quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Deu no Terra



Ventos fortes que atingiram a região de Campinas (SP) nesta quarta-feira causaram destruíção e derrubaram a estátua Menina de Ouro, símbolo do Festival Paulínia de Cinema. A cidade de Nova Odessa decretou situação de calamidade pública no bairro São Fernando, com o destelhamento de 120 casas, queda de postes, muros, árvores e outdoors.

A situação foi provocada pela força do vento, seguida de forte chuva, no começo da tarde de hoje. O temporal que durou cerca de 5 minutos e causou muito prejuizo aos moradores.

Um morador de Nova Odessa ficou levemente ferido com um pequeno corte na cabeça e passa bem. Um posto de saúde e um supermercado foram destruidos.


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A pergunta que não quer calar é: voces tem certeza que querem botar isso de volta no lugar?

Blog novo no ar

Quem está chegando ao universo dos blogs é minha amiga e atriz de talento Fernanda Moeller, cujos comentários sobre a vida cultural (?) de Indaiatuba agora podem ser lidos em A Arte Inquieta. Eu recomendo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Freud vive


De vez em quando eu via um programa americano em que alguém dizia "a psicanálise está superada" ou "Freud foi desmentido". Mas como? Já faz tempo que deixei de conviver com o meio, mas nos meus tempos de Instituto de Psicologia da USP, além de ser cosiderado o melhor psicólogo de boteco da turma, era também o freudiano mais ortodoxo, "mais do que caixa de maisena", nas palavras do Analista de Bagé. Renato Mezan, em seu livrinho sobre Freud na coleção Encanto Radical, da Brasiliense, dizia que o fundador da Psicanálise havia feito a "aventura mais solitária e mais arriscada jamais empreendida por um ser humano: a descoberta do seu próprio inconsciente e a formulação das leis que regem não apenas este inconsciente individual, mas também o de todos nós". Mais de 100 anos depois da publicação da Interpretação dos Sonhos, a fantástica descoberta do neurologista vienense está em descrédito?

Domingo, o Caderno 2 de Estadão, foi quase todo dedicado a Sigmund Freud e responde a alguns desses questionamentos, especialmente a entrevista com a psicanalista e intelectual francesa Elisabeth Roudinesco. A efeméride que justifica as seis páginas do suplemento cultural de um dos principais jornais do País são os 70 anos da morte de Freud, que serão completados amanhã, 23 de setembro.
Ele morreu quando se iniciava a maior comprovação de uma de suas teorias mais contestadas, que era a instinto de morte, a pulsão destrutiva que todo ser humano carrega dentro de si e que tinha que ser contida por leis, repressão, o chamado superego. A Segunda Guerra Mundial e sua escalada de matança mostra o ponto que esse impulso destrutivo pode atingir. Até então, todos achavam que o máximo de mortandade que se poderia chegar era o conflito 1914-18, mas Freud, que perdeu um filho nas trincheiras, já apontava para as possibilidades nefastas do nazismo, que o levou a deixar sua Viena por Londres, onde faleceu.

Roudinesco aponta para os motivos pelos quais a psicanálise andou em baixa nos últimos tempos. Em primeiro lugar, ela critica o cientificismo, que "biologizou" a psiquiatria, e o isolacionismo dos psicanalistas, que se fecharam em si mesmos e seus dogmas, se omitindo diante dos problemas da sociedade em geral. Para a intelectual, a psiquiatria "era uma medicina da alma. Mas a deslocaram para a biologia. Curamos a loucura? Não. Acalmamos os loucos? Sim. Vivemos um recuo de 50 anos com a psiquiatria 'biologizada'."
Em relação à tribalização da Psicanálise, Roudinesco, marxista, fica intrigada com o fato da maioria dos psicanalistas serem conservadores. Para ela, é que eles se desinteressaram dos problemas sociais e, assim, tornaram-se conservadores. A sociedade e a civilização eram temas explorados por Freud em textos durante muito tempo subestimados, mas que depois foram reavaliados. Quando antropólogos como Malinowski descobriram culturas que não consideravam o incesto tabu, muitos consideraram que aquilo demolia a Psicanálise. Mas a estrutura do tabu é um constante em todas as culturas, então não importa se a proibição é em relação a pais e filhos ou entre tios e sobrinhos, a repressão é fundamental para o que chamamos de civilização. Isso significa também que não se devia ler Totem e Tabu como uma tentativa de antropologia, mas uma psicanálise da Humanidade por meio de seus sonhos, que são os mitos. É a partir daí que Jung vai inventar o inconsciente coletivo, com bases supostamente científicas, que não existem.

