quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Lei veta charuto (e cachimbo) em bares e restaurantes de São Paulo (Estadão)


Fumei cachimbo durante muitos anos, nos meus tempos de USP. Eu e meu amigo Arabaci começamos juntos, sem um saber que o outro tinha iniciado a prática do tabagismo. Nem eu nem ele jamais pitamos cigarro. No início, íamos de Cisne Branco, Buldogue e outros combustíveis para cachimbo perpetrados pela Finamore, fábrica de tabacos mineira. Quando descobrimos os holandeses, foi uma revelação. Acho que foi a ex-namorada do Araba que morreu num acidente que nos apresentou o Amphora holandês. Era como passar do Old Eight para qualquer scotch. Em seguida, experimentamos outros importados, até - pelo menos eu - aos favoritos Schippers e Flying Dutchman, que sumiram a partir dos anos 90. Ríamos com o canto desocupado da boca quando sentíamos o inconfundível cheiro de chocolate do americanos Captain Black, favorito dos neófitos. Araba sempre insistia que eu participasse de campeonatos de slow burning, que consistiam em fazer uma cachimbada durar mais com apenas dois palitos de fósforo, ainda mais quando descobrimos que um dos maiores divulgadores do cachimbo no Brasil, Carlos Alberto Ranieri, dono da tabacaria do mesmo nome, era um "amador".
A lei recém-promulgada em São Paulo é apenas a pá de cal que faltava para os apreciadores do cachimbo, que foram desalojados pela moda do charuto (de fato, a forma mais nobre de tabagismo, mas muito cara se levada a sério) e a consequente escassez de bons fumos nas prateleiras das lojas especializadas. Agora quem quiser um fumo decente tem que se contentar com Borkhum Riff. Adeus Dunhill, Sail e outros que tanto retrogostos saudosos deixaram na boca. O politicamente correto veio para ficar, mas já chegou tarde...

Um comentário:

ARABACI disse...

Pois é meu, grande amigo, achei Flying Dutchman na Argentina, estou aguardando para fumarmos juntos. Ainda insisto no velho hábito. Já há muito tempo que não dá para fumar cachimbo em restaurantes e bares em Sampa. Sobrou fumar em casa.

Araba