quarta-feira, 15 de abril de 2009

Menina maluquinha

Ana Cañas ontem à noite no Conexão Cultural do Shopping Dom Pedro

Uma das estrelas ascendentes da Nova MPB fez ontem seu primeiro show na região de Campinas: Ana Cañas, trazida pelo projeto Conexão Cultural no Shopping Dom Pedro. Pena que, aparentemente, uma apresentação paga da cantora não seria viável na RMC, visto que, mesmo de graça, o público foi bem menor que, por exemplo, o da cantora Céu há dois anos no mesmo local.

Azar dos campineiros e vizinhos que não aproveitaram a oportunidade. Durante algum tempo, ver e ouvir Ana Cañas foi privilégio dos frequentadores do Baretto, o bar do Hotel Fasano, local em que ela se tornou conhecida como cantora de jazz. Mas o jazz propriamente dito parece ter ficado no piston à la Miles Davis de “Devolve Moço”. A apresentação de ontem teve muito mais de Janis que de Ella. Mas principlamente mais de Marisa Monte que de Amy Winehouse, com quem já a compararam.

O repertório eclético, as caras, bocas,braços e mãos remetem à Marisa ainda jovem como Ana. Sem falar que a musa dos Tribalistas ainda é duplamente homenageada em “Para todas as coisas”, nominalmente (“e para ouvir, Marisa”) e como releitura de “Diariamente”, do CD/LP “Mais”. Mas onde Marisa Monte era estudada, Ana é espontânea no gestual e na postura de palco. Parece estar se divertindo de verdade e o público embarca na festa.

É extraordinário que até os 20 e poucos anos ninguém – nem ela – tenha atentado para sua voz, de ampla coloratura e belo timbre contralto. Por mais descontrolada que pareça sua performance no placo, em nenhum momento ela perde o controle vocal como é comum em shows ao vivo. Ela pode perder as “entradas” das músicas para cair na risada, mas uma vez que entra, entra pra valer.

O setlist além das músicas do CD “Amor e Caos”, incluíram pérolas como “Metamorfose Ambulante”, de Raul Seixas; “Carente Profissional”, que ela cantou no Som Brasil em homenagem a Cazuza; “Embalo”, de Itamar Assumpção e “Chuck Berry Fields Forever”, de cujo verso “Os quatro cavaleiros do após-calipso”, ela resolveu tirar o nome de sua banda, batizada lá mesmo na Praça de Alimentação do Shopping Dom Pedro. No bis, “Codinome Beija-Flor”, também do especial da Globo.

Das músicas do CD, “Supermulher”, de Jorge Mautner, teve uma interpretação diferente, mais visceral; “Rainy Day Women”, de Bob Dylan, ganha corpo ao vivo; “Coração Vagabundo”, de Caetano, emociona quem não conhece a versão de Gal; “A Ana” e “Devolve, Moço” mostra porque ela não se impressionou por ter sido assistida e elogiada ao vivo por Chico Buarque: músicas boas cujas letras não são o forte, especialmente a primeira.

Caras, bocas, braços e mãos remetem à Marisa ainda jovem

As três integrantes do fã-clube de Ana Canãs sentadas atrás de mim

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