Eric Hobsbawn, em sua “Era dos Extremos”, considera que o
curto século XX começou na Revolução Russa e acabou justamente no fim da União
Soviética, em 1991. Não sei como vai se chamar o intervalo de dez anos, mas o
século XXI efetivamente começou no dia 11 de setembro de 2001.
Se, como pretendia Francis Fukuyama, a história acabou
quando os Estados Unidos da América se tornaram a única superpotência do
planeta, ela recomeçou quando seu poder foi colocado a prova por inimigos em
tese pequenos, mas que conseguiram aplicar o maior golpe no orgulho americano
desde o ataque a Pearl Harbor, em 1941. Os americanos já haviam sido vítimas de
ataques terroristas há muito tempo, inclusive um frustrado contra o mesmo World
Trade Center em 1993, mas o que aconteceu há exatos 13 anos superou até mesmo
as mentes imaginativas de Hollywood. O resultado do dia: as Torres Gêmeas de
Nova York no chão, um rombo no Pentágono e um avião no chão, supostamente por
intervenção dos próprios passageiros antes que ele atingisse o alvo dos sequestradores
da Al Qaeda.
A partir daí, tudo muda. Em nome da Guerra ao Terrorismo os
americanos invadem o Afeganistão e o Iraque; prendem suspeitos em prisões por
vezes clandestinas, usando tortura física e psicológica para obter informações;
invadem a privacidade de seus cidadãos e os de outros países (inclusive os de
chefes de governo aliados). Atentados contra membros da Otan, Espanha e
Inglaterra, são bem sucedidos, mas os EUA executam Saddan Hussein (que não
tinha nada a ver com o 11 de setembro) e matam diversos líderes da Al Qaeda,
inclusive Osama Bin Laden, a maior vitória simbólica dessa guerra.
Os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), nações de economia
emergente, demandam uma posição mais relevante no tabuleiro global, mas ainda
estão longe de fazer sombra ao poder efetivo dos EUA e seus aliados mais
próximos. Drones inventados para espionar e atacar suspeitos de terrorismo
passam a fazer pare do cotidiano , sendo usados até por paparazzi para espionar
celebridades
Passados 13 anos, como está o mundo hoje? O terrorismo está
longe de acabar e o ódio aos americanos só aumentou em todo o mundo islâmico. A
Primavera Árabe ao invés de levar democracia à Líbia, Egito e Síria, criou o
Estado Islâmico (EI), uma horda de combatentes sob a bandeira do Jihad, que
executa qualquer um que não seguir sua linha fundamentalista, mesmo que também
muçulmano. Ameaçam a parca estabilidade da região diante de uma Otan indignada
mas pouco disposta a enviar soldados para combatê-los diretamente. O perigo é
tão imediato que fez a Casa Branca se aliar a um inimigo histórico, o Irã, para
tentar deter o que é chamado em inglês de Isis (The Islamic State of Iraq and
the Levant ). A decapitação de um americano transmitida para mundo via
Internet levou o presidente Barack Obama a prometer destruir o Estado Islâmico,
mas em final de mandato, ele não tem condições de fazer muito mais que
intensificar os ataques aéreos e armar os inimigos de seu inimigo. O enorme
pode militar dos EUA é limitado pela pouca disposição do público interno em
aceitar o custo humano e financeiro de novas aventuras intervencionistas,
principalmente após o desgaste de duas ocupações simultâneas no Afeganistão e
no Iraque.
Resumindo, o 11 de setembro de 2001 tornou este novo século
muito distante da Nova Ordem Mundial alardeada por George Bush Sr. na vitória
na I Guerra do Iraque.
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