De executivo aposentado, Max Gehringer tornou-se uma celebridade midiática, especialmente a partir de suas aparições no Fantástico.
Virou uma espécie de guru da empregabilidade dando conselhos para quem está batalhando por um trampo, baseado não em manuais e palavras da moda, mas no bom senso e nas boas relações no trabalho. Dando respaldo às suas opiniões não estão títulos e diplomas ostentados por tanto palestrantes - muitas vezes fajutos - e sim uma carreira que começou no chão de fábrica e chegou à presidência de uma empresa.
O evento foi realizado pelo grupo Polis, que comprou a antiga Unopec - transformando-a em Policamp Indaiatuba - e a Faculdade Max Planck. Sou em geral reticente em palestras do gênero, escolado pelos anos atendendo empresas de grande porte em Joinville na década passada. Na época, as palavras em voga na gestão empresarial eram downsizing e reengenharia, que nada mais eram que eufemismos para corte de pessoal. Também estavam na moda os gurus do mundo empresarial, que se aposentavam e ganhavam ainda mais dinheiro com livros e palestras para executivos ávidos para saber como galgar as árduas escarpas da ascensão profissional, além de escapar do downsizing e da reengenharia.
Gehringer também se aposentou da vida corporativa e passou a escrever livro (um, e mal sucedido, segundo ele), artigos e dar palestras. Mas seu público-alvo não são homens de negócios e executivos, mas todos que querem ingressar no mercado de trabalho e fazer uma carreira razoável dentro de uma empresa. Não prega uma bíblia sobre empregabilidade mas que tratar bem os colegas de trabalho e contribuir para o resultado da empresa é o melhor a fazer para ser promovido. Óbvio que só isso não basta, mas evita que a pessoa sabote sua própria carreira. Não é nenhum segredo de Fátima, mas é muito útil.
Ao frisar a ética nas relações de trabalho - e na vida como um todo - o palestrante vai na contramão do mandamento profissional não-escrito que diz que o negócio é se dar bem a todo custo. Foi esse mantra praticado pelos profissionais do mercado financeiro que levou o mundo à crise atual. Quando se fala na Quinta-feira Negra de 1929 se tem a impressão que o mundo desabou num dia. Não foi bem assim, como observou o economista Eduardo Gianetti outro dia na Globo News. O processo que levou à Grande Depressão levou quase um ano e o cenário prévio era muito parecido com o que antecedeu a atual crise: um mercado autoconfiante e de alta especulação.
Um pouco de bom senso e menos ganância evitariam o desastre, mas aí seria uma contradição em termos no capitalismo financeiro. A arrogância e cupidez de poucos serão pagos com as economias e empregos de milhões. É essa economia que a Veja de 24 de setembro deste ano defendeu.
No mais, dá pra dizer que a palestra de Max Gehringer foi tão divertida quanto um espetáculo de stand-up comedy e muito mais educativa. Eu mesmo tentarei aplicar alguns conselhos e evitar inimizades e confrontos desnecessários.
Juro!
Um comentário:
Eu não assisti a palestra e já to tentando faz tempo... Juro! kkkkkkkkk
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