segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Leituras


O livro já tem dois anos, mas além de ser encontrável nas LaSelva locais – onde o adquiri, aliás – é imprescindível para quem aspira ou quer se informar sobre o jornalismo cultural de algum modo. Pós-Tudo – 50 anos de Cultura na Ilustrada, de Marcos Augusto Gonçalves foi lançado pela Publifolha em 2008 por ocasião do cinquentenário do caderno de cultura da Folha de S. Paulo. Na sua origem, entretanto, a Ilustrada era apenas uma editoria de Variedades que incluía matérias de agências internacionais, coluna social, televisão e reportagens voltadas ao público feminino. Foi assim por toda a década de 60, quando lá reinava o colunista Tavares de Miranda. Só em meados dos anos 70, quando se esboçava uma abertura política e a turma do Rio, liderada por Tarso de Castro, chegou à Folha é que começou sua identificação com Cultura e muita irreverência. Mas a grande revolução aconteceu nos ano 80 e é impossível desvincular aquela década do caderno cultural do jornal dos Frias. Percebi que foi com a Ilustrada dos tempos de Pepe Escobar, Sérgio Augusto, Matinas Suzuki Jr., Inácio de Araújo, Joyce Pascowitch, Patrício Bisso, Angeli, Laerte, Glauco e – naturalmente – Paulo Francis é que comecei a me tornar jornalista, muito antes de militar na área. Ao mesmo tempo, o autor, que também teve importante passagem por aquela redação, relata os percalços e até o improviso em que se cozinhou a importante revolução da mídia cultural. Entre os anos 80 e 90 só era importante o que saía na Ilustrada, e isso tornou seus repórteres e articulistas ídolos, marketeiros e charlatães, tudo-ao-mesmo-tempo-agora. O livro tem o formato dos divertidos almanaques da Ediouro, inaugurados justamente pelo dos anos 80, e é uma viagem por aqueles tempos loucos que ajudaram a formatar a cultura nacional de hoje, mesmo que, neste novo século, a importância relativa da Ilustrada não seja mais a mesma. Mas foi bom enquanto durou.

Nenhum comentário: