terça-feira, 27 de julho de 2010

Decepções em Sucupira



A versão cinematográfica de O Bem Amado exemplifica bem por que o cinema argentino tem se saído melhor no mercado interno e internacional que a nossa produção pós-retomada.A parte o fato da chanchada nao fazer parte do DNA cultural portenho, a excessiva influência televisiva, o didatismo político e a busca por formulas de sucesso de público condenam iniciativas como O Bem Amado ao fracasso, sem falar na comparação com o original.
Sim, porque grande parte do público que foi aos cinemas para ver essa adaptação buscou rever os deliciosos personagens criados por Dias Gomes e por aquele elenco espetacular, reduzidos a esboços mal garatujados por Guel Arraes e atores potencialmente tão bons quanto aqueles, mas que ficaram perdidos em eio a um roteiro feito de esquetes isolados, edição alucinada e direção descontrolada. Marco Nanini ficou a anos luz do ardiloso e sedutor Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu, Matheus Natchergaele perdeu feio para Emiliano Queiroz, as Cajazeiras Zezé Polessa, Andréa Beltrão e Drica Moraes deram saudade de Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio e Zé Wilker com Zeca Diabo foi, como de hábito, Zé Wilker. Por que não homenagear os intérpretes originais ainda vivos com participações especiais, como fazem os amerianos em seus remakes? Evidente que um dos apelos de um projeto desses é a nostalgia, e a presença de um Emiliano Queiroz, um Lima Duarte sem duvida agradaria os fãs da novela e do seriado.
De um modo geral, o filme pareceu um enorme episódio de um daqueles seriados gaiatos da Globo, em que a agilidade de edição e os personagens e enredos esquemáticos trabalham dentro de um tempo limitado a 40 minutos, o que não é o caso de um longametragem. Até mesmo Maria Flor - num papel originalmente vidido pela sensualíssima Sandra Bréa - parece ter saído diretamennte do sitcom Aline para as praias de Sucupira.

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