terça-feira, 10 de junho de 2008

Nunca tantos deveram tanto a tão poucos


Outro dia me cadastrei no site da 2001, a melhor locadora e São Paulo e um das maiores distribuidoras de video também, e comecei a receber anúncios de ofertas e promoções. Mandaram um catálogo de DVDs duplos ao preço promocional de um título por R$29,90 e dois por R$39,90. Sou cinéfilo mas não colecionador, mas um título me chamou a atenção: "A Batalha da Inglaterra" (1969), rebatizada pelos distribuidores de "Batalha Britânica". Se o primeiro nome não é preciso - porque alguns combates aconteceram na costa da Escócia - o segundo é pior, porque circunscreve um dos momentos cruciais da II Guerra Mundial e do século 20 aos britânicos. E não foi assim, pilotos de toda Europa ocupada subiram em Hurricanes e Spitfires para defender a Grã-Bretanha, que na ocasião representava, de fato, o mundo livre. Se os ingleses tivessem se rendido, a história teria sido outra e provavelmente também os americanos se mantivessem longe da Europa. As conseqüências dessa hipótese são incalculáveis.

Mas falando do filme propriamente dito, é resultado da ousadia do produtor Harvey Saltzman - na época sócio de Albert Broccoli na franquia "James Bond". Ele contratou o competente artesão Guy Hamilton, que dirigiu quatro filmes de 007 (entre eles, "Goldfinger"), e anunciou a intenção de filmar "the finest hour" do Império Britânico. Logo, a nata dos atores britânicos fizeram fila na porta do escritório de Saltzman, encabeçados por dois terços da Santíssima Trindade do teatro inglês: Laurence Olivier e Ralph Richardson (faltou John Guielgud).

O projeto obedeceu o conceito usado por "O Mais Longo dos Dias", de 1962: um retrato heróico de um momento épico da guerra, recheado de astros famosos - às vezes em pontas. Assim, foram escalados Robert Shaw, Christopher Plummer, Michael Caine, Trevor Howard, Kenneth Moore, Michael Redgrave e os jovens Edward Fox e Ian McShane, que ficaria famoso nos EUA mais de 30 anos com o seriado "Deadwood". Uma das maiores estrelas inglesas da época, Susanah York, fazia o único papel feminino de destaque. Do lado inimigo, todos os atores eram alemães, falando em sua língua nativa, com destaque para Curd Jurgens, que, no papel de diplomata do Reich, tem um formidável embate com um Ralph Richardson interpretando o embaixador inglês na Suiça, logo no começo do filme.

A dramaturgia não é lá essa coisas, mas o painel histórico é o mais preciso possível, dentro das circunstâncias. Nos extras, Hamilton conta que o único erro histórico sério foi a omissão da decifração do código alemão pelos ingleses, que permitiu saber com antecedência quantos aviões a Luftwave mandava a cada leva, possibilitanto a otimização dos parcos recursos aliados. Mas isso só porque essa informação ainda era restrita por lei (28 anos depois da batalha!).
No resto, está tudo lá: a importância do radar, o acidente que provocou o primeiro bombardeio a Londres, que provocou uma reposta britânica e consequente concentração das forças alemãs contra alvos urbanos (um dos erros cruciais de Hitler na guerra) e a importância dos aviadores não-britânicos para suprir a carência de pilotos.

Para maior autenticidade, foram reunidos Spitfires e Hurricanes de todo Commonwelth e dos Estados Unidos, caças Messerschimtt-109 e bombardeiros Heinkel-111 da Força Aérea Espanhola, além da contratação de veteranos da guerra dois dois lados como consultores. Curiosamente, o mais famoso deles era o alemão Adolf Galland, grande ás da Luftwafe na Batalha da Inglaterrra. É dele a reposta famosa a Herman Goering, quando este perguntou aos pilotos o que eles mais desejavam. "Um esquadrão de Spitfires", disse o então jovem oficial. A cena está no filme.

Para os padrões de hoje, os efeitos são primitivos, mas os aviões eram reais, as manobras arriscadas mesmo, com risco de cai sobre populações urbanas e provocar uma tragédia. É um contaste total com a reinvenção da história e até das leis da física vistas em - por exemplo - "Pearl Harbor". Muito mais do que cinema, é um tributo a um perído da História em que os heróis sabiam porque estavam lutando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei seu post!

Pessoal, essa eu tenho que recomendar, dois

sites interessantíssimos:

www.meus3desejos.com.br e

www.videoflix.com.br.

Abs.