Uma morte marcou todos os indaiatubanos este ano, a de Aydil Bonachella, radialaista, filantropa, amiga querida de todos os comunicadores e companheira diária de grande parte da população da cidade. Seu súbito desaparecimento na véspera da Sexta-Feira Santa desmente o velho ditado de que ninguém é insubstituível. Aydil era única.
Mas o ano não foi só perda. Tivemos o início do projeto Tuberfil Cultural, que em março trouxe Yamandú Costa, acompanhado pelo excepcional Danilo Brito e pelo grupo Choro Rasgado; e este mês promoveu a volta do maestro João Carlos Martins à cidade, junto com sua Bachiana Chamber Orchestra. Ganhamos mais um teatro, no Instituto Deco 20, inaugurado com a excepcional montagem de “Zoológico de Vidro”, de Tenessee Williams, dirigida por Ulysses Cruz e estrelada por Cássia Kiss. Recebemos pela primeira vez a Virada Cultural da Secretaria de Estado da Cultura – com Zeca Baleiro, Paula Lima, Marcelo Mansfield e tantos outros – que em Indaiatuba teve um público maior que o de Campinas, o que deve fazer com que o evento se repita em 2009. Infelizmente, o Circuito Cultural, também do governo estadual, que trouxe atrações do nível de Antônio Nóbrega, não deve continuar na cidade no ano que vem devido ao público decepcionante.
No mais tradicional evento cultural da cidade – o Maio Musical – o destaque foi César Camargo Mariano, num show espetacular. Isaías e seus Chorões voltaram à cidade para encerrar a Semana Nabor Pires Camargo, um evento cada vez mais importante e que merece mais atenção do indaiatubano.
De Indaiá para o mundo. Dois garotos crescidos e iniciados no teatro em Indaiatuba estrelam filme premiado em Cannes. João Baldasserini e José Geraldo Rodrigues estudaram na mesma escola e, lá mesmo, começaram a fazer teatro, caminho que os levariam a se encontrar anos depois no casting do filme “Linha de Passe”, de Walter Salles, autor de “Central do Brasil”. Antes mesmo de finalizado, a produção foi selecionada para participar do Festival de Cannes. E lá foram os dois garotos do COC pisar no tapete vermelho do maior festival de cinema do mundo. A colega de elenco, Sandra Corveloni, justamente a única que não foi á França, ganhou o prêmio de Melhor Atriz. “Linha de Passe” entrou na lista dos 100 melhores do ano feita pelo jornal inglês “The Times”.
Enquanto o Ciaei fica dividido entre as agendas das secretarias da Educação e da Cultura, o Tom da Terra continua tentando se viabilizar como espaço para espetáculos. MPB4, Demônios da Garoa, Juca Chaves foram algumas das atrações trazidas pela casa em 2008, sempre esbarrando em problemas de estrutura e serviço. No final do ano, uma festa dos anos 80 ilustrou as possibilidades e ao mesmo tempo as fragilidade da casa, que tem como pontos fortes a localização, tamanho e vagas para estacionar.
A produção local teve pontos altos, como a peça “Ifigênia em Áulis”, de Eurípides, dirigido por Rubens Teixeira, que infelizmente marcou o adeus do veterano encenador da cidade. A partir do ano que vem ele vai trabalhar em Campinas. O Festival de Música Popular Brasileira foi uma surpresa, premiando revelações absolutamente desconhecidos. Pena que, se depender do evento em si, continuarão anônimos, pelo baixíssimo comparecimento do público. Tomara que os prêmios estimulem os jovens Sara e Wilson Neto, as gratas surpresas desta edição, a se arriscarem na carreira. No segmento sertanejo, este foi o ano da consagração de Bruno di Marco e Cristiano nos palcos da cidade, lotando onde quer que se apresentassem. Mas se não conseguirem espaço fora de Indaiatuba, correm o risco do saturamento.
Na área do rock’n roll, o destaque absoluto ficou por conta do Clip Festival, levando um ótimo público durante todo um domingo, com atrações como NX Zero, Detonautas e Capital Inicial. O Festival de Rock da Secult, por sua vez, teve como grande atração Os Raimundos tentando recuperar o espaço perdido e o Rock no Casarão recebeu um Marcelo Nova absolutamente entediado e desmotivado, nada menos rock’n roll. Mas a temporada foi felizmente encerrada este mês com chave de ouro pelo samba-rock de Jorge Ben Jor, que inventou o gênero muito antes dele ganhar esse nome.
O Passo de Arte é um capítulo à parte, evento que ganha em qualidade a cada ano mas que ainda repercute pouco na cidade, à exceção de alguns segmentos como hotelaria e determinados comércios. Para consolidar essa que é a competição de dança mais prestigiada depois do Festival de Joinville é preciso aproximá-la da comunidade indaiatubana.
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