Joseph Campbell, pelo seu lado, vai para a análise comparada dos mitos de todas a culturas e por meio desses paralelos, estabelece essas histórias universais fazem parte de um patrimônio comum a toda Humanidade e que nos ajudam a viver e a nos relacionar com os outros.
A psicanalista considera que estamos assistindo um grande retorno de dois grandes pensadores: Freud e Marx. "Não ao comunismo e à psicanálise, mas a Marx e Freud. Autores como Marx, Freud, Nietzsche e toda a filosofia da rebelião se tornaram malditos nos últimos 20, 30 anos, quando caímos em um estado de neoconservadorismo. A crise econômica, em especial como a que se passou nos Estados Unidos, vai desempenhar um papel considerável. Vamos voltar ao pensamento da rebelião", avalia.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

As Eras relançadas



Na terça-feira, foi com prazer dos velhos tempos que li a entrevista com Eric Hobsbawn, terça-feira na Ilustrada, na nova versão eletrônica da Folha de S. Paulo. O mais importante historiador vivo terá sua principal obra – a trilogia sobre o “longo século XIX” – reeditada no Brasil. O primeiro volume, A Era das Revoluções, foi lançada em 1962, o segundo, A Era do Capital, em 1975 e o terceiro, A Era dos Impérios, em 1987. O mais recente teve 11 edições nacionais anteriores, sendo a última em 2007, há apenas dois anos. Por que uma nova edição com a última ainda podendo ser encontrada nas livrarias? Muito do que aconteceu no século XX e acabou desembocando neste nosso momento foi esboçado – quando não desenhado mesmo – no período que vai da Revolução Francesa até a I Guerra Mundial.


Perto de se comemorar os 20 anos da Queda do Muro de Berlim, Hobsbawn acha oportuna a celebração, porque a atual crise representa o fim de um ciclo que começou a ruir junto com a Cortina de Ferro. Para ele, os ex-membros do Pacto de Varsóvia estão tendo dificuldades em romper com o legado comunista, mas é o Ocidente quem precisa refletir sobre o que aconteceu durante a Guerra Fria e o que pode ser feito para evitar um novo colapso.


A repórter Sylvia Colombo perguntou ainda se falta aos historiadores de hoje a ambição de realizar um estudo como o seu, sobre um amplo período, e Hobsbawn respondeu que hoje em dia os jovens academicos perderm muito tempo com especializações e que, quando estão prontos para saltos maiores, hesitam. "A história equivocadamente se afastou da 'história total' que fazia Fernand Braudel", sentenciou.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

10 e 11 de setembro

september 11

Hoje o mundo relembra os oito anos dos atentados de 11 de setembro, mas ontem completaram-se também oito anos do assassinato do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT. Se até hoje a superpotência norte-americana ainda não pos as mãos em Osama Bin Laden, igualmente a morte de Toninho não foi satisfatoriamente esclarecida. A versão oficial é tão fantasiosa quanto os homicídios de PC Farias e do também petista prefeito de Santo André, Celso Daniel, e é tanto mais estranho o fato da falta de empenho do governo do correligionário Lula não ter feito nada para chegar á verdade.

toninho

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Muita calma nessa hora




Tudo bem que a vitória sobre a Argentina sábado foi linda. Também é ótimo ir a Salvador desfalcado sem a preocupação com a classificação. Mas é bom lembrar de algumas coisas antes de entrar no clima do já ganhou.

Em primeiro lugar, faltam 10 meses para a Copa e até lá muita coisa pode acontecer. Em 1990, Careca era um dos melhores - senão o melhor - centroavante do mundo mas se machucou às vésperas da Copa. Em 1994, Carlos Alberto Pareira apostava em Raí e esse chegou aos EUA em má fase técnica. Entrou Mazinho, jogamos mais feio, mas ganhamos. E a defesa até às vésperas da estréia era formada pelos Ricardos Gomes e Rocha, que se machucaram e deram lugar a Aldair e Marcio Santos, que formaram a melhor dupla de zagueiros que o Brasil já teve em uma Copa do Mundo. Em 98, Romário tinha tudo para formar o ataque dos sonhos com Ronaldo, mas se contundiu, embora ele jure que daria para ir à França.

Em segundo lugar, a nossa seleção só ganha a Copa quando sai desacreditada do Brasil. Não tem lógica, mas tem sido assim, exceção feita a 1962, no nosso único bi de verdade.

