Vidas divididas

A peça começa na penumbra e se vê a atriz Fernanda Vasconcellos só de calcinha levantando-se da cama e vestindo uma camisa masculina. Em seguida, Henri Castelli entra em cena sem camisa pondo as calças. Um suspiro equivalente a uma bola raspando a trave num jogo de futebol preenche a Sala Acrísio de Camargo.
"Vidas Divididas" não é muito mais que isso. O jovem casal se pegando a todo o instante - com direito a um tombo que não estava no script - tendo como desculpa um amontoado de cliches sobre o arrivista disposto a tudo para subir na vida, a suburbana apaixonada e o travesti que quer mudar de sexo e que ama ópera (bicha fina sempre adora uma Maria Callas).
Henri repete o vilãozinho da novela das seis e Antonia Fontenelle solta a mulher-bicha que toda perua tem dentro de si. A surpresa é Fernanda Vasconcellos, bem diferente das mocinhas românticas que a tornaram famosas, fazendo rir certamente usando sua experiência de paulistana classe média que cursava a Univeridade São Judas Tadeu. Apesar de linda, deve ter sido a palhaça da escola.

Ao final da peça, Antonia foi quem falou, como produtora do espetáculo, agradecendo as palmas porém cobrando melhorias no Ciaei, que haviam sido prometidas na última vez que ela veio à cidade com a peça "Subindo pelas paredes". Foi aplaudida.

Inevitável pensar no contraste entre a ex-mulher de Henri, a top model Isabeli Fontana, com 1,77m, viajada, magérrima, poliglota e blasé; com a atual namorada do ator, Fernanda Vascoanellos, 1,58m, ex-dançarina do Fantasia e do Gugu, pernas grossas, bunda empinada, seis turbinados e aparentemente divertida. Para mulheres e gays, ele fez uma péssima troca. Para os homens, Henri saiu ganhando.