terça-feira, 26 de abril de 2011

Casamentos reais ingleses no cinema

prince-william-and-kate-middleton-pic-reuters-134052115
Mais uma vez o planeta fica hipnotizado por um casamento real britânico. O último a capturar a atenção mundial havia ocorrido há quase 30 anos, justamente o dos pais do principe William, Charles e Diana. A cerimônia que vai tornar a plebéia Kate Middleton princesa de Gales na sexta-feira promete ter uma audiencia de dois bilhões de espectadores, provavelmente maior que a do Oscar.
diana_wedding
Por que, dentre todas as monarquias do mundo, é a casa real inglesa que desperta tanto fascínio? Pela mesma razão pela qual o futebol se espalhou pelo mundo: o Impértio Britânico. Foi a última monarquia a governar grande parte do mundo, e mesmo países não oficialmente colonizados, como o Brasil, tinham enorme dependenca econômica de Londres. Afinal, além de ter uma gigantesca divida em bancos britanicos, quase todas as ferrovias do País eram de capital ingles. Quando se estudava História Geral na escola era praticamente as da Inglaterra e da França a partir da Idade Média. Logo, estávamos familiarizados com Ricardo Coração de Leão, o soberano de Robin Hood, a Guerra das Duas Rosas, Elizabeth que derrotou a Invencível Armada e até mesmo do Rei Arthur, que ninguém sabe se existiu de verdade.
68890
Na verdade, foi por causa de um casamento – ou a anulação dele – que aconteceu o grande cisma entre o Reino da Inglaterra e a Igreja de Roma. Tudo porque Henrique VIII queria se separar da espanhola Catarina de Aragão para de casar com Anne Boleyn. Não era apenas luxúria – embora fosse, em parte – mas uma questão de estado, já que o rei queria um filho homem e de Catarina só havia sobrevivido uma menina, Mary. A oposição da Igreja era mais política que dogmática, já que Catarina era tia do imperador Sacro-Romano Carlos V, que havia saqueado Roma e matinha o papa prisioneiro. Henrique, até então um defensor da Igreja contra a Reforma de Lutero, criou uma cópia do rito romano, só que no qual o rei e não o papa era o líder. Isso permitiu que, além de se casar e descasar a vontade, confiscasse as terras da Igreja e das abadias da Inglaterra. Grande parte dessa riqueza ele desperdiçou em palácios, mas uma parte foi destinada à modernização da frota, que foi o pontapé inicial para a Marinha que dominaria os mares nos séculos seguintes.
Outra consequencia dessa briga há quase 500 anos, até hoje a consorte do futuro rei pode ser islamica, budista, umbandista – menos católica!
Com enormes licenças poéticas, o reinado de Henrique VIII é contado na macrosserie The Tudors, estrelada por Jonathan Rys Meyers, que teve quatro temporadas (entre 2007 e 2011, mas as melhores são as duas primeiras, com uma deliciosa Anne Boleyn vivida pela desconhecida inglesinha Natalie Dormer, abaixo, devidamente acochada por Rys Meyers).
The Tudors 4
Também há o filme A Outra (2008), com o dream team Natalie Portman e Scarlet Johansson como as irmãs Anne e Mary Boleyn, que o Henrique VIII Eric Bana traçou em sequencia. Como só Raquel Zerbini acha que Bana convence como macho, o filme passou em brancas nuvens.
otherboleyngirl
A mesma história gerou outros dois filmes importantes no passado. O Homem que não vendeu a sua alma (1966), venceu seis Oscar, incluindo o de filme, diretor para Fred Zinemann e ator para Paul Scofield como Thomas Moore. Robert Shaw, de Tubarão, era Henrique VIII e uma jovem Vanessa Redgrave interpretava Anne Boleyn (abaixo).
Annex - Shaw, Robert (A Man for All Seasons)_02
Ana dos Mil Dias (1969), foi indicado para 10 estatuetas e só levou a de figurino. A canadense Genevieve Bujold, atriz de prestígio na época, foi Anne Boleyn e e Richard Burton era seu Henrique VIII.
anne_of_the_thousand_days_1969
