quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Dia em que o Século XXI começou

Eric Hobsbawn, em sua “Era dos Extremos”, considera que o curto século XX começou na Revolução Russa e acabou justamente no fim da União Soviética, em 1991. Não sei como vai se chamar o intervalo de dez anos, mas o século XXI efetivamente começou no dia 11 de setembro de 2001.

Se, como pretendia Francis Fukuyama, a história acabou quando os Estados Unidos da América se tornaram a única superpotência do planeta, ela recomeçou quando seu poder foi colocado a prova por inimigos em tese pequenos, mas que conseguiram aplicar o maior golpe no orgulho americano desde o ataque a Pearl Harbor, em 1941. Os americanos já haviam sido vítimas de ataques terroristas há muito tempo, inclusive um frustrado contra o mesmo World Trade Center em 1993, mas o que aconteceu há exatos 13 anos superou até mesmo as mentes imaginativas de Hollywood. O resultado do dia: as Torres Gêmeas de Nova York no chão, um rombo no Pentágono e um avião no chão, supostamente por intervenção dos próprios passageiros antes que ele atingisse o alvo dos sequestradores da Al Qaeda.

A partir daí, tudo muda. Em nome da Guerra ao Terrorismo os americanos invadem o Afeganistão e o Iraque; prendem suspeitos em prisões por vezes clandestinas, usando tortura física e psicológica para obter informações; invadem a privacidade de seus cidadãos e os de outros países (inclusive os de chefes de governo aliados). Atentados contra membros da Otan, Espanha e Inglaterra, são bem sucedidos, mas os EUA executam Saddan Hussein (que não tinha nada a ver com o 11 de setembro) e matam diversos líderes da Al Qaeda, inclusive Osama Bin Laden, a maior vitória simbólica dessa guerra.

Os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), nações de economia emergente, demandam uma posição mais relevante no tabuleiro global, mas ainda estão longe de fazer sombra ao poder efetivo dos EUA e seus aliados mais próximos. Drones inventados para espionar e atacar suspeitos de terrorismo passam a fazer pare do cotidiano , sendo usados até por paparazzi para espionar celebridades

Passados 13 anos, como está o mundo hoje? O terrorismo está longe de acabar e o ódio aos americanos só aumentou em todo o mundo islâmico. A Primavera Árabe ao invés de levar democracia à Líbia, Egito e Síria, criou o Estado Islâmico (EI), uma horda de combatentes sob a bandeira do Jihad, que executa qualquer um que não seguir sua linha fundamentalista, mesmo que também muçulmano. Ameaçam a parca estabilidade da região diante de uma Otan indignada mas pouco disposta a enviar soldados para combatê-los diretamente. O perigo é tão imediato que fez a Casa Branca se aliar a um inimigo histórico, o Irã, para tentar deter o que é chamado em inglês de Isis (The Islamic State of Iraq and the Levant ). A decapitação de um americano transmitida para mundo via Internet levou o presidente Barack Obama a prometer destruir o Estado Islâmico, mas em final de mandato, ele não tem condições de fazer muito mais que intensificar os ataques aéreos e armar os inimigos de seu inimigo. O enorme pode militar dos EUA é limitado pela pouca disposição do público interno em aceitar o custo humano e financeiro de novas aventuras intervencionistas, principalmente após o desgaste de duas ocupações simultâneas no Afeganistão e no Iraque.

Resumindo, o 11 de setembro de 2001 tornou este novo século muito distante da Nova Ordem Mundial alardeada por George Bush Sr. na vitória na I Guerra do Iraque.


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