segunda-feira, 25 de julho de 2011

A morte de Amy

Demorei um pouco para absorver a morte de Amy Winehouse, que por um curto período de tempo foi arauto da possibilidade de um pop de qualidade, inspirado no que de melhor fizeram os negros americanos, raspando na trave do jazz. Tudo isso se acabou em mais uma morte prematura, dentro de uma tradição que não começou no rock. Antes de Brian Jones, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain, outros talentos se acabaram em álcool, drogas e tendencias autodestrutivas, como Bix Biederbecke, Charlie Parker, Billie Holiday e James Dean. Mas só no rock existe a mística dos 27 anos.
Sinceramente achei que Amy escaparia do lugar-comum do gênio que se vai jovem, mas me enganei. Com apenas dois CDs, sendo um genial, seu legado é pequeno, mas seus feitos são marcantes. Esquisita num showbiz dominado por garotas lindas, criou uma assinatura visual que a destacava. Fez um álbum conceitual que vendeu aos milhões num século em que a centenária industria fonográfica agoniza rapidamente. Usava a voz num tempo que as outras só rebolam. Já é festejada como a maior artista pop deste século.
No palco, era uma garota magrela, que possivelmente se apoiava no álcool para superar a timidez e se apresentar para uma multidão de estranhos. Estranhos estes que acompanharam sua ascensão e queda por tablóides e sites de fofocas. Não sobreviveu a isso mais à pressão de repetir ou superar seu grande Back to Black. É dificil sobreviver ao próprio apogeu, como descobriu Michael Jackson.

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