segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Filmaço!


Acabo de voltar de "Desejo e Reparação", que partiu das indicações ao Oscar como favorito e chegou à reta final sem fôlego, não levando quase nada no domingo. Saí muito satisfeito do cinema, tendo visto uma produção esmerada - como é de hábito da inglesa Working Title - dirigida com competência por alguém que pressupõe que o espectador tem um mínimo de neurônios e não precisa ser conduzido pela mãozinha para entender o que está acontecendo. Um filme para adultos, enfim. Não li o romance original e alguns acusam a fita de edulcorá-lo. Sei lá. Mas como obra independente é muito prazeirosa no sentido de fruição estética. Talvez o único senão esteja aí: o preciosismo que marca as produções Working Title. A cena de Dunquerque é um primor de execução, com um longo plano-seqüência que exige meses de preparação para poucos minutos na tela. De tirar o fôlego. Idem a já famosa trepada na biblioteca, que estão considerando a mais sensual dos últimos anos. Bela, mas meio mecânica (e olhe que a Keira Knightley tem os ossos mais sexys do cinema atual). Mesmo uma cena terrível - uma descoberta numa ravina na França - é arrumadinha demais.
Talvez seja isso que "Onde os Fracos não tem vez" e "Sangue Negro" tenham a mais, o que os americanos chamas de guts, ir fundo no negócio. Figuras fortes como Javier Barden e Daniel Day Lewis se encarregam disso, em contraste com o suave James McAvoy, que parece mais saído de uma partida de tênis que de um prisão inglesa da primeira metade do século passado. Putz, comecei elogiando e já estou metendo a lenha. Mas é assim que agente avalia um filme, madtigando aos poucos. Vai ver, amanhã estarei odiando, mas duvido. Tem a Vanessa Redgrave no final, que tem guts pra dar e vender mesmo em poucos minutos de close.

PS: Descobri que o Luiz Carlos Merten compartilha meu deslumbramento visual com o filme e que o considerou o grande injustiçado do Oscar. E concordo com ele, a trilha musical - única estatueta obtida pela produção - é um dos pontos fracos, melosa e óbvia demais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vc esqueceu de falar do tal vestido verde, que estremeceu as mentes femininas e de comentar a trilha sonora... Parabéns pelo blog... leio todo dia! Enfim, ao lado do meu querido Kleber Patrício, este espaço significa vida inteligente nesta blogosfera.. beijos. Simone Santos

Anônimo disse...

Ahhhh... li teu PS agora... o que comenta a trilha!!!!!