sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Em cartaz


Muitas vezes a gente se pergunta porque Hollywood refilma o que já era bom, simplesmente para estragar. Já aconteceu com “Sabrina”, “Quinteto de Morte”, “Solaris”, “A Pantera Cor-de-Rosa” e agora com “O Dia em que a Terra parou”.

O original de 1951 foi feito no contexto da Guerra Fria, em que a questão central era se a Humanidade iria se destruir numa guerra nuclear. Hoje, o perigo vem do aquecimento global e o uso abusivo dos recursos naturais do planeta.

Na versão dirigida por Robert Wise, Michael Rennie era Klaatu, um extraterestre que vem à Terra com a missão de promover a paz entre as nações, caso contrário uma liga de planetas destruiria o planeta para que as armas nucleares não contaminassem o Universo. Agora, o alienígena é Keanu Reeves, cuja missão é eliminar a Humanidade para que a Terra sobreviva. A justificativa é que planetas capazes de suportar vida inteligente são raros, e por isso devem ser preservados, nem que para isso os seres inteligentes que o dominam tenham que ser destruídos. Uma contradição em termos.

Em 51, Klaatu tentava encontrar um certo doutor Barnhardt, papel do lendário Sam Jaffe, o “Gunga Din”. Na nova versão, Jennifer Connelly ocupa a dupla função de ser a boa moça que tenta mostrar ao ET o lado bom da Humanidade, anteriormente feito por Patrícia Neal (“( Indoamado”), e a cientista que tenta fazer a ponte entre os governos do mundo e os alienígenas. O personagem do doutor Bernhardt vira uma ponta do ex-Monty Python e ex-Q de 007 John Cleese.

Mas a grande diferença entre uma versão e outra são mesmo os efeitos especiais. Mesmo que original fosse excepcionalmente uma produção “A” – ao contrário da maioria dos filmes de ficção científica da época – os recursos do início dos anos 50 são absurdamente toscos para quem vive na era da computação gráfica. Porém, quando tudo parece ser possível na telona, ao em vez do espanto e encantamento vem o tédio. O poderoso robô de Klaatu causou sensação na época, mas sua versão atualizada não vai rivalizar com os dróides de Star Wars em popularidade. Especialmente quando o personagem principal é conduzido no piloto automático, como faz Keanu Reeves, que por este papel ganhou nova indicação à Framboesa de Ouro (o “Oscar” dos piores do cinema).

Se em 51 o diretor era Robert Wise, de “A Noviça Rebelde” e “West Side Story”, desta vez quem assina é Scott Derrikson, do bom “O Exorcismo de Emily Rose”, mas com um currículo muito inferior. Jaden Smith, o filho de Will Smith que trabalhou com o pai em “À Procura da Felicidade”; e Kathy Bates, Oscar por “Louca Obsessão”, completam o elenco principal.

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