Angelina Jolie tem alternado filmes caçaníqueis que exploram sua beleza e sex appeal, como “O Procurado”, com trabalhos de maior ambição artística, como “O Preço da Coragem”. Talvez ela busque o Oscar de Melhor Atriz (de Coadjuvante ela já tem) que a consagre de vez como a grande estrela de seu tempo – como foi Julia Roberts poucos anos atrás – e lhe permita descansar sobre os louros, cuidar dos muito filhos e de vez em quando dar as caras em alguma produção que lhe interesse. Como Julia Roberts.
“A Troca” é baseado em um caso real ocorrido nos tempos da Depressão (quão adequado aos dias atuais...). Angelina é Christine Collin, uma mãe cujo filho um dia desaparece misteriosamente e vira notícia nacional. Pressionada pela opinião pública, a polícia de Los Angeles logo encontra o garoto da mesma idade e o entrega à mãe desesperada, com a devida cobertura da mídia. Mas Christine logo vê que o menino não é o seu filho, mas as autoridades se recusam a reconhecer seu erro, preferindo dizer que ela é que ficou perturbada.
Após os grandes sucessos de crítica e prêmios “Sobre Meninos e Lobos”, “Menina de Ouro” e o díptico “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”, a expectativa sobre o próximo trabalho de Clint Eastwood era grande. E a opinião geral é de que “A Troca” ficou aquém dos filmes citados. Mas não é para menos: o projeto é de Ron Howard (“Código da Vinci”, “Uma Mente Brilhante”), que pretendia dirigi-lo, mas não encontrou tempo e entregou-o a Eastwood, ficando apenas como produtor executivo. Howard é um competente artesão, mas não vai fundo em seus temas. Não combina com o estilo de Eastwood, daí talvez a incompatibilidade entre idéia e realização. Também está no elenco John Malkovich, desta vez no papel de um reverendo bonzinho.
Os irmãos Ethan e Joel Cohen também vem de um trabalho vencedor, o oscarizado “Onde os fracos não tem vez”, que em Indaiatuba acho que só eu e o Penna gostamos. Ele alternam filmes sombrios – como na estréia “Gosto de Sangue”, “Barton Fink”, “Ajuste Final” e “Onde os fracos...” – com comédias de humor inconvencional e cheias de violência – “Arizona Nunca Mais”, “A Roda da Fortuna” e “Fargo”. Tem ainda os filmes decisivamente ruins que a gente se pergunta por que foi feito, como “O Grande Lebowsky” (sei que muita gente vai brigar comigo), “O Amor não tem preço” e “Matadores de Velhinhas”.
Muita gente está achando que “Queime depois de Ler” se enquadra na última categoria. Osbourne Cox (John Malkovich) é um agente da CIA expulso da agência que escreve suas memórias contendo detalhes reveladores. Mas o CD no qual o texto está escrito cai acidentalmente nas mãos de dois confusos e atrapalhados funcionários de uma academia de ginástica (Frances McDormand e Brad Pitt), que tentam faturar uma grana em cima das informações que conseguem. Paralelamente, a mulher de Cox, Katie (Tilda Swinton) quer se divorciar dele e assumir o romance de anos com o segurança do governo Harry (George Clooney).
É uma espécie de desconstrução dos filmes de espionagem, mas não como “O Alfaiate da Panamá” e sim no estilo Cohen. O elenco de estrelas fazendo tipos diametralmente opostos ao que costumam interpretar é uma atração à parte. Enquanto em “Conduta de Risco”, Clooney e Swinton tentavam destruir um ao outro, aqui eles vão para a cama.
“Noivas em Guerra” tem lançamento no Brasil esta semana e é um produto com público certo: garotas. Pois quem é que mais se interessa por cerimônias de casamento e briga entre amigas de infância? É o que as personagens das belas Kate Hudson e Anne Hathaway são, até que uma confusão marca o casamento das duas no mesmo dia, horário e local, o Hotel Plaza de Nova York. A partir daí, a coisa pega, com todo o tipo de golpe sujo. As fofocas dizem que as agressões abaixo da linha da cintura entre as estrelas aconteceram também fora do set, com Kate insinuando que o então namorado de Anne era um perdedor (“loser” é o pior insulto para um americano). O ex-namorado da atriz de “O Diário da Princesa”, o italiano Rafaello Follieri, foi processado por vários golpes, incluindo um desfalque de US$ 10 milhões e se passar por representante do Vaticano. Mas Anne não devia ficar tão brava com a loura. Afinal, enquanto ela colhia louros por “O Diabo Veste Prada”, “O Segredo de Brockeback Mountain” e foi indicada ao Oscar deste ano por “O Casamento de Rachel”, o que é que a filha de Goldie Hawn fez desde a luminosa revelação em “Quase Famosos”? Uma série de filmes rotineiros. Nem herdeira de Meg Ryan, como parecia certo depois de “Como Perder um Homem em 10 dias”, conseguiu ser.
Como homem aqui é assessório, os outros destaques do elenco são a veterana Candice Bergen como a casamenteira que é narradora da história e a grandona Kristen Johanston, do seriado "3o Rock From The Sun", que interpreta uma colega de Anne.
A direção é de Gary Winick, de “A Menina e o Porquinho” e “De Repente 30”, outro filme pra mocinhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário