sexta-feira, 10 de junho de 2011

João 80


Para alguns, ele é apenas um chato. Para o mundo civilizado, é um dos maiores gênios da música popular em todos os tempos - isso considerando o jazz música popular. O impacto de "Chega de Saudade" foi o mesmo tanto para Caetano Veloso em Santo Amaro da Purificação quanto para Antonio da Cunha Penna em Indaiatuba: algo que nunca antes tinha sido escutado e que mudou para sempre os ouvidos mais sensíveis. Chico Buarque conta que, embora contemporaneo dos Beatles, não se deixou seduzir pelos Fab Four porque suas harmonias eram simples demais para quem já havia passado por João Gilberto. De fato, nos tempos áureos da Bossa Nova, rock'n roll no Brasil eram os irmãos Tony & Cely Campello, tão inócuo e casto quanto Paul Anka. Os alicerces da MPB só seriam balançados anos depois pela Jovem Guarda, liderada, vejam vocês, por um fã e imitador de João Gilberto, Roberto Carlos.
A música do baiano se impregnou de tal forma ao que se fez depois dele que ouvintes mais jovens, como eu, tiveram que fazer uma imersão para compreende-lo, depois de passar pelos discípulos Chico, Roberto Carlos, João Bosco, Toquinho e também pelos Beatles.
A aparente simplicidade de seu violão fez com que todo mundo resolvesse tocar o instrumento (ViGu, a revista com cifras Violâo & Guitarra, é uma consequencia disso). Sua aparente falta de voz fez com que diveros compositores vocalmente desfavorecidos e animassem a gravar (Vinicius foi um deles).
João chega aos 80 anos sobrevivendo a boa parte de sua geração (a garotada Zona Sul que ganhou fama nas festinhas no apartamento e Nara Leão é mais jovem) e permanecendo como turning point da música brasileira. Nada foi o mesmo depois dele e ninguém chegou perto do que ele faz.
Para entender um pouco mais da importancia de João Gilberto, clique aqui.

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