segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Romário x Ronaldo: quem foi melhor?


O Esporte Espetacular lançou a questão no domingo, e ela foi repercutida na SporTV e também por Daniel Piza num post de hoje no seu blog no Estadão (http://blog.estadao.com.br/blog/piza/).
O texto de Piza remete a outro de Tostão, que já postei aqui por ocasião do anuncio da aposentadoria de Romário, no ano passado. Acho relevantes e até corretas algumas considerações do jornalista, mas o ex-camisa 9 da seleção brasileira também tem seus motivos muto bem fundamentados.
Pra começar, mesmo com a concordância de Zico, não sei se dá para considerar Ronaldo o maior ídolo do futebol brasileiro desde Pelé. Quem disser uma coisa dessa perto de um grupo de velhos cronistas esportivos cariocas, certamente será achincalhado. O motivo nem é tanto uma questão de talento - ambos foram o que se convecionou chamar de atletas de laboratório, mas Zico era mais habilidoso - ou de realizações - quatro copas, duas vencidas, ainda que uma sem jogar, e um vice para Ronaldo. Zico jogou quase toda sua carreira no Flamengo, a maior torcida do Brasil, enquanto Ronaldo surgiu como um cometa no Cruzeiro e foi brilhar lá fora. O Galinho era visto todos os domingos dando show ao vivo no Maracanã, enquanto o brasileiro só podia ver os gols do Fenômeno pela TV.
Essa diferença também deve ter pesado na votação dos internautas no Esporte Espetacular. Romário brilhou no Exterior mas jogou muito tempo no Brasil. Foi artilheiro do Campeonato Nacional com quase 40 anos, muito em função da fragilidade de nossas defesas, mas o mérito do Baixinho é inegável. Fez do Cortinthians - segunda maior torcida do País - uma de suas vítimas favoritas, ainda que palmeirenses jamais esqueçam a final da Copa Mercosul em 2000, quando ele reverteu um placar adverso para o Vasco de 3 a 0 em pleno Parque Antartica.
Acho que quem entende mesmo de futebol acaba fazendo como Júnior e Parreira, que ficaram em cima do muro. Romário e Ronaldo foram geniais em seus estilos e cada um viveu seu grande momento em copas do mundo. Em 94, entretanto, o primeiro foi mais decisivo, inclusive no último jogo das Eliminatórias contra o Uruguai, convocado às pressas e a contragosto por Parreira e Zagallo. Chegou como salvador da pátria e não se intimidou com a responsabilidade: marcou dois gols no Maracanã lotado, sendo o segundo uma obra-prima. Nos EUA, a seleção brasileira era inferior à que jogou na Coréia e Japão, e Romário teve que carregar o peso de decidir nas costas, ao contrário de Ronaldo, que dividiu a responsabilidade com Rivaldo, Ronaldinho e outros. Em 94, tivemos uma semifinal duríssima contra a Suécia decidida por um gol de cabeça do Baixinho e, na final, se ele não marcou no tempo regulamentar como lembraram alguns, assumiu a responsabilidade de bater um dos penaltis - coisa que não costumava fazer até então - e converteu, o que o craque do outro lado, Roberto Baggio, não conseguiu.
O que Ronaldo fez em 2002 foi um roteiro para cinema. Mas, sem dúvida alguma, o misterioso ataque antes da final de 98 e sua apresentação em 2006 visivelmente acima do peso macularam sua imagem e fizeram com que muitos prefiram Romário, impecável na única copa que disputou de cabo a rabo.

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