Um dos mais importantes intelectuais contemporâneos, o
sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett confirmou sua
participação na 10ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty),
que acontecerá entre os dias 4 e 8 de julho de 2012. Autor dos aplaudidos
livros A corrosão do caráter (mais de 23 mil exemplares
vendidos no Brasil) e O Artíficie, ambos lançados pela Editora
Record, Sennett é dono de vasta bibliografia, com 15 obras - entre elas, três
de ficção. Seus principais interesses estão focados no desenvolvimento social e
urbanístico das metrópoles e nas mudanças no mundo do trabalho.
Levado à sociologia por
Hannah Arendt (sua professora na Universidade de Chicago), e assumido seguidor
do filósofo francês Michel Foucault, Richard Sennett é professor de
Ciências Sociais na London School of Economics e no Massachusetts
Institute of Technology (MIT), e de Humanidades na Universidade de New
York. Criado em um bairro pobre de Chicago, cidade onde nasceu, em 1943, filho
de imigrantes russos, Sennett tentou carreira como violoncelista, na época em
que estudava música na Juilliard School of New York, entre 1956 e
1962. Uma lesão na mão esquerda, porém, determinou o fim de sua trajetória como
instrumentista. Casado com a socióloga Saskia Sassen, conhecida por suas análises sobre globalização e migrações urbanas,
Sennett é
também autor de Carne e pedra,Autoridade, Respeito: a formação
do caráter, A cultura do novo capitalismo, lançados também pela
Record, e de O declínio do homem público (Companhia das
Letras). Em Carne e pedra: O corpo e a cidade na
civilização ocidental, Sennett engendra uma viagem pela história com olhos
de arquiteto, estabelecendo umaligação entre o corpo humano e a cidade. A fase dedicada a pesquisas
na área de planejamento urbanístico resultou em mais uma obra: The
Conscience of the Eye (1990), um trabalho com foco no design das
cidades.
Posteriormente,
Sennett ampliou seu campo de estudos analisando a corrosão do caráter induzida
pela instabilidade profissional sob o capitalismo flexível. No livro sobre o
assunto, ele se baseia em relatos de vida, notadamente de trabalhadores
condenados à mobilidade, que não lhes possibilita o estabelecimento de vínculos
duráveis. Para ele, o novo capitalismo afeta o caráter pessoal dos
indivíduos, principalmente porque não oferece condições para construção de uma
narrativa linear de vida, sustentada na experiência.
Em suas análises, aponta o retraimento de uma cultura
cosmopolita em microcomunidades bairristas e propõe alternativas aos
modelos de relações sociais e humanas da nossa época. O livro O
declínio do homem público (1974), um clássico da sociologia
contemporânea, está mergulhado no clima tenso e desencantado da Guerra Fria,
período em que foi escrito, nos anos 70. O autor provoca a sociedade contemporânea ao discorrer
sobre o esvaziamento da esfera pública por meio da hipervalorização da
intimidade, da privacidade, do retraimento e do silêncio. Não exclusiva do
século XX, mas condicionada por uma série de mudanças ocorridas nas sociedades
dos séculos XVIII e XIX, essa transformação é, portanto, investigada no livro a
partir do século XVIII.
No
mais ambicioso de seus livros, O Artíficie, Sennett explora o
trabalho manual não industrializado. Ele conecta o esforço físico a valores
éticos e discorre sobre o desejo de fazer as coisas da melhor maneira possível
e sobre a frustração e os danos psíquicos causados quando esse desejo é negado.
Com uma abordagem original, o autor expande o conceito de artesanato e
impressiona ao mostrar o quanto é possível aprender sobre si mesmo por meio do
ato de produzir manualmente.
Mais sobre Richard Sennett
Richard Sennett é graduado em sociologia (1964) pela Universidade de Chicago, e obteve seu Ph.D em Havard, em 1969. Naquele mesmo ano, iniciou seus estudos de História. Professor e pesquisador de Yale de 1967 a 1968, em seguida tornou-se diretor de um programa de estudos sobre a família urbana no Cambridge Institute, um centro de pesquisa sociológica fundado por ele, em Cambridge, Massachussets. Desde 1973, Sennett ensina História e Sociologia na New York University (NYU), onde fundou, em 1975, o New York Institute for the Humanities, que dirigiu até 1984. Desde 1988, é professor de Teoria Social e Teoria Cultural e coordenador acadêmico da London School of Economics e, desde 1998, diretor do Cities Programme. É consultor da UNESCO na área de planejamento urbano.
Mais informações no site da Flip: www.flip.org.br
Um comentário:
É um daqueles autores que esfregam na cara da gente o preço que a abundancia material cobra da qualidade de vida. A crescente frustração e o retraimento do indivíduo mostram isso, não?
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