terça-feira, 11 de maio de 2010

Enfim, a seleção!


No fim, deu o que, no fundo, todo mundo sabia o que ia dar. Dunga chamou seus 23 anões e deixou de fora os badalados Neymar e Paulo Henrique Ganso. A grande surpresa foi a troca de Adriano por Grafite, mas mesmo aí o técnico manteve a coerência, já que uma das grandes críticas ao grupo de Parreira em 2002 foi a forma física com que alguns atletas se apresentaram, entre eles Adriano, que à exemplo da última Copa, está completamente fora de forma e aparentemente alheio à seleção brasileira. Não merecia ir mesmo.

Há quem deva ter ficado tão indignado com a convocação que pretenda torcer contra. Não chego a tanto, mas acho que é difícil que cheguemos a ir longe com esse time. Em todas as Copas que ganhamos algum craque - ou mais de um - estava em estado de graça e, desta vez, temos um apenas a quem chamar de craque e este não parece estar em condições nada abençoadas, que é o caso de Kaká. Luis Fabiano, nosso matador, é um ótimo centroavante mas não é Romário. Fora isso, quem mais terá condição de decidir quando a coisa apertar, o que é uma constante numa Copa do Mundo?
Senão, vejamos: em 1958, além dos emblemáticos Garrincha e Pelé, havia um iluminado Didi dando passes de 40 metros e chamando a responsabilidade para si quando foi necessário. Em 1962, quando Pelé saiu machucado, Garrincha assumiu a condição de craque do time e o carregou até a final. Em 1970... bom, além de Pelé, tivemos um Tostão genial contra a Inglaterra e um Clodoaldo garoto que se mandou para o ataque para empatar a semifinal contra o Uruguai, nos dois momentos mais difíceis daquela Copa.
1994 ainda está na memória da maioria e nem é preciso lembrar que sem Romário em sua melhor forma não haveria Tetra. Em 2002, Rivaldo e Ronaldo fizeram a diferença em grande parte do torneio, mas contra a Inglaterra, o adversário mais temível e tradicional antes da final contra os alemães, quem resolveu foi Ronaldinho, mesmo tendo sido expulso no final do jogo.

Outras seleções, como a Alemanha e a Itália, podem ganhar sem ter um grande time ou um craque iluminado em campo. Não o Brasil, ao menos não até hoje. Houve momentos inusitados, como Josomar em 1986 e seus dois gols espíritas que dera a impressão a quem nunca o tinha visto de que se tratava de um craque (longe disso), ou Denilson em 2002, quando fez a defesa da Turquia inteira correr atrás dele. Mas para sustentar uma campanha inteira tem que ser craque.

Neste exato momento em que escrevo esta linhas Dunga está justificando a ausencia de Neymar e Ganso com a falta de experiencia deles na seleção e sua responsabilidade para ganhar esta Copa. Acho até que ele tem razão, mas vamos à história de novo. Em 1994, Parreira apostava tudo em Raí, então, o craque do time. Chegou a Copa e o ex-meia do Paris Saint Germain estava em má fase técnica. O técnico tentou insistir nele, mas logo viu que ele não poderia fazer o que dele se esperava. Aí ele montou o esquema tão criticado, com dois meias que eram uma espécie de apoiadores dos laterais, com Mazinho pela direita e Zinho pela esquerda. Romário e Bebeto ficavam meio isolados lá na frente, mas quando a bola chegava neles, geralmente eles resolviam.
Hoje, Kaka passa por uma fase técnica ruim, ou pior, com um problema físico que não se sabe s será sanado até a Copa. Qual o esquema altenativo? E, no caso, Luis Fabiano e Robinho (ou Nilmar) podem compensar a eventual falta de criatividade do meio de campo?
Agora Dunga justifica a convicação dos reservas em seus times, Luis Fabiano e Doni. Não acho que isso seja problema também. Gilmar dos Santos Neves era reserva do indaiatubano Laério Milani no Santos em 1958. Foi para a Copa como titular, virou campeão, e como é que o técnico Lula poderia voltar a colocá-lo no banco? Azar de Laércio. Em tempo, Gilmar já era um goleiro consagrado, mas deixou o Corinthians de forma conturbada e quando chegou ao Santos encontrou Laércio como dono da posição. Há quem diga que a convocação foi um favor pessoal de Feola para levantar a bola de Gilmar, mas o fato é que tratava-se do maior goleiro da história da seleção e a reserva era uma questão eventual e não de competência.

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