quinta-feira, 13 de março de 2008

Bang bang das antigas


Ontem, eu e o Penna reeditamos em plena tarde a velha sessão Bang-Bang que acontecia semanalmente na casa de Rubens Bonito e fomos ver "Os Indomáveis", de James Mangold, com Christian Bale e Russell Crowe. É um faroeste das antigas, mas com um toque de western spaghetti fornecido principalmente pela trilha de Marco Beltrami que evoca Ennio Morricone. É a refilmagem de "Galante e Sanguinário", de Delmer Daves (cujo filme mais famoso hoje em dia é "Candelabro Italiano", mas foi autor de grandes faroestes como "Flechas de Fogo" e "A Última Carroça" e, segundo Carlos Reichenbach, um dos diretores americanos da velha guarda de quem mais retrospectivas têm sido feitas pelo mundo afora nos últimos anos). Glenn Ford e Van Heflin faziam os papéis de Crowe e Bale.
Infelizmente não vi o original, que saiu em DVD e já está fora de catálogo, mas Van Heflin parece ter feito um papel recorrente de "fazendeiro-que-luta-para-manter-sua-propriedade-enfrentar -grileiros-e-conquistar-a-admiração-do-filho" que já havia feito em "Os Brutos Também Amam". Se não fez exatamente isso, Mangold tratou de dar esse tratamento ao personagem em sua versão. Além de despertar a admiração velada do filho mais velho (Logan Lerman), o bandido de Crowe ainda joga um charme pra cima da patroa (Gretchen Mol) do fazendeiro, de forma nem tão sutil e inocente como entre Alan Ladd e Jean Arthur.

Também é curiosa a obsessão homossexual do capanga Charlie Prince (o apolíneo Ben Foster) pelo Ben Wade de Crowe, uma evocação da relação gay contida do papel mais famoso de Glenn Ford, em "Gilda", com o marido desta, interpretado por George Macready? Blog é o espaço pra viajar na maionese, mas que na cena final, Wade é misericordioso com seu braço direito em sua fúria sanguinária, isso ele é!

É inevitável que os westerns de hoje se transformem em homenagem ao gênero moribundo - ou morto, mesmo. Talvez porque tenhamos ficado cíncos demais a partir dos anos 80 e o gênero sempre se caracterizou pelos dilemas éticos geralmente resolvidos em favor do bem. Mesmo personagens de caráter duvidoso têm seu momento de redenção no faroeste, e isso é que fazia a platéia vibrar. Hoje, rimos com o canto da boca.

Não é diferente em "Os Indomáveis", em que a história clássica é valorizada pelos ótimos protagonistas - de quem sou fã, princiapalmente de Crowe - e direção bem conduzida. Atente para as participações especiais de Peter Fonda como o caçãdor de recompensas Byron McElroy e Luke Wilson, esse sim numa pontinha com uma dos capangas da ferrovia.

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