terça-feira, 17 de março de 2009

Virou purpurina


Morre o deputado Clodovil Hernandes

O deputado federal Clodovil Hernandes morreu na tarde desta terça-feira (17), segundo informou a Agência Câmara. Após a confirmação da morte cerebral, os médicos avaliam a possibilidade de doação dos órgãos do deputado. Na ausência de familiares, ela foi consentida por pessoas próximas e autorizada pela Promotoria de Justiça.

Clodovil, de 71 anos, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde segunda-feira (16), quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que provocou hemorragia no lado esquerdo do cérebro. O deputado já havia sofrido um outro AVC em 2007.

Internação

Desta vez, Clodovil foi encontrado inconsciente ao lado da cama no início da manhã por um de seus funcionários e socorrido por uma equipe do Departamento Médico da Câmara. Os médicos constataram que ele estava em coma profundo, de nível 5, numa escala de 3 a 15, em que os menores números indicam os piores quadros.

Os médicos não puderam nem submetê-lo a cirurgia devido à grande extensão do coágulo. Eles fizeram drenagem de sangue de seu cérebro por meio de um cateter.

Agravamento
Durante a tarde, o estado de saúde do deputado se complicou, em razão de uma parada
cardíaca de cinco minutos.Os médicos alertaram que se sobrevivesse, ele poderia conviver com sequelas graves, como ficar sem andar ou falar.

Na manhã desta terça, o boletim apontava que Clodovil estava em coma profundo, de nível três, o mais grave. Uma série de exames foi realizada para checar se o deputado havia sofrido morte cerebral, mas os resultados não foram conclusivos. A confirmação veio no fim da tarde.

Perfil
Clodovil tornou-se figura conhecida em todo o país por envolver-se constantemente em polêmicas, em todas as atividades exercidas, sem medo de acumular desafetos com suas críticas ácidas.

Nascido em 17 de junho de 1937, na cidade de Elisário, interior de São Paulo, ele tornou-se estilista de grande expressão na década de 60. Seus modelos, disputados por socialites e celebridades, lhe renderam o prêmio Agulhas de Ouro, o mais cobiçado no mundo da moda. Entre Cacilda Becker, Elis Regina e as famílias Diniz e Matarazzo eram seus clientes.

TV
Clodovil conquistou espaço na televisão depois de participar do programa “8 ou 800”, em que respondia perguntas sobre Dona Beija, personagem histórica das Minas Gerais do século XIX.
A partir daí, virou frequentador de programas e também apresentador. Passou por quase todas as emissoras brasileiras. A estréia foi na década de 80, no “TV Mulher”, da Rede Globo, em que dava dicas de moda e etiqueta – e sua mera aparição era capaz de dobrar a audiência do programa.

A carreira seguiu, com passagens em quase todas as emissoras brasileiras, com “A Casa é Sua”, “Clodovil”, “TV Mulher”, “Mulheres”, “Clodovil Frente & Verso”, “Retratos”, “Noite de Gala”, “Clodovil Abre o Jogo”, “Manchete Shopping Show” e “Clodovil Soft”. Ele participou também da novela “Sabor de Mel” e do filme “A Infidelidade ao Alcance de Todos”.

Política
Em 2006, Clodovil elegeu-se pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) deputado federal por São Paulo com 493 951 votos – a quarta melhor votação do estado. Mais tarde, mudou de sigla, para o Partido da República (PR) e escapou da perda do mandato por infidelidade partidária, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A vida política de Clodovil também foi marcada por seus comentários ferinos e uma série de desentendimentos. No início do mandato, envolveu-se numa discussão acalorada com a deputada Cida Diogo (PT-RJ) e a chamou de “feia” no plenário da Câmara.

Antes de tomar posse, gerou preocupação no Congresso por afirmar a um jornal argentino que apoiaria projetos mediante pagamento. Ainda durante a campanha, chamou a atenção com o bordão “Brasília nunca mais será a mesma”. Homossexual assumido, também brincou com o número de inscrição, 3611. “Por que eu escolho o 11? Meu amor, porque 24 já era. Agora é um atrás do outro.”

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