quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Apocalipse agora

 

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Assisti ontem “O Nevoeiro, de Frank Darabont, mais uma vez baseado em Stephen King, de quem ele já havia transformado em sucesso “A Espera de um Milagre” e “Um Sonho de Liberdade”, que é bem legal, mas obviamente não foi um blockbuster, não apenas pelo final ttrágico como também pela incacidade dramática do protagonista Thomas Jane (ruim demais). O mesmo Darabount dirigiu o piloto e é responsável pelo seriado Walking Dead, que estreou no canal pago Fox na semana passada.

É mais um, e um dos mais interessantes, exemplares da onda apocalíptica que assola o cinema há tempos. Tudo pode ter sido deflagradao pelo 11 de setembro, já que dois dos filmes mais importantes da nova onda sforam lançados em 2002: “Extermínio”, de Danny Boyle, e “Resident Evil”, baseado em um popular videogame. O primeiro é um filme de autor – um autor em baixa após uma fracassada aventura em Hollywood, e que mais tarde sacrificaria seus princípios por um Oscar – e o segundo uma produção comercial, mas ambas partem de um princípio comum: um virus artificial que transforma suas vítimas em zumbis canibais. Boyle segue os canones de George Romero para o subgenero e faz de sua narrativa uma fábula da condição humana. 

“Madrugada dos Mortos”, de 2006, colocou Zack Snyder no mapa ao refilmar com brilho o clássico de Romero, mantndo seu espírito mas modernizando algusn princípios. Em 2007, o superastro Will Smith estrelou a terceira versão para o cinema de “Eu Sou a Lenda”, em que ele busca uma cura para um virus artificial que condenou a Humanidade usando os infectados como cobaias. Com consequencias trágicas.

Só este ano foram lançados “Virus”, “O Livro de Eli”, “A Estrada” e “A Epidemia”, todos abordando o fim da civilização (americana?) por uma epidemia misteriosa ou outro fator não detalhado.

Diferente da onda apocalíptica dos anos 80, a Nemesis da Humanidade não será mais a guerra nuclear, mas a ciência mal utilizada, o homem brincando de ser deus. Pode tanto criticar o fundamentalismo religioso – como em “O Nevoeiro” – como reforçá-lo – como “O Livro de Eli”.

Trata-se de um mero modismo ou a representação de noso tempo por meio da produção cultural? Os filmes de criaturas modificadas pela radiotividade nos anos 50 foram intepretados posteriormente como representação do medo do Holocausto nuclear, enquanto as histórias de invasões alienígenas o temor de uma invasão soviética. O apocalipse atômico dos anos 80  - “Mad Max 2”, “O Dia Seguinte”, “Blade Runner”, “Akira”, entre outros – refletia a opinião generalizada de que o confronto entre EUA e URSS parecia inevitável.

Tudo se dissipou em parte após a queda do império soviético, mas um novo temos parece estar sendo projetado nas telas de cinema e transmitido nas telas planas das TVs. Os zumbs representariam a horda de sub-humanos ávidos por avançar sobre o modo de vida americano? A crise do qual o império ianque parece ser incapaz de superar está gerando uma nova era de paranóia?

A julgar pelas últimas eleições nos EUA, é o que parece. O obscurantismo ganha espaço e em breve a solução de atirar nas cabeças dos zumbis parecerá óbvia a muitos. 

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