segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Beatles forever

Durante anos o mundo parecia dividio entre quem gostava mais dos Beatles e quem era mais Rolling Stones. Depois que os Fab Four se separaram, a divisão passou a ser quem era mais John ou Paul. O assassinato do primeiro o transformou num mito, enquanto seu parceiro permaneceu humano, falível. E multimilionário.

O show dele no domingo (que infelizmente só vi na TV) mostra que a mítica dos Beatles sobrevive com ele. Aos 68 anos, sir Paul ainda mantém aquela jovialidade que contribuiu para gerar a beatlemania. Um fenômeno que não se restringe aos anos 60.
Mas o que exatamente os distinguia das muitas bandas que surgiram na mesma época na Inglaterra? Já me disseram que era a harmonia vocal dos quatro, outros atribuem ao modelo comportado criado por Brain Epstein (composto pelos cabelos pajem e terninhos) e tem até quem ache que era a batida do reconhecidamente limitado Ringo Starr é que fazia a diferença. Sejá lá qual era a mágica, ela parece funcionar até hoje, e levas de fãs se formam a cada geração.
Das músicas consideradas simples com letras tolas da primeira fase (e que mesmo assim fazem parte da memória coletiva da civlização ocidental), eles partiram para experimentações que só eram possíveis por que eles eram os Beatles. Fizeram o primeiro concerto de rock num estádio aberto (o Shea Stadium, em Nova York), a primeira distorção de guitarra feita em gravação em Day Tripper, introduziram a cítara no rock em Norwegian Wood, fizeram o primeiro lançamento de música transmitida via satélite para o mundo todo com All You Neede is Love, criaram o disco conceitual com Sgt. Peoples Lonely Hearts Club Band, usaram uma orquestra sinfônica só para fazer efeito em A Day in the Life, foram os primeiros gravar em oito canais e fizeram o  primeiro heavy metal da história com Heler Skelter (quem diz não sou eu, mas Kid Vinil em seu Almanaque do Rock). Mesmo na pimeira fase “ingênua”, há quem considere She Loves You revolucionária por romper o estigma dos tres acordes que caracterizavam o rock até então, introduzindo acordes dissonantes de sexta maior e sétima maior, até então, possíveis apenas no jazz (!). Sem falar que a música dos Beatles sintetizou os anos 60, como é mostrado no filme Across the Universe.
Depois do fim, em 1970, todos tiveram carreiras importantes, especialmente Paul, do ponto de vista comerial, e Lennon, como polemista e ativista anti-guerra. Mas comparar os Beatles com o que cada um fez sozinho é comparar o que Pelé fez no Santos com sua passagem pelo Cosmos. Mas, da mesmoa forma que o Rei do Futebol é recebido com festa em todo o planeta; Paul McCarntey, a metade restante da dupla de compositores mais ouvida no mundo, ainda eletrifica todo o lugar em que ele se apresenta, mesmo a quilometros de distancia do palco, como se fosse uma energia residual de All These Years Ago.

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