O verso de "Nos Bailes da Vida" - "Todo artista tem que ir aonde o povo está" - virou uma espécie de chavão, mas alguns artistas fazem da máxima uma razão de viver. É o caso de Antonio Nóbrega, um dos mais festejados artistas populares brasileiros, que trouxe para o arrogante Sul-maravilha a alegria das danças, dos cantos e das festas nordestinas. Mas não com aquele caráter purista que remete aos Discos Marcus Pereira, frutos de pesquisa séria e incansável mas chaaaatos de ouvir. Com Nóbrega, cada espetáculo é um congraçamento com o público.
Foi isso que assistimos ontem no Ciaei, a inédita oportunidade de assistir todo o talento de Antônio Nóbrega no palco do Ciaei, graças a inclusão de Indaiatuba no projeto Circuito Cultural. O show deveria ter acontecido no dia 9, mas em função de uma faringite do artista, acabou sendo adiado para esta terça-feira. Mesmo assim, com capítulo decisivo da novela das oito e tudo, um público de razoável a bom compareceu à Sala Acrísio de Camargo para o show, e certamente não se arrependeu disso.
Indaiatuba é uma platéia difícil. Chega a ser fria e é extremamente econômica em palausos. Mesmo assim, Nóbrega conseguiu botar os presentes na roda, literalmente. Cercado de músicos competentíssimos, ele exibiu toda sua proverbial agilidade de garoto aos 56 anos e seu talento de multiinstrumentista ao violino e ao bandolim. É herdeiro dos repentistas, dos clowns de feira e ao mesmo tempo um legítimo poeta do sertão. Pena que, mais uma vez eu tenha sido o registro solitário na imprensa local, onde sobram jornais e falta jornalismo, especialmente cultural. Aliás, nem mesmo o fotógrafo da Prefeitura passou por lá.
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