamou a população a se vestir verde amarelo no domingo seguinte para apoiá-lo e, ao invés disso, todo mundo saiu de preto, ele percebeu que tinha perdido a presidencia. Foi o chamado Domingo Negro, episódio estranhamento subestimado na cronologia histórica posterior à crise, uma manifestação espontânea, que não foi organizada por nenhuma organização ou partido. As pessoas simplesmente sairam de casa vestidas de preto, algumas em passeata outras para eventos comuns. Lembro que naquela noite fui jurado de algum concurso de beleza no Clube 9 de Julho e vi que a garotada estava vestida de preto. Ali eu, que tinha participado da campanha das Diretas-Já, percebi que aquela confusão ia dar em alguma coisa. Um momento histórico importante.


O DIA EM QUE AOS BRASILEIROS NÃO ATENDERAM AO PEDIDO DO PRESIDENTE E NÃO FORAM ÀS RUAS VESTINDO VERDE E AMARELO: “PERCEBI QUE HAVIA PERDIDO A PRESIDÊNCIA”

GMN: Quando enfrentava uma onda de denúncias, o senhor fez um discurso veemente em que pediu à população que se vestisse de verde e amarelo.Mas os manifestantes se vestiram de preto.Ali,o senhor sentiu que perdeu a capacidade de mobilizar apoio?

COLLOR: “Sem dúvida.Aquele foi o momento em que percebi que eu havia perdido a Presidência.Era uma solenidade bonita, um momento em que eu estava assinando atos que beneficiavam os taxistas. Havia muitos taxistas na ala oeste do Palácio do Planalto, exatamente aquela que fica mais próxima do Congresso.Estava apinhada de gente.O presidente do Banco do Brasil,o da Caixa, o ministro da Economia, muitos com uma fita verde e amarela na mão. Eu disse ao locutor que conduzia os trabalhos: “Eu não falarei.Falam os que estavam programados,como o representante do grupo de taxistas, o presidente da Caixa. Encerrada a solenidade, me dirigi para o elevador, quando então o pessoal começou a gritar; “Fala, Collor!Fala!Fala!”. Veio,então, o presidente da Caixa Econômica: “Presidente, não deixe de falar para este pessoal….Todos querem ouvir uma palavra sua”. Voltei. “Que saiam no próximo domingo de casa, com alguma peça de roupa numa das cores da nossa bandeira. Que exponham nas suas janelas toalhas, panos, o que tiver nas cores da nossa bandeira, porque assim,no próximo domingo, estaremos mostrando onde está a verdadeira maioria”.

GMN:O senhor se arrepende de ter feito aquela convocação ?

COLLOR: “Eu me arrependo. Aquilo foi uma atitude temerária. É o que se chama de cutucar a onça com a vara curta.Ali,talvez por eu estar sob uma pressão muito grande,eu quisesse,no fundo, saber logo qual seria o desfecho de tudo aquilo. Porque foi um processo de tortura. Então, eu disse: “Com isso, ou a gente vai se afirmar nas ruas ou então se a gente se sentir abandonado nesse processo, eu já sei que não tenho mais forças para pode lutar. E ai, quando no domingo as informações começaram a chegar de que as pessoas estavam se vestindo de preto ao invés de verde e amarelo, eu disse: “A Presidente está perdida”. Dentro de mim, caiu exatamente esta compreensão de que,ali, o jogo estava perdido”.

GMN:A idéia de convocar a população para que todos fossem às ruas de verde e amarelo partiu inteiramente do senhor? Nenhum assessor sugeriu?

COLLOR:“Aquilo foi de inopinado,naquele momento,naquele instante”.

GMN:O senhor diria que este foi o grande erro político na condução daquele processo, naquele momento ?

COLLOR:“Sem dúvida, sem dúvida. Isso foi um erro tático seriíssimo”.

GMN:O senhor tinha a ilusão de que contaria com o apoio popular naquele momento?

COLLOR:“Tinha”

GMN:O que é que levava o senhor a acreditar ?

COLLOR:“O que me levava a acreditar era que a vinculação minha com o povo era muito forte.Mas, naquele momento, se ele não estava contra mim, impregnado pela torrente que o noticiário fazia desaguar pelas manhãs, tardes e noites, eu imaginava que pelo menos o povo estivesse neutro,na dúvida.”Eu estou em dúvida”. E, estando em dúvida,não tomaria uma posição”.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mandrake nos quadrinhos


