segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Altman


O grande Robert Altman volta à cena três anos após sua morte por conta do lançamento de Robert Altman: The Oral Biography, do jornalista Mitchell Zuckoff. Trata-se de um calhamaço de 500 páginas que não sabemos se ou quando ganhará versão em português. Mas o livro é uma ótima justificativa para reavaliar sua obra. Zukoff afirma em entrevista para a Folha de S. Paulo que o legado de Altman é maior que seus filmes. O legado de eterno rebelde que se recusava a se dobrar à tirania da grana? Isso de nada adiantaria se sua obra fosse medíocre. Ele já era um veterano na TV e trabalhos menores no cinema quando o projeto M.A.S.H. caiu em seu colo. Segundo os extras do DVD, tratava-se de um projeto de pequeno orçamento – cerca de US$ 3 milhões – e que ficava à sombra de outras duas superproduções de guerra da Fox: Tora, Tora, Tora, sobre o ataque a Pearl Harbor, e Patton, centrado na atuação do polêmico general americano no front europeu. Altman fez disso uma vantagem: desde que não chamasse a atenção estourando prazos e orçamentos, os executivos da Fox o deixariam em paz. Graças a isso pode ser tão irreverente e anticonvencional, introduzindo subliminarmente uma sátira ao conflito do Vietnã, embora o filme se passasse na Coréia. Quase toda sua filmografia a seguir seria baseada na desconstrução: do Velho Oeste em Jogos e Trapaças e Buffalo Bill, da indústria da musica country em Nashville, da ritualização do matrimônio em Cerimônia de Casamento, da indústria da moda em Pret-a-Porter, a aristocracia inglesa no entre guerras em Gosford Park. Mas provavelmente, a desconstrução que o divertiu foi a de um jovem produtor de cinema em O Jogador , filme que o resgatou do limbo que foram os anos 80 para ele. Na foto, o único Oscar que Altman ganhou, pelo conjunto de sua obra, pouco antes de morrer.

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