Josi Pieri em seu habitat natural, entre garrafas de vinho
Abri este post com essa bela epígrafe atribuída a Galileu Galilei, já que o tema é a enofilia. Ontem á noite a sommelière Josi Pieri realizou uma degustação para colunistas sociais em sua loja BrancoTinto. Eu e Tânia d'Avila já havíamos feito o curso com ela, e embora minha iniciação ao mondo vino não tenha sido com ela, foi nesse curso que me aprofundei de fato nesse embriagante tema.
Os colegas puderam ser apresentados não apenas aos princípios da enofilia, mas também à contagiante paixão com que Josi se entrega ao vinho, apesar do alegado nervosismo por falar para profissionais da mídia. Uma bobagem, já que era uma platéia leiga como tantas.
A citação dela aos simpósios gregos, que com o tempo ganhou a conotação de discussão em alto-nível sobre um determinado tema - não sete mil anos A.C. mas no máximo 700 anos antes do nascimento de Cristo - lembrou-me que originalmente nada mais eram do que o bate-papo regado a vinho que se seguiam aos banquetes. Os convivas elegiam um chefe do simpósio que determinava a quantidade de água que seria acrescentada ao vinho que todos obrigatoriamente consumiriam. Dependendo da diluição da bebida o tema da conversa seria mais ou menos sério. Menos água, mais diversão. No célebre "Banquete" de Platão, que acontece justamente num simpósio após jantar na casa de Agatão, todos ainda estavam de ressaca da bebedeira da noite anterior por ocasião da vitória do anfitrião num concurso literário. Fica então acertado que cada um consuma o vinho como preferir. O tema escolhido foi o Amor, resultando num dos mais célebres "Diálogos" de Platão, protagonizados por Sócrates, seu mestre. Se a concentração alcoólica fosse diferente, provavelmente a conversa seria outra.
Divago nesse parênteses de cultura inútil para brindar a noites como a de ontem - em que o vinho obviamente não sofreu nenhuma diluição - quando pessoas inteligentes e divertidas se reúnem para beber, conversar e dar risadas. In vino veritas, minha querida Carla?
Um comentário:
Kimura,
Muito obrigada por sua participacao no encontro e pela mencao no seu blog.
Sim... 7000 aC e' o tempo estimado da descoberta do vinho, aos pes da montanha de Caucaso, atual Georgia (sul da Russia)- Muitooooo tempo, ainda periodo neolitico. Os "simposions" surgiram mto depois.Talvez eu nao tenha sido clara em minha exposicao.
Interessante que a pratica de misturar o vinho com agua representava assim uma posicao intermediaria entre os barbaros, com vicios em excesso, e os que nao bebiam nada. Plutarco, escritor grego, escreveu: "O beberao e' insolente e rude... Por outro lado, o abstemio completo e' desagradavel e mais bem preparado para cuidar de criancas do que para presidir uma festa com bebidas". Nenhum dos dois, segundo acreditavam os gregos, era capaz de fazer uso adequado do presente de Dionisio. A agua, entao, tornava o vinho mais "seguro". O vinho tbm tinha a funcao de tratar feridas e, sendo livre de elementos patogenicos, pois contem agentes naturais antibacterianos liberados durante o processo de fermentacao, era melhor beber vinho do que beber agua. Eles ainda nao sabiam dos perigos de se beber agua contaminada, e entendiam que o vinho tinha o poder de limpar e purificar...
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