quinta-feira, 23 de abril de 2009

Em cartaz

gran torino

Esse é o cara, o velho e bom Clint Eastwood

O diretor Clint Eastwood tornou-se um dos mais prestigiados de Hollywood, com dois Oscar na prateleira, mas o ator Clint Eastwood nunca foi premiado. “Gran Torino”, que entra em cartaz esta semana no Multiplex Topázio, talvez tenha sido a última chance do veterano de ser reconhecido como intérprete. Ele mesmo admitiu a aposentadoria na frente das câmeras, o que é uma pena, ainda que compreensível pela sua idade. Na verdade, às vésperas de completar 80 anos, ele já está velho mesmo para dirigir filmes. O grande Billy Wilder viveu até quase os 94 anos, mas seu último trabalho foi aos 75 porque as corretoras se recusavam a fazer o seguro da produção, diante da ameaça do diretor morrer no meio das filmagens. Em outros países, as carreiras podem ser mais longevas, como a do português Manuel de Oliveira, que aos 100 anos está finalizando “O Estranho caso de Angélica”.

Mais uma vez, Eastwood encarna o velho durão e solitário, como o ex-pistoleiro de “Os Imperdoáveis” e o treinador de boxe de “Menina de Ouro”, suas duas grande atuações anteriores. Walter Kowalski é um viúvo, veterano da Guerra da Coréia e trabalhador das linhas de montagem de Detroit aposentado, que mora sozinho e tem na garagem um Gran Torino, um carrão dos tempos em que a América de orgulhava de seus automóveis possantes e beberrões. Mal fala com os filhos, já adultos e casados, e se diverte em torturar o jovem padre que tenta levá-lo à igreja. Um dia, ganha como vizinhos uma família hmong, etnia que vive dispersa por todo o sudeste asiático, para sua maior irritação, já que para eles os “chinas” são todos iguais. Só que ao afugentar de seu jardim integrantes de uma gang que quer recrutar o adolescente da casa ao lado, ganha admiração de toda a família vizinha, mesmo a contragosto. Mas logo Kowalski percebe que ele é a única coisa que se interpõe entre o garoto e os marginais que infestam o bairro.

Se nunca foi um ator do nível de um Robert de Niro, Al Pacino ou Gene Hackman (único com quem contracenou), Eastwood criou uma persona cinematográfica tão poderosa quanto John Wayne, outro ator limitado que teve atuações memoráveis explorando um único personagem. Seja como o pistoleiro de Sérgio Leone, seja como o inspetor “Dirty” Harry Callahan, ele sempre esperava o pior do ser humano e tinha um modo muito pessoal de fazer justiça. Envelhecido, ele perdeu a fé em tudo e olha os mais jovens, com o candidato a matador de “Os Imperdoáveis” e a aprendiz de boxeadora de “Menina de Ouro”, com desprezo e impaciência. Mas é nos sonhos e inocência dos garotos que ele se desarma e acaba ajudando-os, mesmo que seja para se arrepender depois.

Elogiado por quase todo mundo, “Gran Torino” não foi selecionado para nenhum prêmio importante, possivelmente atropelado pelo filme imediatamente anterior de Eastwood, “A Troca”, com Angelina Jolie, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes e teve a atriz indicada ao Oscar. Só que este é um projeto pessoal de Ron Howard, de “O Código da Vinci” e “Uma Mente Brilhante”, que se limitou à produção executiva porque estava com a agenda lotada. Difícil dois cineastas mais diferentes, apesar de ambos serem profissionais de Hollywood, prontos para assumirem qualquer trabalho mais ou menos interessante que pague bem. Infelizmente para Eastwood, seu trabalho “contratado” atrapalhou a carreira sua obra pessoal. Só resta a posteridade para consagrar “Gran Torino”.

Vida de Cachorro

Nos anos 70, Valdick Soriano berrava que não era cachorro, não, mas hoje em dia muita gente gostaria de sê-lo. Há mais pet shops em São Paulo do que farmácias e totós de celebridades viajam o mundo e comem filé mignon. Em “Perdido pra Cachorro”, esse é o caso de Chloe, a chihahua da perua Viv (Jamie Lee Curtis, de "Halloween H20”), que quando sua babá pessoal entra em trabalho de parto prematuramente se vê sob os cuidados da festeira Rachel (Piper Perabo, de “Showbar”), sobrinha de sua dona. A moça acaba levando Chloe a uma viagem ao México com suas amigas e, é claro, acaba perdendo a cadela. A chihuahua mimada acaba vendo como a maioria dos cachorros vive, enquanto Rachel tem que recorrer ao auxílio de um paisagista nativo para achar o bicho de estimação de sua tia milionária. Depois de “Bolt”, “Marley e Eu” e “Hotel Bom pra Cachorro”, era só o que faltava, principalmente porque o filme já está saindo em DVD...

perdido pra cachorro

Piper, Chloe e Jamie Lee em “Perdido pra Cachorro”

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