segunda-feira, 22 de agosto de 2016

As Olimpíadas e a autoestima do Brasil

Roberta Sá encarna Carmem Miranda no encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro acabaram ontem e – adivinhem só? – foi um sucesso! A poucos dias do início, ninguém diria que o evento mobilizaria o País, daria um upgrade na sua imagem internacional e que nossos atletas teriam a melhor performance olímpica da história. Ou que o maior vexame das Olimpíadas seria de um gringo, americano ainda por cima.
Paulinho da Viola cantando o Hino Brasileiro: para chorar de tão lindo
A coisa começou bem já na  cerimônia de abertura. Eu mesmo nem ia assistir, estava me preparando para sair de casa, quando passei em frente á televisão e parei, hipnotizado pela beleza da festa criada por Daniela Thomas, Fernando Meirelles e Andrucha Waddington (todos cineastas, by the way) e  pela música. Ah, a música! Paulinho da Viola, nosso sambista mais classudo, cantando o Hino Nacional foi de arrancar lágrimas. Benjor com seu “País tropical”, Daniel Jobim cantando “Garota de Ipanema” para Gisele Bundchen desfilar, Gilberto Gil mandando
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
“Aquele abraço” para o Rio e com o compadre Caetano recebendo a jovem Anitta como a popstar do momento mostraram ao mundo e lembraram a nós que é o Brasil. Enquanto isso, o 14 Bis pilotado pelo Santos Dumont/Tuca Andrada sobrevoava virtualmente a Cidade Maravilhosa, o cenário que, de cara, já dava alguns corpos de vantagem sobre outras sedes olímpicas.
Nos Jogos, em si, teve de tudo: redenção para Diego Hypólito, Poliana Okimoto, Rafaela Silva e o vôlei masculino; as inéditas medalhas de ouro no futebol e no boxe olímpico; o surgimento do prodígio Thiago Braz no salto com vara; o resgate de tradições com o Tiro de Felipe Wu e das velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze. E as despedidas dos mitos
Anitta, a principal cantora opo da atualidade, entre Caetano e Gil: se você não
gostou, aposto que os pais da Tropicália adoraram
Michael Phelps e Usain Bolt das Olimpíadas.  Este último une uma performance espetacular com marketing pessoal imbatível. Há quem atribua à simpatia, mas eu acho quem que o comparou com Munhamad Ali está certo. Não admiramos Bolt por ser simpático, mas por ser quase sobre-humano na pista. Como os antigos atletas gregos, ele se elevou à condição de semideus com seu triplo tricampeonato olímpico, invicto em finais olímpicas.
O encerramento de ontem coroou esses fabulosos Jogos do Rio. Da direção, saem os cineastas, entra a carnavalesca Rosa Magalhães para que tudo acabe em samba. Uma festa da diversidade brasileira culminando com um carnaval para gringo em escala olímpica. E o Japão apresentando seu cartão de visitas, lembrando a todos que a próxima Olímpíada será do outro extremo do mundo, tanto geográfica quanto em quase tudo o mais.

Izabel Goulart e Leandra Leal no encerramento

De toda a forma, o recado estava dado. O Brasil pode estar na merda, mas não é uma merda, ao contrário do que os projetas do apocalipse andaram trombeteando. Um país com tudo isso e capaz de espantar a todos – inclusive a nós, brasileiros, agora com muito orgulho, com muito amor – pode muito mais. Independente do ladrão/incompetente/populista da vez no governo.

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