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terça-feira, 31 de março de 2009
Do mundo nada se leva
Foi divulgado à imprensa que haveria hoje um encontro com diretores de escolas estaduais e particulares para discutir o programa Escola no Legislativo, na Câmara Municipal. Supus que haveria algum evento mas era apenas uma reunião de trabalho, de pouco interesse noticioso. Pelo menos, o coordenador do projeto, o assessor jurídico da casa, William Alves dos Santos, resolveu passar um video com uma palestra motivacional do professor Mario Séregio Cortella, ex-secretário municipal da Educação de São Paulo na gestão Erundina e professor-titular da PUC-São Paulo. Ao menos, a manhã não foi de todo perdida.
Uma palestra motivacional é uma espécie de stand-up comedy didática. O palestrante está lá no palco, sozinho, com microfone na mão, um perfeito timing, às vezes com uso de audiovisual (os melhores não, e o professor Cortella se inclui entre eles) para um público que direta ou indiretamente pagou para ouví-lo, daí a obrigação de cumprir as expectativas tanto quanto o comediante no teatro.
A palestra foi gravada durante o 31o aniversário do Grupo de Recursos Humanos de Campinas e Região (GRHUS), associação que reúne profissionais de diversas empresas que se dedicam à ação social, com o tema "Discutindo Relações". Sendo filósofo além de educador, Cortella fala sobre a arrogância e a necessidade de enxergar o Outro. A palestra toda girou em torno da necessidade de nos relacionarmos com os outros no trabalho, na família e em sociedade, com pitadas aqui e ali de opiniões pessoais fortes, como a de que, para ele, a consumação mínima em boates eram um estímulo para que jovens se matem no trânsito.
A vida familiar de hoje em comparação a de antigamente também serviu de base para exemplificar a degradação das relações humanas de lá para cá. Ele usa um exemplo de sua infância em Londrina, quando a família se reunia para fazer pamonha, da colheita do milho ao quitute pronto, em um dia. Enquanto isso, hoje, o pai leva a família para comer fora em um fast-food aos domingos correndo para pegar o jogo às quatro da tarde. Algo se perdeu no caminho.
Parece óbvio também que não se deve diferenciar as pessoas, mas continuamos a fazer isso o tempo todo. Como no caso dos triunfos romanos, precisamos de alguém que fique constantemente assoprando no nosso ouvido: "não se esqueças de que és um mortal", ou que desse mundo só levamos o amor, o respeito e a lealdade dos que ficam.
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Um comentário:
Ando impressionada com o senso jornalístico da assessoria da Câmara...
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