terça-feira, 20 de julho de 2010

Tarantino

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De certa forma, Bastardos Inglórios parece ser um acerto de contas com publico e crítica que massacrou À Prova de Morte, filme que chega ao Brasil tres anos depois de seu lançamento nos EUA. Todo mundo sabe que ele fazia parte do projeto original Grindhouse, uma homenagem ao filmes B dos anos 70 junto com Robert Rodriguez. Pela primeira vez, seu amigo e imitador parecia que se saiu melhor em uma joint venture dos dois. Na primeira vez, em Grande Hotel, foi humilhante de tão melhor que o segmento de Tarantino era melhor. Na segunda, em Sin City, foi pior: os cinco minutos dirigidos pelo autor de Pulp Fiction ofuscaram todo o resto sob a responsabilidade de Rodriguez.

No entanto, só a primeira vista Planeta Terror parece melhor que À Prova de Morte. É mais palatável, talvez, por que Tarantino vai ao limite com seu filme. O desenvolvimento da primeira parte, em que o grupo de garotas livres discutem sexo, brincam de flertar e seduzir até o desfecho inimaginavelmente sangrento vai além do aceitável no cinema mainstream. É quase do nível de Takeshi Miike. A segunda parte, em que as moças duronas se vingam do assassino em seu próprio terreno não redime o choque da primeira metade.

Como a violencia de seu filme anterior fracassou completamente, o que fez o cineasta? Regrediu para padrões bem comportados? Não, prosseguiu com s sanguinolencia mas a voltou contra alvos que não despertam a compaixão de ninguém, ao contrário das belas mocinhas que só queriam se divertir.

bastardos escalpo

Assim, em Bastardos Inglórios, a plateia vibra com nazistas sendo massacrados nem tanto pelo que vemos em cena, mas pelo sabemos que eles fizeram na guierra. São os vilóes sem relativismo histórico: são maus e ponto. Tarantino brinca com isso, tratando-os ora como indios em filme de faroeste – quando o indio bom era o indio morto – ora como nos antigoa filmes de guerra em que alemães e japoneses não mereciam menos que a morte.

Repare que os modos educados do coronel Hans Landa só dáo lugart à brutalidade oculta na cena do assassinato de Bridgit Von Hammersmark, que lembra o personagem de Peter O’Toole em A Noite dos Generais, um dos melhores psicoptas nazistas do cinema. Remete também à misoginia rejeitada de À Prova de Morte.

Em sua maldade velada e astuta, Landa quase escapa do castigo final, como fizeram milheres de nazistas após a guerra. A única coisa que impede seu intento é a selvageia implicita dos bastardos, quase caricaturas, do ponto de vista europeu, da barbárie ianque, com seus tacos de beisebol, escalpos e etnocentrismo, representado pela absurda pretensão de emular idiomas estrangeiros, como na hilária cena do foyer do cinema. E tudo isso passa praticamente incólume pela audiência dos próprios americanos!

Mas voltando para À Prova de Morte, se não está a altura do melhor Tarantino de Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios, está a anos-luz do melhor que Robert Rodriguez é capaz de fazer. A habilidade com a câmera, a cultura cinematografica e a ousadia o coloca muito acima da maioria dos outros “genios” de Hollywood, como M. Night Shyamalan, por exemplo. Até quando erra, Tarantino é bom.

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