segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Globo de Ouro alfineta Oscar premiando Ben Affleck

Bill Clinton foi dar uma força para "Lincoln", do amigo Steven Spoelberg. Nãp adiantou muito...
Antigamente se dizia que o Globo de Ouro, segunda premiação mais importante do cinema americano, era uma espécie de prévia do Oscar. Não é e nunca foi, já que os votantes são muito diferentes (90 correspondentes estrangeiros no primeiro versus um imenso colégio eleitoral cuja misteriosa formação mistura ex-indicados, profissionais da área e gente que pouco tem a ver com a indústria) e há uma tendência do Globo ser mais ousado que a conservadora Academia de Hollywood. Em 2006, por exemplo, a Associação de Críticos Estrangeiros teve a coragem de eleger “Brokeback Mountain” como melhor filme, enquanto a Academia moitou, dando o Oscar para o condescendente “Crash”, mas premiando Ang Lee como melhor diretor.
Ontem, domingo, aconteceu a 70a cerimônia de entrega dos Globos de Ouro, que também premia programas de televisão (é o segundo em importância do segmento, perdendo só para o Emmy). Tem mais cara de festa que o Oscar, já que os astros se sentam em mesas e a bebida rola solta ainda durante a premiação, e não só depois como no Kodak Center.
O bom “Argo” – único concorrente que assisti -- consagrou-se com os troféus de filme dramático e diretor para Ben Affleck, esnobado pela Academia, que não o indicou na categoria. O favorito Lincoln ficou com um solitário premio de ator para Daniel Day-Lewis. Este é, talvez, o grande ator de cinema em atividade, o que será confirmado se receber um inédito terceiro Oscar como ator principal. Sally Field, que estava cotada para atriz coadjuvante pelo mesmo filme, viu Anna Hathaway receber seu primeiro premio importante por “Os Miseráveis”. Seu equivalente masculino foi, de novo, Christoph Waltz por “Django Livre”, repetindo seu filme anterior com Tarantino, “Bastardos inglórios”, que o colocou no mapa do cinema internacional. Hugh Jackman no icônico papel de Jean Valjean, o herói de “Os Miseráveis”, foi o melhor ator em comédia ou musical, enquanto a jovem e talentosa Jennifer Lawrence (“Jogos Vorazes”, “X-Men Origens: Primeira Classe”) recebeu o premio como melhor atriz de comédia ou musical por “O lado bom da vida’.
Jessica Chastain foi a melhor atriz em filme dramático por “A Hora mais Escura”, o polêmico filme de Kathryn Bigellow (“Guerra ao Terror”) sobre a operação para matar Osama Bin Laden, que envolveria tortura para obtenção de informações. Como disse a apresentadora Tina Fey, a cineasta entende do assunto já que foi casada com James Cameron por três anos.  Jennifer e Jessica eram rigorosamente desconhecidas até 2010 e hoje já podem set consideradas estrelas.
Mostrando que os estrangeiros gostam mesmo dele, Quentin Tarantino recebeu o premio de melhor roteiro, enquanto o rotineiro “Valente” foi a melhor animação, numa lista significativamente diferente da do Oscar. Adele recebeu o premio por melhor canção por “Skyfall” e o canadense Mychel Danna pela trilho sonora de “As Aventuras de Pi”. O filme estrangeiro vencedor foi “Amor”, de Michael Hanecke, também favorito ao Prêmio da Academia.

A relativa ousadia pode ser vista também nas premiações para TV, como a elogiada “Girls” abocanhando os prêmios de melhor séria de comédia – contra os sucessos “The Big Bang Theory” e “Modern Family” – e atriz para a criadora do programa, Lena Dunhan. “Homeland”, que já havia ganhado o premio de melhor série dramática e atriz para Claire Danes no ano passado, repetiu a dose e ainda teve o reforço do troféu para o protagonista masculino, Damien Lewis. A brasileira Morena Baccarin bem poderia levar um premio como atriz mais bonita da TV, se houvesse...
O telefilme “Virada no Jogo”, sobre a campanha presidencial derrotada de John Mccain, recebeu o premio da categoria e também de melhor ator coadjuvante para Ed Harris como o candidato republicano derrotado por Barack Obama em 2008, e para Julianne Moore, enfim ganhando uma láurea importante no papel da governadora do Alaska, Sara Palin, o que rendeu piadas de Tina Fey, cuja semelhança com a candidata a vice-presidente foi constante fonte de sátiras no “Saturday Night Live”. John Cheadle, como melhor ator de série de comédia ou musical por “House of Lies”, a dame Maggie Smith por “Downtown Alley” como atriz coadjuvante em minissérie ou filme para TV, e a ressurreição da carreira de Kevin Costner, melhor ator de minissérie ou filme para TV por “Hatfileds & McCoys”, completaram as premiações para telinha.
Jodie Foster fez um discurso corajoso ao receber o premio Cecil B. de Mille

Dois momentos marcantes da cerimônia foram a presença do ex-presidente Bill Clinton, que anunciou o clipe de "Lincoln", do amigo Steven Spielberg, e o discurso de Jodie Foster ao receber o premio Cecil B. de Mille por sua carreira de 47 anos. Ao contrário das falas protocolares, Jodie foi fundo ao falar sobre a exposição precoce, amizades, profissionalismo e sua "saída do armário anos atrás, na idade da pedra".

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