Calma, Zachary, você é Spock, não Sylar!
Estréia esta semana em todo o planeta Terra o aguardado “Star Trek - O Futuro Começa”, a retomada da maior franquia de ficção-científica de todos os tempos (desculpe, George Lucas). “O espaço: a fronteira final.” Se você não sabe de onde vem essa frase – ou até sabe, mas não liga – então você não é um trekker. Um trekker é um iniciado no universo crido por Gene Roddenberry no início dos anos 60. São vários graus de iniciação, desde os que preferem aos seriados mais recentes – heresia! – até os que colecionam livros, DVDs de todas as série filmes e miniaturas das diversas Enterprises e seus tripulantes. Encontro-me num nível intermediário: assisti todos os spin off televisivos – não integralmente – e longas-metragens. Até li um livro sobre a série original em inglês. Mas, acredite, tem gente muito pior. Por exemplo a Sônia, médica-oncologista que me emprestou o tal livro. E pensar que o doutor McCoy compara a quimioterapia com a Inquisição em um dos filmes da franquia...
O corajoso J.J. Abrahms, criador de “Lost”, “Alias” e “Cloverfield, O Monstro” – sabia muito bem o tamanho da encrenca em que estava se metendo quando topou pegar a saga da Enterprise e sua tripulação desde o início. Não se jogam fora cinco seriados, 10 longas e uma série de subprodutos que incluem uma série de animação e HQs de uma hora para outra.
O diretor do último “Missão: Impossível” pode ser ousado, mas não é louco. Mesmo confessando não ser fã da franquia, teve o cuidado de convocar o mais icônico personagem de “Jornada nas Estrelas” (para quem não sabe, o título em português da franquia até outro dia): o senhor Spock, Leonard Nimoy. Tendo assegurado um link confiável com o passado, Abrahams se dedicou a desconstruir a mitologia, ou pelo menos trazê-la para o século XXI, ainda que ela se passe ironicamente no sáculo XXIII.
O filme conta como o jovem James Tiberius Kirk (Chris Pine, par romântico de Lindsay Lohan em “Sorte no Amor”) entra na Academia Estelar, após uma juventude transviada. Na escola militar conhece aqueles que serão seus amigos e colegas de tripulação durante toda sua vida: o oficial de ciências vulcano Spock (Zachary Quinto, o vilão Syler de “Heroes”), o médico Leonard “Bonés” McCoy (Karl Urban, de “Senhor dos Anéis” e “Doom – O Filme”), o engenheiro escocês Scotty (Simon Pegg, de “Chumbo Grosso”) e a oficial de comunicações Nyota Uhura (Zoe Saldana, de “Ponto de Vista” e “O Terminal”). Também estão presentes os personagens Hikaru Sulu (John Cho, ator com currículo televisivo) e Pavel Checov (Anton Yelchin, de “Alphadog”). Todos se unirão contra a ameaça representada pelo romulano Nero (Eric Bana, de “Munique” e “Tróia”), que volta do futuro junto com um velho Spock (o próprio Leonard Nimoy) em busca de vingança contra o vulcano e contra a Frota Estelar.
O site Rotten Tomatoes (tomates podres) – que recolhe resenhas de jornais, publicações e sites especializados de todos EUA – dava inacreditáveis 94% de opiniões positivas sobre o filme, o que é bom indicador, mas não decisivo, especialmente para o público brasileiro, que nem sempre acompanha o gosto dos americanos (felizmente!). Mas o Omelete – portal tupiniquim de cinema, HQ e games – publicou um crítica do nerdíssimo Eric Borgo amplamente favorável ao trabalho de J.J. Abrahams.
Plaster, que na verdade é de Madrid, ameaça o Spirit
Espírito sem alma
Finalmente chega a Indaiatuba “The Spirti”,a verão para o cinema do herói das HQs dos anos 40/50. O diretor e roteirista Frank Miller teve a bênção do próprio Will Eisner, um orçamento decente e um elenco de mulheres maravilhosas para fazer jus ao espetacular elenco de vilãs do Spirit. O que podia dar errado? Aparentemente, tudo. Miller é um gênio dos quadrinhos – maior que Alan Moore, na minha opinião – mas não é cineasta. A experiência que o animou a tentar de novo a Sétima Arte (após a desastrosa experiência como roteirista em “Robocop 2 e 3”) foi a parceria com Robert Rodriguez em “Sin City”. Por mais que o filme seja calcado na HQ original do criador d’”O Cavaleiro das Trevas”, tinha a larga experiência de Rodriguez por trás das câmeras. Sozinho, Miller não soube perceber os limites entre cinema e quadrinhos.
Também o estilo de Eisner não é tão filmável quanto o de Miller. É Arte Gráfica, como o próprio Eisner denominou. As histórias clássicas do Spirit eram contadas em rigorosas sete páginas, num primor de concisão e diagramação que nunca mais foram alcançadas por nenhum outro artista dessa linguagem. Miller era um legítimo discípulo de Eisner, mas trabalhava no formato revista, com muito mais liberdade para desenvolver suas tramas. O Spirti era engessado pelas páginas reservadas a ele nas edições de domingo dos jornais e foi sob essa limitação que seu autor desenvolveu sua arte.
Dito isso, vamos ao filme. Denny Col (Gabriel Mach, de “O Bom Pastor”) é um policial que depois de levar vários tiros de um bandido, descobre que tem um “fator cura”, para usar um termo mutante (nas HQs, a prodigiosa capacidade de recuparação do herói nunca é explicada, simplesmente acontece). Passando a atuar como o detetive independente Spirit, incomoda o chefão Octopus (cujo rosto nunca é mostrado nos quadrinhos mas no filme ganha a cara de Samuel L. Jackson) que manda para cima do mocinho uma impressionante galeria de femme fatales: a enfermeira Silken Floss (Scarlett Johanson), a ladra internacional Sand Saref (Eva Mendes), a sereia Lorelei Vox (Jamie King, de “Sin City”) e a dançarina exócia Plaster of Paris (a espanhola Paz Vega, de “Espanglish” e “Lúcia e o Sexo”). Do lado do Spirit estão o comissário Nolan (Dan Lauria, mais conhecido como pai de Kevin Arnold em “Anos Incríveis”) e sua filha Ellen (Sarah Paulson, de “Abaixo o Amor”), que também é médica e namorada oficial do herói.
É tudo verdade ou efeito da quimioterpia?
Sessão espírita no hospital
“Evocando Espíritos” é baseado num livro que conta a experiência de uma família em Connecticut, quando para lá se mudaram em 1986 em busca de um tratamento do câncer do jovem Matt. O pai tenta de livrar do alcoolismo enquanto a mãe faz\ de tudo parta tentar salvar seu filho.Mas quando o rapaz começa a terapia, ele começa a sentir e ver coisas, que podem estar ou não ligadas à sua doença. Chama a atenção ao fato do roteirista Adam Simons ser autor do celebrado documentário “American Nightmare”, sobre a era de ouro dos filmes de terror ianques, nos anos 70 e 80. No elenco estão Kyle Gallner, do seriado “Big Love”; Virginia Madsen, indicada ao Oscar por “Entre umas e outras” e Elias Koteas, de “Zodíaco”.
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