terça-feira, 7 de julho de 2009

A Mulher Invisível


Luana Piovani é como Romário: pode se dar ao luxo de ser metida, ao menos no que se refere ao sex-appeal. Agora, que ninguém espere que ela atue como Fernanda Montenegro, né?

Esta semana chegou a Indaiatuba a comédia romântica nacional "A Mulher Invisível" e às bancas o DVD da Coleção veja, "Harry e Sally - Feitos uma para o Outro". Este último foi o guia para as produções do gênero a partir dos anos 90, mesmo porque a roteirista Nora Ephron tornou-se diretora de pelo menos outros dois grandes sucessos, "Sintonia de Amor" e "Mensagem para Você".
Discípula confessa de Woody Allen, ela diz nos extras do DVD que há duas vertentes na comédia romântica: a cristã e a judaica. na primeira, os amantes são separados por obstáculos externos, como uma doença, uma questão étnica, uma desavença familiar. No segundo, em que Woody Allen é o grande mestre, o impedimento está por conta das neuroses, inseguranças e medos dos apaixonados.
Bom, mesmo sem o pedigree israelita na ficha técnica, "A Mulher Invisível" enquadra-se na tradição judaica. Pedro (Selton Mello) não vê Vitória (Maria Manoella) porque, primeiro, está imerso na paixão não correspondida pela esposa (Maria Luisa Mendonça) que virá a traí-lo e abandoná-lo, e depois por mergulhar na depressão. Ela não se declara por timidez e insegurança. E o que é neurose em Pedro logo vai evoluir em psicose quando ele começa a namorar o fruto de sua imaginação.
Algo que Nora e o diretor Rob Reiner também frisam sobre o sucesso de "Harry e Sally" (o depoimento foi colhido dez anos depois do lançamento do filme) é que ele trata sobre a diferença entre homens e mulheres. Diferentemente dos filmes posteriores que ela escreveu e dirigiu sozinha, "Harry e Sally" dá espaço para o elemento masculino, em grande parte fornecido pelo próprio Rob Reiner, que a exemplo do personagem de Billy Cristal, também andava depressivo por causa de uma separação após um relacionamento de dez anos.
Em "A Mulher Invisível", os dois sexos estavam bem representados. Do argumento escrito pelo diretor Cláudio Torres, foram acrescentadas contribuições de Cláudio Paiva - roteirista de "A Grande Família" - mais de Adriana Falcão ("Se Eu Fosse Você") e da atriz Maria Luisa Mendonça.
Os rapazes devem ter ficado com a composição de Pedro e do amigo canalha Carlos (Vladmir Brichta) e as moças com Vitória e sua irmã (Fernanda Torres, irmã do diretor). Agora, não há dúvida que tanto a escolha da atriz quanto a composição da personagem Amanda coube aos homens. Talvez o exagero dela acompanhar com interesse um jogo da 3a Divisão (só conheço um amigo que faz isso) seja sugestão feminina, mas quando ela conta sua vida para Pedro é puro fetiche masculino.
Também observa-se o esforço por evitar a saída fácil, mas aí o roteiro opta por uma coda de óbvia, porque comédia romântica em que os protagonistas não ficam juntos não é comédia romântica. Mesmo que eles sejam três.
"A Mulher Invisível" está sendo exibido até quinta às 17h10 e 22h, e a partir de sexta, somente às 22h.

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