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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Em cartaz
O nacional “Veronica” é a única estréia no Multiplex Topázio nesta semana de ressaca carnavalesca. Andréia Beltrão interpreta uma professora da rede pública prestes a abandonar a profissão que, de repente, se vê responsável por um aluno cujos pais foram assassinados por traficantes. O motivo é um pen drive com imagens de policiais vendendo armas para bandidos e, por causa disso, o menino passa a ser procurado pelos dois lados da transação.
O diretor Maurício Farias, em entrevista enviada como divulgação do filme, diz que “queria fazer um filme sobre um herói popular, anônimo”. Para ele, “uma professora que trabalha numa escola de periferia é uma heroína por vocação”. “Elas enfrentam situações graves dando aula nestes locais, e são obrigadas a resolver questões para as quais muitas vezes não estão preparadas, convivem diariamente com esta incapacidade do Estado de agir, de proteger e de apoiar quem mora nas comunidades carentes do Rio de Janeiro. Quem vive no Rio, basta olhar em volta e ver o que os anos de descaso provocaram na cidade. Verônica, com seu trabalho de professora, leva alguma esperança de uma vida melhor para estas pessoas.”
“Na nossa pesquisa”, prossegue o cineasta, “ficamos sabendo de alguns casos de crianças que os pais morreram enquanto elas estavam nas escolas. Os professores nos contaram que, dependendo do local, o Conselho Tutelar não vai na escola por falta de segurança e que pede ao professor que leve o aluno até lá. Isto é ilegal. Só quem pode tirar uma criança de escola é a família ou o próprio Conselho. Isto acabou se tornando uma das bases da história do filme. (...) Depois que escrevemos o roteiro, revi ‘O Garoto’, de Chaplin, revi ‘Central do Brasil’, de Walter Salles, ‘O Profissional’, de Jean Luc Besson, ‘Glória’, do John Cassavetes, entre outros filmes que se parecem com Verônica. ‘Glória’ e ‘O Profissional’ são os dois filmes mais parecidos.” “O filme foi rodado com ouço mais de 500 mil reais de patrocínio do Sistema Anglo de Ensino; um pouco de dinheiro nosso (meu e da Silvia) e a participação de muitos amigos. Filmamos como franco-atiradores, sem pretensão. Terminadas as filmagens, editei durante um ano, alternando edição com os meus compromissos na televisão. E ainda com o filme inacabado, mostramos para a Europa que decidiu distribuir. Fomos para o Cine en Construcción, em Toulouse e depois de exibir o filme no Festival decidi mudar o final e acrescentar algumas cenas. Só então mostrei para a Globo Filmes, que entrou como co-produtora. Hoje o filme já passou em vários festivais, incluindo o de Roma, a Mostra de São Paulo - onde ganhou o prêmio da Mostra Jovem - o Festival do Rio e outros. Ele ainda está convidado oficialmente para o Festival de Cartagena; o Miami International Film Festival e o Friburg Film Festival. Em todos teve uma ótima recepção e fez grande sucesso de público. Enfim, após um início despretensioso, nossos parceiros foram se envolvendo e hoje o filme está com um lançamento previsto para ser feito com 120 cópias.”
No elenco estão ainda Marco Ricca, Ailton Graça e o garoto Matheus de Sá.
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