sexta-feira, 11 de abril de 2008

Doce Veneno


Na segunda-feira acontece a avant-premiére de "Doce Veneno", vídeo de Marcos Otero com o quel ele pretende comemorar seus dez anos de carreira. Nós, de imprensa, já tivemos a oportunidade de assistir ao vídeo, baseado em conto de Antônio da Cunha Penna.

Acompanhei esses dez anos por dever de ofício, e me lembro que de um começo tendo como referência o cinema de ação americano, Otero foi aos poucos investindo no drama, com resultados irregulares, para dizer o mínimo. Em seguida, enveredou pelo documentário dos quais só vi dois, "Os Dez Crimes", que não tinha pé nem cabeça, e "O Crime do Poço", bem melhor, mas fraco na parte da dramatização.

Um videomaker com dez anos de carreira e se sustentando com ela tem muito do que se orgulhar. Por outro lado, não tem mais direito à condecedência com que costumamos julgar os iniciantes e os abnegados da arte. Dito isto, vamos a "Doce Veneno".

Ninguém que estava terça-feira na Tulha do Casarão gostou do que viu. Otero ainda se justificou alegando que era seu retorno à ficção após quatro anos, mas a falta de noção básica de narrativa não tem desculpa. Se ele não tivese avisado no final que tinha transformado o texto de Penna em comédia, juro que não teria percebido, já que não dei um esboço de risada - a não ser pelo humor involuntário de certas cenas. Conversei com o autor e ele disse que tinha imaginado tod a ação dentro de um só espaço, o quarto do moribundo. O diretor descartou a idéia e resolveu filmar nas externas, principalmente à sombra de uma árvore, que deve ter sido o pesadelo do diretor de fotografia Fran. O próprio Penna deveria ter sido o fotógrafo, mas prevendo a roubada, caiu fora. A Bárbara Gaschler, Otero pediu que orientasse o elenco, só que sem preparação prévia, apenas logo antes de rodar. O resultado é o que vê na tela. Um veneno nada doce.

Insisto nos 10 anos de carreira para frisar que certas coisas já deveriam ter sido corrigidas, entre elas o hábito de rodar tudo num só dia, não levando em consideração as mudanças da posição do sol, a falta de preparação do elenco entre outros problemas resultantes. É pena que Marcos Otero não dedique à filmagem em si o cuidado que toma na hora de promover seus filmes. Só "Doce Veneno" teve uma cabine para imprensa, terá uma avant premiere na segunda, uma estréia com debate no dia 17 e duas exibições no dia 19, às 19h30 e 21h, sempre no Casarâo Pau-Preto. Com direito a tablóide promocional suficiente para ser encontrado em qualquer lugar da cidade.

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