segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Cinema (publicado no Gente etc de sábado)

Os donos de cinema – como a família Lui do Multiplex Topázio – ficaram decepcionados com os filmes do Oscar deste ano, que não teve nenhum blockbuster entre os concorrentes principais. Os cinéfilos, por outro Aldo, não podem se queixar: artisticamente foi a melhor safra em anos. Os três grandes favoritos – “Onde os Fracos Não Têm Vez”, “Ouro Negro” e Desejo e Reparação” – foram todos ótimos a seu modo. O suspense policial dos irmãos Cohen, grande vencedor da premiação da Academia de Hollywood, desconcertou a maioria do público, mas é o melhor trabalho deles em anos. A saga petrolífera de Paul Thomas Anderson consagrou novamente Daniel Day-Lewis como melhor ator e consolidou o talento do cineasta. Já a adaptação do romance de Ian McEwan foi criticada de ser uma diluição do texto original, mas independente deste, trata-se de um trabalho visualmente admirável, mostrando que o acerto demonstrado pelo diretor Joe Wright em “Orgulho e Preconceito” não foi casual.
Mas as grandes sensações do ano vieram dos quadrinhos. “Batman – O Cavaleiro das Trevas” é considerado por muitos o melhor filme de 2008. Até que ponto a comoção em torno da morte de Heath Ledger ajudou a alavancar o filme em termos de publico e crítica? Difícil dizer, mas o intérprete do Coringa tem a possibilidade de repetir Peter Finch em 1976 e ganhar o Oscar postumamente.. Outra performance arrebatadora foi a de Robert Downey Jr. como Tony Stark em “Homem de Ferro”. O cara que ficou famoso por praticamente “receber” Carlitos em “Chaplin” foi agora ovacionado por interpretar a sim mesmo!
À exemplo do ano passado, quando “Rat-a-Touille” foi considerado um dos melhores do ano – o melhor, segundo Luiz Carlos Merten do “Estadão” – “Wall-E” demonstra as possibilidades artísticas da animação digital, ao mesmo tempo em que conquista o público. No Brasil, no entanto, a produção da Pixar levou um banho de “Kung-Fu Panda” nas bilheterias – enquanto nos EUA o robozinho ganhou por pouco.
No campo nacional, o destaque foi, sem dúvida, “Meu Nome não é Johnny”, de Mauro Lima, a resposta de Selton Mello à já mítica caracterização de Wagner Moura em “Tropa de Elite”. Teve ainda o belo “Jogo de Cena”, de Eduardo Coutinho, e o recente “Romance”, de Guel Arraes.

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