Em terceiro lugar, ao contrário do que muita gente acha, o time não está fechado, nem pode. Dunga ainda não sabe quem vai fazer dupla de ataque com Luis Fabiano - titular absoluto com méritos - nem quem serão os reservas. Apesar do recorde de participações seguidas na Seleção batido no sábado, Robinho não jogou nada contra a Argentina, como não vem jogando há muito tempo. Não está garantido na África do Sul. Se Ronaldo voltar bem como estava antes da contusão e perder mais uns quilos antes do próximo ano, uma das vagas é dele. Pato decepcionou Dunga e vai ter que jogar muito para voltar a ser convocado. Quem mais tem chance? Nilmar? Vai ter que se destacar muito pelo Villareal, num campeonato que tem o Super-Barça e o Real Madrid Galático. Adriano? Não com o Flamengo do jeito que está. Wagner Love? Difícil, mas se ajudar o Palmeiras ser campeão, pode ser. Diego Tardelli, convocado recentemente, tem chances remotíssimas.

Mas não há dúvidas que é melhor viver a situação de conforto que Dunga usufrui agora, do que o sufoco por que passam França e Portugal - que tem mais chances de não se classificar do que ir à Copa - e a Argentina, que parece fadada a repetir a humilhação de jogar a repescagem contra a Oceania - que agora, sem a Austrália, é uma moleza maior ainda.

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PS: A Repescagem Sulamericana será contra o quarto colocado da Concacaf. O que é uma moleza mas não tanto quanto a Austrália.

sábado, 5 de setembro de 2009

O que é jornalismo?

Uma coisa que o jornalismo não é, é errata. A errata é o contraponto necessário jornalismo. Se você trabalha dentro da possibilidade de corrigir o erro logo em seguida da publicação, você está fazendo outra coisa que não jornalismo.
Escrevo isso diante da inacreditável constatação de que alguém que foi formado em redação comigo publicou uma notícia de origem duvidosa sabendo disso e contando com a rapidez da correção que a Internet permite. E quem leu a primeira versão? Vai ficar com notícia errada para passar para frente? Na minha terra isso se chama radio-peão, que é o antônimo de jornalismo.
Outra coisa: um editor não pode confiar 100% num repórter, especialmente quando ele já tem precedente de irresponsabilidade profissional. Caso contrário, a função de editor seria inútil, bastava publicar direto o que o repórter quiser. Mesmo assim, acontecem casos como o de Jayson Blair, o reporter do New York Times que confessou ter plagiado e inventado diversas matérias. O fato do maior jornal do mundo ter falhado em coibir o jornalismo desonesto é razão para que todos descambem para o "seja o que Deus quiser"? Acho que não, pelo contrário. É motivo para que os veículos sérios reforcem seu compromisso com a verdade e com os fatos. Quem acha que isso é irrelevante, que faça outra coisa que não jornalismo. Tablóide, por exemplo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Grande Guerra

polonia

Hoje o mundo recorda os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, o mais importante e devastador conflito armado da história e que até hoje excita a imaginação das pessoas. Basta ver o sucesso do último Tarantino, Bastardos Inglórios, e a quantidade de publicações sobre o tema encontrada nas bancas.

A última Superinteressante, por sinal, tentou explorar o tema com uma chamada bombástica, mas que nada mais é do que matéria requentada. Que alguns judeus preferiram lutar a ir passivamente ao matadouro e que o Exército Vermelho é quem foi responsável ela derrota de Hitler qualquer pessoa razoavelmente esclarecida sabia. O texto chega a cometer uma injustiça ao subestimar em demasia o Dia D: a quantidade de tropas envolvidas podia ser bem inferior às que lutaram em Stalingrado e Kursk, mas a logística exigida não deixou de ser extraordinária, bem como o planejamento anglo-americano. Ademais, foram as dificuldades inerentes a uma operação anfíbia que, basicamente, impediram os alemães de invadir a Inglaterra em 1940.

Até 1939, a Grande Guerra foi a Primeira, entre 1914-18, que encerrou de verdade o século XIX. Ok, Eric Hobsbawn, o maior historiador vivo, considera que a Revolução Bolchevique é que inaugurou o curto século XX, mas sem a matança iniciada com o assassinato do arquiduque austro-húngaro, dificilmente haveria condições para ela ocorrer, a despeito da decadência do Romanov.

