domingo, 19 de setembro de 2010

Menu Confiança


O chef Claude Troisgros esteve terça-feira em Campinas para realizar um jantar no Restaurante Bellini, do Hotel Vitória daquela cidade. Além de ser o grande chef da TV brasileira – Edu Guedes e Olivier Anquier são galãs – ele carrega consigo uma grande tradição no DNA. A primeira vez que fiquei sabendo dos Troigros foi com Luis Fernando Veríssimo, na coletânea Mesa Voadora, com textos de reminiscências gastronômicas do escritor. Ele relembra sua primeira viagem à França com a esposa, quando, ao passar por Lyon, resolveu contrariar “todas as regras de contenção e previdência que devem guiar os passos de um assalariado em férias” e foi conhecer o Frères Troisgros, “se mais não fosse só para passar a mão pela maçaneta (Ia pommette?) da porta do Troisgros”. O autor conta que na época, final dos anos 70, a casa onstentava as três estrelas do Guide Michelin e na revista Playboy um especialista decretara que o Frères Troisgros era o melhor restaurante da França, “logo, do mundo”. Os irmãos – fréres - no caso, eram Pierre, pai de Claude, e Jean considerados os criadores da nouvelle cousine, tendência gastronômica que imperou até a virada do século. Mas o restaurante já era famoso com o pai deles, Jean-Baptiste, fazendo de Claude a terceira geração de uma dinastia de cozinheiros.

A toda essa tradição, Claude juntou os ingredientes brasileiros ao se mudar para o Rio, por paixão à mulher e à cidade. Junto com Laurent Suadeau foi um dos responsáveis pelo salto que a gastronomia deu a partir dos anos 80, e desde 2005 tornou-se uma celebridade televisiva ao apresentar junto com Renato Machado (substituída depois por Denise Novaoski) o Menu Confiança, na GNT. Este ano, estreou o programa-solo Que Marravilha, em que ensina incautos amadores a cozinhar pratos especiais escolhidos por eles.

Toda essa excelência culinária e simpatia pessoal estavam presentes no jantar de terça-feira, que teve como amuse-bouche ovos mexidos com caviar frito; mil folhas de palmito pupunha, ceviche de vieiras e mousse dehaddock como entrada; robalo em crosta de quinua, tomate e limão siciliano confit (foto) – que foi o destaque da noite - ; seguido por costela de cordeiro em crosta verde e aipim crisp; e, como sobremesa, crepe suflê de frutas vermelhas. Recordando aquela noite, cito novamente Veríssimo a respeito de sua visita a Roanne: deixa eu secar esta saudosa lágrima que me surge, estranhamente, no canto da boca”.

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