quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A morte de Steve Jobs


Poucas notícias de falecimento me chocaram tanto nos últimos anos, seja pela precocidade - 56 anos - como pela relevância. Steve Jobs é o Thomas Alva Edson da virada do século XX para o XXI.. Só que ao contrário daquele ganancioso inventor, ele não criou praticamente nada, mas enxergou o futuro como ninguém fez, nem mesmo sua nemesis - e posteriormente aliado - Bill Gates.
Jobs era amigo de Steve Wozniak quando este criou o primeiro microcomputador amigável. Mas foi a visão de  Jobs, filho da contracultura, que deu origem à Apple. Foi ele que viu o potencial dos computadores pessoais, que eram desprezados pela IBM. Foi ele que viu o potencial do mouse, uma invenção patenteada pela Xerox, que a cedeu por praticamente nada a ele, já que estava preocupada somente em alugar máquinas de fotocópias. Todo mundo sabe que o Macintosh foi a primeira interface gráfica bem sucedida, que usava "janelas", depois copiado por Gates numa adaptação de seu DOS, batizado como... Windows. Quando a Apple estava se transformando numa corporação, contratou um gestor profissional, John Sculley, que acabou demitindo-o da sua própria empresa. A essa altura, ele já era um herói na cultura popular americana e mundial, mas ainda estava na metade de suas realizações de visionário.
Cheio grana mas sem ter o que fazer, durante os anos em que esteve afastado da Apple, acabou comprando a divisão de animação digital da Industrial Magic & Light, a famosa empresa de efeitos especiais fundada por George Lucas, e a rebatizou de Pixar. O que veio depois é história.
O telefilme Piratas do Vale do Silício (1999), começa com a filmagem da famosa propaganda da Apple usando 1984, de George Orwell, e acaba na imagem de Jobs voltando a Apple e Bill Gates aparecendo num telão com o Big Brother após comprar parte das ações da empresa da maçã. Parecia que o dono da Microsoft tinha vencido a guerra á quela altura, mas o novo século ainda nem havia começado. Sob sua nova liderança, o iMac tornou-se objeto de desejo dos nerds, mas seu próximo grande passo alcançaria um público muito maior que os usuários de computador: o iPod, que ajudaria a  mudar as relações entre consumidores e produtores de música ainda mais que o lançamento do walkman da Sony nos naos 80. En seguida, novamente sob sua supervisão pessoal, foi lançado o iPhone, o celular-computador-máquina fotográfica-music player que tornou a concorrencia subitamente obsoleta.
A última revolução foi o iPad, que consolidou o conceito de tablet e que fez seus concorrentes se unirem para tentar derrubá-lo. Infelizmente, à essa altura a doença já estava consumindo seu irriquieto organismo, levando-o a se demitir da Apple ainda este ano.
Se Mark Zuckerberg mereceu um ótimo A Rede Social, certamente Steve Jobs merece uma cinebiografia que faça jus ao que representou ao mundo desde o final dos anos 70, quando a Apple praticamente inventou o conceito de computador pessoal. No mínimo sua morte merece um episódio de The Big Bang Theory, mesmo que ele esteja em 99o na lista dos 100 mais de Sheldon...

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