Ironicamente, com toda obsessão de ter um herdeiro homem, seu único filho, Eduardo VI, morreu jovem e foi sucedido pelas irmãs Mary - que por conta de sua perseguição aos protestantes ganhou o apelido Bloody Mary e acabou batizando um drique com vodka, suco de tomate e pimenta -  e Elizabeth, que foi a mais popular soberana da história da Inglaterra. Talvez pelo trauma de ver seu pai descartar consorte após consorte (mandou decapitar duas, incluindo a mãe de Elizabeth, Anne Boleyn) resolveu se imortalizar como A Rainha Virgem e nunca se casou. Com isso sua dinastia se extinguiu com ela. Cate Blanchett viveu a rainha Bess em dois filmes, Elizabeth (1998) e Elizabeth, A Era de Ouro (2007).
elizabeth-the-golden-age-0
Pulando para o século XX, já no ocaso  do Império Britânico, outro casamento colocou a monarquia em risco. O então Principe de Gales, Edward, se apaixonou por uma americana, Wallis Simpson, que além de plebéia, era ainda casada quando se conheceram e não tinha uma reputação muito boa. Quando seu pai George V morreu e ele assumiu, continuou firme na intenção de casar com Mrs. Simpson, o que era inaceitável. Então, ele abdicou em favor de seu irmão Albert, que assumiu como George VI (a sua avó Vitória havia proibido que qualquer de seus sucessores usasse o nome do marido, Albert, como soberano, por achar que isso diminuriira sua estatura na história). Essa história está em O Discurso do Rei (2010), com Colin Firth e Helena Booham-Carter (embaixo), que levou os principais Oscar no ano passado, ainda que o roteiro se atenha mais aos problemas de fala do pai da atual rainha Elizabeth. O casamento entre o então principe Albert e Elizabeth Bowes-Lyon, em 1923, não foi tão badalado porque ninguém esperava que ele se tornasse rei. Por isso, o fato de Elizabeth não pertencer a uma família real europeia, como era o hábito até então, passou meio batido. Mas ela era da nobreza escocesa, no entanto.
The King's Speech Wallpaper
O próximo casamento real, o da atual rainha Elizabeth com o principe Philip, em 1947, foi realizado nos tempos duros do pós-guerra, mas ainda assim virou evento midático, virando pano de fundo para um dos grandes musicais de Fred Astaire, Núpcias Reais, lançado em 1951. Eram tempos pré-televisão via satélite e os eventos repercutiam com mais lentidão….
Royal_Wedding
O verdadeiro casamento do século XX foi mesmo o de Charles e Diana, realizado com toda pompa e circunstância em julho de 1981. Desde o principio, a bela e melancólica Lady Di conquistou o público no que parecia ser um conto de fadas. Longe disso, como veríamos mais tarde, e crise conjugal dos dois novamente colocou a monarquia em cheque, especialmente a morte trágica da princesa, como é brilhantemente apresentado em A Rainha (2006) de Stephen Frears, que deu o Oscar a Helen Mirren por sua composição de Elizabeth II.
mirren_queen_wideweb__470x312,0
Um resultado do trauma nacional pela morte de Diana é a impopularidade do herdeiro Charles. O povão não entende como é que ele chifrava a doce Diana com o tribufu Camila Parker Bowles, mas, entre quatro paredes, há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, como diria aquele contador das histórias de tantos soberanos ingleses.
 1218_camila_parker_bowles_getty_02

4 comentários:

Barbara disse...

que mulher nao queria estar casando com o principe William? tudo bem que ele ja foi mais bonito..mas mesmo assim..

Barbara disse...

que mulher nao queria estar casando com o principe William? tudo bem que ele ja foi mais bonito..mas mesmo assim..

Raquel Zerbini disse...

Muito bom o post!
E com todo respeito pelo princípe Willian, como postado acima eu ainda sou mais o Eric Bana...ele pode não convencer como machão em A Outra, mas assistindo 15 minutos de Tróia fico convencidíssima...rsrsrs!!!

Raquel Zerbini disse...

Muito bom o post!
Com todo respeito ao príncipe Willian, não concordo com o cometário acima, como dito no texto prefiro o Eric Bana, que apesar de não convencer como machão em A Outra em 15 minutos de Tróia me deixa convencidissíma...rs!