quarta-feira, 5 de novembro de 2008

I have a dream...

Quarenta anos depois do assassinato de Martin Luther King um negro é eleito presidente dos Estados Unidos. Quarenta anos não são nada na longa marcha damartin luther king História, mas o salto que isso representa na mentalidade de uma nação é gigantesco.
james earl jonesLembro ter visto num das sessões da tarde da vida um filme de 1972 chamado originalmente "The Man", mas não lembro o título em português. Nele, o presidente e o presidente da Câmara morrem num desabamento, o vice presidente se recusa a assumir e o governo acaba nas mãos do presidente do Senado, interpretado por James Earl Jones. Uma vez no poder, ele ficava entre as pressões para a renúncia e suas próprias convições. Note que, na época, para que os Estados Unidos tivesse um presidente negro, só após uma uma série de acidentes para ser plausível.
Há dez anos, Morgan Freeman era o presidente americano no disaster movie "Impacto Profundo". Nos anos 90, a figura elegante do ator, que transpira dignidade, era natural como chefe da Nação. Afinal, na década seguinte ele seria promovido a Deus.
No seriado "24 Horas", de 2001, Dennis Hilbert assumia o papel de David Palmer, presidente a quem Jack Bauer segue até mesmo depois dele deixar a Casamorgan Branca. Os complôs para derrubá-lo ou matá-lo não têm nada a ver com o fato dele ser negro mas com suas convicções morais e políticas. Um político como pouco se vê na vida real

7a-8a palmerEssa naturalidade com que esse produtos culturais mostravam um chefe da Nação negro nos últimos 10 anos mostra evolução na forma como a indústria do entretenimento passou a abordar o tema, o que é um reflexo de como o próprio público médio encara a questão racial. No entanto, da ficção para a realidade há uma grande distância.

Barack Obama chega à Casa Branca depois de enfrentar o establishment do Partido Democrata, para quem Hillary Clinton era a candidata natural, e provocando um verdadeiro maremoto eleitoral, mobilizando não só os jovens, mas as minorias e todos que esperam uma América diferente a partir de 2009. Claro que a crise foi uma grande eleitora, mas a onda Obama foi tão impressionante que, dadas as previsões desta madrugada de que ele faça mais de 300 delegados no Colégio Eleitoral, faz pensar que ele ganharia mesmo sem o desastre das bolsas em setembro.

Muitos comparam sua figura carismática á de John Kennedy. As circunstãncias da eleição dos dois difere muito, no entanto. Kennedy venceu Nixon por muito pouco, e assumiu um país surfando na era de prosperidade de Eisenhower. O cenário atual é mais próximo à da primeira vitória de Franklin Delano Roosevelt, eleito em 1932 em plena Depressão. Com um forte programa de obras públicas, tentou reverter o desmprego e recessão econômica com o que chamou de New Deal. Entretanto, se não fosse a 2a Guerra Mundial, dificilmente os EUA sairiam do buraco. Foi o fornecimento de armas aos Aliados a princípio e posterior engajamento de todo o parque industrial quando o país entrou no conflito para valer que fez a América Barack Obama Official smallemergir como superpotência. As guerras em que os EUA estão atoladas atualmente só aumentam o déficit gigantesco e minam o prestígio do país no exterior.

O que Obama deve tirar de Roosevelt - único presidente eleito quatro vezes - é usar o Estado para tirar melhorar a vida das pessoas lançadas na miséria, regular o mercado para tentar impedir novos desastres como esse e buscar o diálogo com os outros países envolvidos na crise em busca de uma solução conjunta, como fez a Comunidade Européia; em contraste com o laissez-faire defendido pelos republicanos, que acabou nisso que está aí. O desafio é grande, com conseqüências óbvias para todo o planeta, mas o cacife eleitoral do presidente eleito também é enorme.

Um comentário:

Anônimo disse...

O filme em questão chama-se justamente "O Presidente Negro"!

http://www.omelete.com.br/cine/100016260/Imprensa_dos_EUA_relembra_filmes_com_presidentes_negros.aspx

Abraços
Carlos Mafort