sexta-feira, 14 de março de 2008

The man with the horn

Acabo de ler o perfil de Miles Davis contido no livro de Kenneth Tynan, "A Vida como performance" (Companhia das Letras,2004). Na contracapa, algumas definições que ficaram famosas - como sobre Greta Garbo, "o que um homem vê bêbado nas outras mulheres, vê sóbrio em Greta Garbo" - e sobre Miles o destaque é para "é como uma garrafa térmica que sugere a presença de calor sem irradiá-la". Eu prefiro outra, sobre seu som, em que Tynan Diz que "penetrante e orfanado, e tão desprovido de vibrato que lembra ao nosso ouvido interno a clareza virginal de um menino do coro da Capela Sistina". Em outra passagem, Tynan conta que estava ouvindo "Kind of Blue" - seu LP mais assombroso, segundo ele - quando sua filha de nove anos foi lhe dar um beijo de boa noite e disse: "é Miles Davis". Perguntou como sabia e a menina: "Porque soa como um garotinho que ficou trancado fora de casa e quer entrar".

Quando ouvi pela primeira vez "Round Midnight" e "Stella By Starlight" com o lendário Miles Davis Quintet - com Miles, John Coltrane (sax tenor), Paul Chambers (baixo), Philly Joe Jones (bateria) e Bill Evans (ou Red Garland) (piano) - fui convertido imediatamente ao jazz. O disco em que estavam essas gravações - o fascículo sobre Miles da coleção Gigantes do Jazz, da Abril - foi emprestada a amigos, que também se converteram, incluindo José Antônio Pereira da Silva, o Japs, até então um stonemaníaco e que depois acabou se tornando um dos caras que mais conhece Duke Ellington no Brasil, tendo servido de intérprete e guia numa entrevista de Gerry Mulligan para a Tribuna de Santos.

Abaixo, "So What", do disco "Kind of Blue", com o melhor combo da história do jazz:

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