O surgimento da União Soviética, a ascensão dos americanos, o fim dos impérios austríacos e otomano, a eliminação das elites britânica e francesa e a humilhação dos alemães e italianos (vencedores no papel mas ignorados no Tratado de Versalhes) teriam conseqüências inimagináveis em 1918. Tanto é que a Segunda Guerra é vista por muitos como a Última Batalha da Primeira. Mas a imaginação deste século XXI tem muito mais a ver com a última Grande Guerra.

Os motivos para isso são muitos e vão desde a quantidade de filmes e livros sobre ela até o fato de grande parte do planeta ainda viver ressentimentos vindos desse conflito. Nem em seus tempos de potência econômica exemplar o Japão pode assumir a liderança da Ásia, muito em função dos crimes cometidos por suas forças armadas a partir de 1937 (ano do chamado Estupro de Xangai). Os poloneses, libertos da opressão soviética, vão relembrar a invasão nazista sem esquecer o ataque traiçoeiro de Stalin, além de atacar o país quando este estava ocupado com a Blitzkrieg no Ocidente, ainda mandou eliminar a elite dos oficiais da Polônia nas florestas de Katyn. Wladimir Putin já fez um discurso alegando que a então URSS não tinha outra saída a não ser firmar o tratado de não-agressão com Hitler, depois do acordo formado em Munique em 1938 entre Alemanha, Reino Unido e França.

churchill

Esse é outro passatempo fascinante envolvendo a II Guerra Mundial: o que teria acontecido se... A primeira encruzilhada histórica foi justamente a crise de 1938, quando Hitler exigiu um pedaço da Tchecoslováquia e as potencias ocidentais européias caíram no blefe e cederam. Quase todos os historiadores consideram que, se a guerra tivesse começado ali e não um ano depois, a Alemanha teria desistido ou o conflito teria sido mais curto e as ambições do Fuhrer contidas. O momento crucial seguinte é dois anos depois, quando a França está desmoronando e a Inglaterra fica sozinha contra o Eixo. Se no primeiro round, quem jogava pelo Império Britânico era o cortês e cavalheiro Neville Chamberlain, um bom político de tempos de paz mas um péssimo jogador de pôquer, no segundo assalto o player era Winston Churchill, o homem certo na hora certa. O historiador John Lukacs, considera que os 80 dias em que a Inglaterra enfrentou a Alemanha sozinha salvaram o mundo. E foi Churchill praticamente sozinho que segurou a onda. O destino da guerra mudou quando Hitler decidiu voltar suas atenções para a URSS e, meses mais tarde, o Japão atacou os EUA. Mas a sorte da Europa estaria selada caso o Império Britânico tivesse se rendido ou mesmo feito um acordo com Hitler (e não faltaram ofertas da parte deste).

A terceira encruzilhada é: o que aconteceria se os japoneses tivessem afundado os porta-aviões americanos em Pearl Harbor? A capacidade industrial dos EUA poderia repor essas belonaves a tempo da virada em Midway? Talvez não fosse o suficiente para o Japão ganhar a guerra no Pacífico, já que o grande objetivo do império estava na China, mas talvez a coisa se esticasse por mais tempo.

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A quarta bifurcação é a mais fascinante e assustadora: o que aconteceria se a Alemanha desenvolvesse a bomba atômica primeiro? Muita gente já explorou essa hipótese, do clássico episódio de Jornada nas Estrelas, A Cidade à Beira da Eternidade, a o filme Fatherland, passando por uma obscura história na fase final da série de quadrinhos Brick Bradford. O fato é que dificilmente Hitler conseguiria ter uma arma nuclear viável antes dos americanos sem as mentes envolvidas no Projeto Manhattan, muitas delas fugitivas do Holocausto, bem como os imensos recursos que Roosevelt destinou ao desenvolvimento do artefato.

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É triste constatar que o desenvolvimento tecnológico está diretamente ligado às guerras neste século. Se a I Guerra Mundial criou o avião e o tanque como armas, a Segunda foi mais longe. Os aeroplanos começaram o conflito a hélice e terminaram a jato, o computador foi inventado para calcular trajetórias balísticas dos canhões e, em 1945, a história da Humanidade entrou na Era Atômica. E se levarmos a sério o romance Contato, de Carl Sagan, as primeiras imagens que supostos seres de outros planetas terão da Terra podem em ser as da ascensão do nazismo, que foi uma das primeiras transmissões de TV em larga escala, cujas ondas se propagaram pelo espaço exterior….

Hiroshima