“Alô, alô, W Brasil...” Entre 1991 e 92 era quase impossível passar um dia sem ouvir essa música no rádio. A homenagem a Tim Maia foi o maior sucesso da carreira de Jorge Ben Jor, mas Jorge Ben já havia vivido grandes momentos em sua carreira, que começou com a Bossa Nova, no Beco das Garrafas, Rio de Janeiro. A mudança de nome foi justificada pela numerologia, mas na verdade tinha um motivo mais materialista. É que no forte mercado japonês, onde Jorge e George são escritos da mesma forma em caracteres kataganá, ele era frequentemente confundido com o guitarriste e cantor George Benson. E um ano após a mudança de nome, em 1989, ele gravou “W Brasil”, que estouraria nos anos seguintes. Se você acredita nessas coisas...
Como dissemos anteriormente, ele surgiu dentro do contexto bossanovista, mas seu suingue pessoal logo se sobressaiu a partir do seu primeiro sucesso, “Mas que nada”. É a mesma música gravada há dois anos por Sérgio Mendes e Black Eyed Peãs e chegou a figurar nas paradas de músicas dançantes. Se ela era moderna o bastante para sobreviver mais de 40 anos, na época não foi aceita facilmente justamente por não se encaixar nos parâmetros existentes: o pré e o pós Bossa Nova. O próprio Sérgio Mendes, já radicado nos EUA nos anos 60, se encarregou de divulgar a música por lá, e ela chegou a ser gravada por Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie e Al Jarreau entre outros.
Mas aqui no Brasil ele faria sucesso com “Cadê Tereza”, “Chove Chuva” (gravada até por Topo Giggio), “País Tropical” (principalmente na gravação de Wilson Simonal), “Que Pena” e “Que Maravilha” (esta em parceria com Toquinho). Outra maravilha aconteceria em sua carreira com a canção “Fio Maravilha”, que venceu o VII Festival Internacional da Canção, em 1972, na voz de Maria Alcina. Era inspirada num golaço do jogador do Flamengo João Batista de Sales, apelidado pela torcida de Fio Maravilha, e que depois do sucesso da música quis receber royalties. O cantor passou anos cantando “Filho Maravilha”, mas no ano passado, o ex-jogador autorizou o uso do seu apelido e o público indaiatubano poderá cantar com Ben Jor o refrão correto: “Fio Maravilha, nós gostamos de você!”
Os anos 70 veriam ainda o sucesso da música-tema do filme “Xica da Silva”, da Banda do Zé Pretinho (cuja chegada é obrigatória em todo show de Ben Jor) e do dueto mais que afetivo com Caetano Velos em “Ive Brussel”. Curiosamente, a década do rock não foi boa com o inventor do samba-rock, que só ganharia esse nome nos anos 90.
A influência de Ben Jor na música nacional e internacional é enorme. Basta lembrar que Rod Stewart plagiou “Taj Mahal” em “Do Ya Think I’m Sexy”, que Caetano Veloso o chama de gênio, que os Racionais Mc’s regravaram “Jorge da Capádócia” em “Sobrevivendo no Inferno”, Marisa Monte resgatou a esquecida “Balança a Pema” em “Cor de Rosa e Anil” entre outras.
Serviço – Show de Jorge Ben Jor, com abertura de Maddame Butterfly, Kika e Sara – Vozes da MPB e “Acorde Para o Meio Ambiente”, com a Orquestra Sinfônica de MPB e regência do maestro Roberto Sion. Dia 29, a partir das 18h, Parque Ecológico com entrada franca.
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