quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Mais estranho que a vida


Assisti ontem à noite - com grande atraso - "Mais Estranho que a Ficção", filme que Marc Foster dirigiu imediatamente antes de "O Caçador de Pipas", atualmente em cartaz em Indaiatuba e que eu ainda não conferi. Trata-se de um roteiro brilhante de Zack Helm (que depois escreveria "A Loja Mágica de Brinquedos") muito bem desenvolvida por Foster, que é um jovem cineasta com uma ótima mão para dirigir atores, casos de "A Última Ceia"(que deu a Halle Berry seu oscar) e "Em Busca da Terra do Nunca"(que deu a Johnny Depp sua segunda indicação ao prêmio da Academia e revelou o garoto Freddie Highmore, de "A Fantástica Fábrica de Chocolate", Arthur e os Minimoys" e "Crônicas de Spiderwick"). O ponto de partida surrealista remete a Charles Kaufman ("Quero ser John Malkovich", "Adaptação") cuja influência sobre esta geração de roteiristas não pode ser subestimada. O burocrata e vidinha medíocre que tem seu cotidiano abalado por um evento extraordinário e por uma garota que é o seu oposto é um tema mais que batido, mas o desenvolvimento da história e principalmente a atuação do elenco torna o filme extraordinário, principalmente dentro do mainstream da Hollywood atual. Emma Thompson no alto do edifício observando o drama de Will Ferrell é uma metáfora de Deus e suas criaturas. A ponte entre Criador e Criatura é o acadêmico, espécie de sacerdote da igreja da Literatura, que convence o pobre cordeiro de que sua morte é necessária para a conclusão da obra (de Deus?) e que o levara ao Paraíso dos personagens imortais. O Autor, porém, decide po outra saída, para desagrado do professor, que prefere a Arte em relação á Vida. O personagem de Farrell, por outro lado, confrontado com a morte iminente e a fragilidade do seu mundo, tem que buscar vida que vale a pena ser vivida, e buscar a redenção nela.

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