segunda-feira, 14 de junho de 2010

Trinta e duas é demais?

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Há um hábito na imprensa esportiva brasileira de criticar o inchaço da Copa do Mundo, que eram 16 de 1934 até 1978, 24 de 1982 até 1994 e 32 a partir de 1998. Há tenebroas lembranças de campeonatos brasileiros com mais de 90 clubes durante a ditadura militar (Onde a Arena vai mal, um time no Nacional. Onde a Arena vai bem, também), mas o fato é que a Fifa tem mais membros que a ONU e os países asiáticos e africanos precisam de vagas para que a Copa seja realmente do Mundo.
Para nós, brasileiros, para quem o Mundial é tudo ou nada, do alto das cinco conquistas, o torneio talvez devesse ser apenas da elite do futebol mundial. Como a antiga taça interclubes, restrita aos campeões europeu e sulamericano, hoje substituída pelo Mundial de Clubes, que inclui africanos, asiáticos e centroamericanos.
Mas para quem ama o futebol mas vive na periferia do esporte, pequenas conquistas obtidas na Copa, como uma classificação à fase final, uma passagem às oitavas, ou mesmo uma vitória sobre uma seleção do primeiro time já é algo inesquecível. No filme Transpotting, passado na Escócia, um dos personagens tem como objeto de estimação uma gravação em VHS do jogo da Copa de 1978 em que a sua seleção venceu a vice-campeã Holanda (acima). Em um episódio de Law and Order, um policial comenta de passagem que quando a Irlanda venceu a Itália no Mundial dos EUA, em 94, “nunca se bebeu tanto em Nova York”, cidade com enormes colonias irlandesa e italiana.
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E outro dia, o Sportv exibiu o documentário A Copa da Coréia do Norte, quando a seleção asiática protagonizou uma das maiores zebras de todos os tempos ao vencer a Itália (foto) e depois quase se classificar às semifinais, ao fazer 3 a 0 em Portugal. Só que os lusos tinham Eusébio, que virou o jogo em 5 a 3, com quatro gols do Pantera Negra, no que podeter sido uma das atuações mais decisivas de um jogador em uma partida de Copa do Mundo. Ainda assim, os coreanos foram recebidos como heróis por terem obtido a primeira vitória asiática em Mundiais (que eles não repitam isso amanhã!).
Mesmo os americanos, que costumam esnobar o soccer, fizeram um filme para celebrar a outra maior zebra das Copas, a vitória ianque sobre o English Team em 1950.Em portugues chama-se Duelo de Campeões mas no original é The Game of their lives (2005) e tem no elenco o Leonidas de 300, Gerard Buttler, no papel do goleiro Frank Borghi (embaixo).
Portanto, ainda que a disputa do título fique restrita aos supeitos de sempre, mesmo os que vem sem pretensões podem ter o que comemorar. Qualquer resultado positivo inédito será festejado em suas nações e inscreverá o nome dos jogadores em sua história. Mesmo nós, enfastiados brasileiros, celebramos a seleção derrotada de 1982 dentro dos anais do nosso futebol pentacampeão, pela beleza que proporcionou.

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