Trata-se do advogado criado por Rubens Fonseca e não o original, o mágico lançado nas tiras de jornais por Lee Falk e Phil Davis em 1934. O Mandrake carioca é o que de mais próximo de um detetive hard-boiled, da tradição noir americana, que nós temos. A editora Agir, que detém os direitos de publicação da obra de Fonseca, criou para isso o projeto "A Cara do Mandrake", no qual ilustradores e quadrinistas são convidados a criar a estampa do personagem.
Em www.acaradomandrake.com.br estão o regulamento e o link para o blog em que são publicadas as ilustrações concorrentes. O prazo para inscrições vai até 1º de fevereiro.
Segundo as regras, o escritor mineiro-carioca -que em maio acertou a ida para a Agir, do grupo Ediouro, após mais de 20 anos na Companhia das Letras- participará da escolha dos vencedores, ao lado de integrantes da nova editora.
O roteirista das HQs será definido numa etapa posterior pelo desenhista vencedor do concurso em conjunto com Fonseca e com a Agir.
A ideia da editora é que o novo formato contenha tanto histórias de Mandrake baseadas nos contos e romances que já foram publicados quanto argumentos inéditos.
Mandrake apareceu pela primeira vez no conto O Caso de F.A., do livro Lúcia McCartney. o site do projeto, foi publicada a parte final do conto, como sugestão de inspiração aos desenhistas. Voltaria a aparecer em várias obras, como O Cobrador, no qual dá nome a um conto, nos romances O Caso Morel, A Grande Arte e em Mandrake - A Bíblia e a Bengala.
Marcos Palmeira fez o papel-título da série que o canal pago HBO exibiu por duas temporadas, baseada no personagem. Mas, na TV, o melhor Mandrake foi Nuno Leal Maia em um Caso Especial da Globo de 1983 dirigido por Roberto Farias. No cinema, Mandrake já foi vivido por Paulo Villaça em Lúcia McCartney (1971), de David Neves (1938-1994), e Peter Coyote em A Grande Arte (1991), estréia de Walter Salles em longas, no qual o personagem foi adaptado para um fotógrafo, e gringo, ainda por cima..

100 anos de Kurosawa


Este ano comemora-se o centenário do nascimento do mais conhecido cineasta japonês, Akira Kurosawa. Contestado em seu país natal e até no Brasil – que foi o primeiro país do Ocidente a descobrir a cinematografia nipônica do pós-guerra por causa das muitas salas dedicadas à colônia em São Paulo – nos EUA, o autor de Os Sete Samurais ganhou uma caixa comemorativa com 25 de seus filmes, quatro dos quais nunca lançados em DVD, mais um livro ilustrado com ensaios sobre o autor e sua obra. Na Amazon, está saindo pela bagatela de US$ 284,99 (não consegui converter em reais sem cair em lágrimas), foras as taxas, é claro. Quase toda sua obra produzida entre 1943 e 1993 está presente. As exceções são um filme obscuro de 1946, que ele mesmo não incluiu em sua filmografia oficial, Dersu Uzala (1975), que foi uma produção soviética; Ran (1985), uma co-produção francesa; Sonhos (1990) e Rapsódia de Agosto (1991), ambas feitas com dinheiro americano. Mas estão lá desde sua primeira direção, Sugata Sanshiro (1943), sua fase neo-realista de O Anjo Embriagado (1948) e Cão Danado (1949), o sucesso internacional com Rashomon (1950), Viver (1952) e Os Sete Samurais (1954); sua visão cáustica do crescimento econômico do Japão em O homem mau dorme bem (1960), Céu e Inferno (1963) e Dodeskaden (1970) até seu derradeiro filme, Madadayo (1993).

Mario Quintana em japones


Em breve, Mario Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, terá, pela primeira vez, poemas seus vertidos para o japonês. A tradução será feita durante a Oficina de Versão de Texto Literário, promovida pela Aliança Cultural Brasil-Japão e ministrada pela mestra em Língua, Literatura e Cultura Japonesa pela Universidade de São Paulo (USP), Meiko Shimon. A oficina se dará em quatro encontros de quatro horas cada, em janeiro do ano que vem.
O principal objetivo do curso é elevar o nível de conhecimento e a capacidade expressiva em japonês dos participantes, por meio de trabalhos práticos de versão do texto literário em português para japonês, utilizando os poemas Quintana. A professora Meiko não descarta, no entanto, a possibilidade de as obras traduzidas virem a ser publicada mais tarde. “Esse trabalho na oficina será um primeiro passo, um ponto de partida”, diz. “Dependendo do resultado, poderemos formar um grupo e dar continuidade e quem sabe vir a publicar os poemas vertidos.”
Não será a primeira vez que Meiko terá traduções literárias suas publicadas. Ela é tradutora de obras de autores consagrados japoneses para o português, principalmente de Yasunari Kawabata, Prêmio Nobel de Literatura 1968, considerado um dos representantes máximos da literatura japonesa do século XX. Entre suas versões mais conhecidas de obras desse escritor estão Casa das Belas Adormecidas (2002) e Contos da Palma da Mão (2008).
Os poemas de Mario Quintana escolhidos para serem vertidos na oficina fazem parte do livro Velório sem Defunto, lançado em 1990 e que é uma das últimas obras do poeta morto em 1994. “Escolhi esse livro, porque mais fácil para quem está se iniciando na tradução”, explica Meiko. “É uma obra com poemas curtos, de versos livre, sem rima.”
Ela ressalva que a tradução não será dela, mas do grupo que participará da oficina. “Será um trabalho conjunto”, diz a tradutora. “Os poemas serão lidos em português e discutidos. O objetivo é chegar a uma versão japonês que melhor expresse cada poema.