terça-feira, 20 de setembro de 2011

População informada e atuante pode mudar as coisas (publicado na Tribuna de sábado)

• “Conserto” prometido pelo prefeito demonstra poder de mobilização da comunidade

Inutil paisagem Obelisco deve ser reconstrúido em local próximo ao original
Não pretendia retornar ao assunto, mas já que o prefeito Reinaldo Nogueira resolveu consertar o erro, retomamos o assunto. Para quem não sabe, em entrevista na última quarta-feira à Rádio Jornal – em cujos estúdios ele se sente cada vez mais “em casa” – nosso alcaide reconheceu que houve um erro e que vai reconstruir o obelisco da rotatória do “Telhadão” em local próximo. A informação foi confirmada pela Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura. Lógico que ele não citou a Tribuna de Indaiá em sua fala, mas é inegável que o barulho provocado pelo jornal acendeu o debate que pegou fogo pela internet, principalmente no Facebook, onde surgiu uma nova comunidade, Indaiatuba Ativa, criado na segunda-feira e que até quinta-feira já tinha 278 membros.
A exemplo do Doutor Hélio, quando quis desqualificar a votação do seu impeachment, o prefeito Reinaldo Nogueira disse que a movimentação em torno do assunto era “política”. Ora, mas certamente que é. Tudo o que se refere a vida da cidade é política, ou  “arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.”
Então, quando cidadãos protestam e debatem assuntos relativos a nossa cidade é sempre política, independente de partidos. O fenômeno internet permite que as mobilizações aconteçam em tempo muito curto e que os assuntos repercutam em tempo real. Mas ainda assim, um “empurrãozinho” das mídias tradicionais são necessárias, como se vê nesse caso e no impeachment do Doutor Hélio.
O prefeito de Campinas caiu nem tanto por conta da mobilização de seus opositores, mas pela indignação dos cidadãos diante da gravidade das denúncias do Ministétrio Público, suficientes para que a Justiça decretasse prisão temporária de vários denunciados, inclusive do vice-prefeito Demétrio Vilagra, atualmente no comando do Executivo. Tudo com uma cobertura histórica dos meios de comunicação, principalmente da EPTV, que mudou a habitual pauta “água com açucar” de seu telejornal vespertino para bombardear o espectador diariamente com repercussão do caso ou com novas denúncias. Mesmo que nada ligasse diretamente o nome de Hélio de Oliveira Santos aos escândalo da Sanasa, o envolvimento de sua esposa, tida como chefe da quadrilha, provocou o seu impeachment. “Não basta à mulher de César ser honesta, ela tem que parecer honesta.”
Em Indaiatuba, a destruição do obelisco é um elemento a mais dentro diversos outros assuntos, como o muro milionário da Câmara erguido por empresas fantasmas e a desapropriação pelo Município de terreno do próprio prefeito – tudo denunciado e apurado pela imprensa – , que vem causando uma crescente indignação pública manifestada na internet. A reconstrução do monumento é, certamente, uma vitória da mobilização pública apartidária em conjunto com a mídia. Mas ela não deve ficar restrita a isso. A luta para contruir a cidade que sonhamos, mais humana, mais segura, com maior transparência, passa pela informação, discussão e ação.
PS: fora o custo da reconstrução que vai recair sobre os impostos que todos pagamos, não vejo nada de errado na reconstrução, já que se trata de um projeto do artista José Paulo Ifanger e não uma escultura. Da mesma forma, a manutenção do muro de taipa do Pau Preto, que na verdade ruiu há muitos anos atrás, também é importante pela questão simbólica. No Japão, o Templo de Ise, erguido em madeira há 1.500 anos e que é reconstruído a cada 20 anos seguindo o projeto e método originais. Então, há mais antiga estrutura civil da cidade merece ser também ser preservada pelo mesmo método, como testemunha de nossas origens.

2 comentários:

Jair Italiani disse...

Kimas, ainda estou inconformado com esse negócio de Campinas. O prefeito cai porque disse que não sabia da corrupção que, digamos, não dormia ao lado, mas na mesma cama... O vice que está até os últimos fios de cabelo enrolado nesse escandalo assume e fica no cargo porque ele não era prefeito quando meteram a mão no dinheiro do povo. Ora, então roubar pode, só não pode ser o chefe????

Kimura disse...

Bom, Jair, infelizmente essa é a lei no que se refere ao impeachment. Talvez uma PEC possa incluir algum artigo que impeça vice ou presidente de Câmara envolvidos em casos de corrupção de assumir a titularidade do Executivo, caso contrário, não há o que fazer. É como a Lei da Ficha Limpa, é boa, mas inconstitucional.